Este blog tem como objetivo trazer reflexões bíblicas, filosóficas e educacionais que estimule a fé o pensamento critico e o respeito pela vida.

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A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode. Isso fica sendo a minha última e mais elevada descoberta. Issac Newton. No princípio criou Deus os céus e a terra. Gn. 1.1
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TEOLOGIA DA IMAGO DEI


 

A teologia da Imago Dei refere-se à doutrina cristã de que os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus, conforme descrito em Gênesis 1:26-27. Este conceito é fundamental para a compreensão da dignidade humana, pois implica que cada pessoa possui um valor intrínseco e inalienável por refletir a imagem do Criador. A Imago Dei é frequentemente interpretada em termos de atributos espirituais, racionais, morais e relacionais que distinguem os humanos dos demais seres criados.

A Imago Dei tem várias implicações éticas e sociais. Ela sustenta a ideia de que todos os seres humanos têm direitos e dignidade que devem ser respeitados e protegidos. Este conceito é central para muitas abordagens cristãs sobre direitos humanos, justiça social, e questões de igualdade e dignidade. A Imago Dei também aponta para relação entre Deus e a humanidade, destacando a capacidade dos seres humanos de se relacionarem com Deus de uma maneira única e pessoal.

Outro teólogo notável que abordou o conceito de Imago Dei é Jürgen Moltmann. Em sua obra "O Deus Crucificado”, Moltmann explora as implicações teológicas e antropológicas da crucificação de Cristo, relacionando-as à dignidade humana e à imagem de Deus. Moltmann argumenta que, na cruz, Deus se identifica profundamente com o sofrimento humano, revelando a profundidade do amor divino e a importância de cada ser humano criado à imagem de Deus, Moltmann aponta para uma reflexão profunda sobre como a Imago Dei pode ser entendida à luz do sofrimento e da redenção. Sua perspectiva ajuda a contextualizar o valor humano e a dignidade em um mundo marcado pelo sofrimento, destacando a esperança e a transformação possíveis através da identificação de Deus com a humanidade.

Grudem também aborda este tema, em sua obra "Teologia Sistemática", destaca que a imagem de Deus é refletida igualmente em ambos os gêneros, afirmando a dignidade e o valor intrínseco de cada um, ele ainda destaca, que a imagem de Deus nos seres humanos envolve aspectos como a racionalidade, moralidade, espiritualidade e capacidade de relacionamento. Ele enfatiza que, apesar da queda e do pecado, a Imago Dei não foi completamente destruída, mas sim distorcida. Para Grudem, a redenção em Cristo restaura essa imagem, permitindo que os crentes se tornem mais semelhantes a Deus em caráter e ações. A visão de Grudem destaca a importância da santificação e da transformação pessoal como processos pelos quais a imagem de Deus é progressivamente restaurada em cada indivíduo, sublinhando a esperança e o propósito na vida cristã.

Tanto Jürgen Moltmann quanto Wayne Grudem oferecem perspectivas enriquecedoras sobre a Imago Dei, cada uma sublinhando a dignidade humana e a esperança de restauração. Enquanto Moltmann destaca a identificação de Deus com o sofrimento humano e a dignidade inerente a cada pessoa, Grudem foca na restauração da imagem divina através da redenção em Cristo. Essas visões convergem na criação de homem e mulher como macho e fêmea, conforme Gênesis 1:27, indicando que ambos refletem igualmente a imagem de Deus. A complementaridade dos gêneros aponta para a plenitude da Imago Dei, onde a diversidade e a unidade se manifestam na capacidade de relacionamento, amor e cooperação, refletindo a natureza relacional e comunitária do próprio Deus. 

Gênesis 2 detalha a criação do homem e da mulher, mostrando a mulher como uma auxiliadora idônea. Essa complementaridade não implica inferioridade, mas sim uma parceria harmoniosa. "Então o Senhor Deus declarou: não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda" (Gn. 2:18) NVI. Piper e Grudem, em “A bíblia e o papel de homens e mulheres", discutem como a complementaridade reflete a ordem divina e o propósito de Deus na criação.

John Piper e Wayne Grudem abordam a complementaridade em seu livro "A Bíblia e o Papel de Homens e Mulheres". Infelizmente, não tenho acesso direto a trechos específicos deste livro. No entanto, posso fornecer uma interpretação geral de como eles discutem a complementaridade em relação à ordem divina e ao propósito de Deus na criação.

Piper e Grudem argumentam que a complementaridade entre homens e mulheres reflete a ordem divina porque Deus criou ambos com características e papéis distintos, mas complementares. Eles enfatizam que essa distinção não implica em desigualdade, mas sim em uma harmonia que reflete a natureza de Deus. Deus, ao criar o homem e a mulher, instituiu uma ordem onde ambos se completam, cada um contribuindo de maneira única para a família e a sociedade. Esta complementaridade é vista como uma manifestação da sabedoria e do propósito divino, onde a diferença entre os sexos é celebrada e entendida como essencial para o cumprimento do plano de Deus.

Além disso, Piper e Grudem sustentam que a complementaridade é crucial para Deus na criação, pois ela espelha a relação entre Cristo e a Igreja. Assim como Cristo e a Igreja têm papéis distintos, mas trabalham juntos em unidade, homens e mulheres são chamados a exercer seus dons e responsabilidades de maneira que promovam o bem comum e a glória de Deus. A complementaridade, portanto, não é apenas uma questão de função, mas uma expressão profunda do design divino que visa refletir a natureza relacional e cooperativa do próprio Deus.

Sendo assim, na visão de Piper e Grudem sobre a complementaridade entre homens e mulheres é que ela não apenas reflete a ordem divina, mas também serve ao propósito de Deus na criação. Eles acreditam que essa complementaridade, onde homens e mulheres têm papéis distintos, mas igualmente importantes, é uma manifestação da sabedoria divina e essencial para a harmonia e o funcionamento da família e da sociedade. Além disso, essa complementaridade espelha a relação entre Cristo e a Igreja, mostrando como diferentes papéis podem trabalhar juntos em unidade para promover o bem comum e glorificar a Deus. Assim, a distinção entre os sexos é vista não como um sinal de desigualdade, mas como uma parte integral do design divino que busca refletir a natureza relacional e cooperativa de Deus.



Definição de Ser (Metafísica)


 Texto em análise: A ideia de ser, tem-se dito, é a mais alta abstração a que o homem pode chegar depois que os seres singulares foram privados de tudo aquilo que os distingue e faz deles seres determinados. 

    O texto apresentado traz uma reflexão ontológica que explora a ideia do “ser” como a mais elevada abstração alcançada pelo pensamento humano. Ele sugere que, ao despojar os seres singulares de suas características particulares — isto é, aquilo que os distingue e os torna determinados —, restaria apenas a noção universal de "ser". Essa abordagem se alinha à tradição filosófica que busca compreender a essência do "ser" enquanto fundamento último da realidade.

    Sob a perspectiva teológica e filosófica, essa reflexão pode ser enriquecida ao considerar que a ideia de “ser” remete não apenas a uma abstração conceitual, mas também àquilo que transcende a experiência sensível. Na ontologia clássica, como em Aristóteles, o "ser" é ligado às categorias e substâncias; já em Heidegger, ele aponta para o sentido do "ser" como existência em relação ao tempo e ao mundo. Em um contexto teológico, especialmente em uma visão cristã, o “ser” pode ser associado à ideia de Deus como Aquele que é, conforme a autodeclaração divina em Êxodo 3:14: "Eu sou o que sou".

    Dessa forma, a abstração do "ser" como ponto mais elevado da reflexão humana é não apenas um processo filosófico, mas também um convite para meditar sobre a relação entre o ser humano e o Ser transcendente. Isso sugere que, mesmo ao esvaziar as particularidades dos entes, permanece um eco da existência fundamental que aponta para um fundamento último e absoluto.

Texto em análise: Admitindo que os seres singulares são espécies de seres, alguns autores afirmam que o ser em geral é um gênero supremo. Outros, porém, contestando tal parecer, sustentam que o ser não é um gênero, mas uma noção que, transcendendo ou superando todas as categorias do ser, aplica-se a tudo o que existe ou existe de qualquer modo.

    O texto revisita uma discussão clássica na metafísica sobre a natureza do "ser" e sua relação com as categorias ontológicas. A primeira posição mencionada no texto considera o "ser", em geral, como um gênero supremo, ou seja, uma categoria universal à qual todas as espécies e entes pertencem. Essa visão implica que o "ser" estaria no ápice de uma hierarquia lógica e conceitual, servindo como base para classificar tudo o que existe.

    Por outro lado, a posição contestatória argumenta que o "ser" não pode ser reduzido a um gênero, uma vez que ele transcende todas as categorias possíveis. Nessa perspectiva, o "ser" não é algo que possa ser classificado em termos lógicos ou conceituais como os outros gêneros e espécies, mas sim uma noção mais fundamental e abrangente, que permeia tudo o que existe sem ser limitado por qualquer definição específica. Essa concepção é frequentemente associada à filosofia de Aristóteles e, posteriormente, à escolástica medieval, que reconhece o "ser" como transcendental, isto é, aplicável a tudo o que existe, mas não como uma categoria comparável às demais.

    A diferença entre essas duas perspectivas reflete uma tensão entre a tentativa de sistematizar o "ser" num esquema lógico e a compreensão de que ele é, na verdade, a base de toda a realidade, superando qualquer classificação. Essa última visão, mais ampla, encontra ressonância em filósofos como Tomás de Aquino, que reconhecem o "ser" como um princípio fundamental, aplicável a todos os entes, mas de maneira diferenciada, conforme sua essência ou modo de existir.

    Essa análise revela como o debate em torno do "ser" está no cerne da metafísica e influência tanto a filosofia quanto a teologia, apontando para a necessidade de reconhecer os limites da linguagem e da categorização diante da profundidade dessa noção.

Qual a tradição messiânica adotada por Jesus?


 

UMESP-Universidade Metodista de São Paulo. Curso Teologia.

Marcos Moraes de Paula

                                                            

Exegese e Teologia do Antigo Testamento

 

 

Qual a tradição messiânica adotada por Jesus?

 

Para compreendermos a tradição messiânica adotada por Jesus é importante observar que toda tradição sobre o messianismo teve seu desenvolvimento ao longo da história da própria nação de Israel. Acredito que o contexto histórico no qual surgiu a tradição tinha um aspecto político no que se refere à situação da nação, principalmente após o exílio babilônico. É interessante notar que havia duas linhas de pensamento entre o povo, havia aqueles que esperavam por um messias guerreiro que alargaria o território israelense e dominaria por meio da força e os povos lhe seriam submissos, esta linha havia sido desenvolvida em Jerusalém. O salmo de numero dois expressa bem este pensamento. Esta tradição chegou até os dias de Jesus, uma prova disso foi a pergunta feita ao Senhor Jesus, que os próprios discípulos fizeram quando estavam no monte das oliveiras, Atos 1.6 “... Senhor restaurarás tu neste tempo o reino a Israel” ARC.

Analisando bem esta pergunta nos dá a entender que até aquele momento os discípulos não haviam compreendido completamente a missão do Senhor Jesus, o qual só foi possível após o batismo com o Espírito Santo. Tudo indica que até aquele momento a ideia que tinham sobre o messias era de um libertador político. Segundo o prof. Tércio Machado Siqueira ele nos informa que esta tradição do messias guerreiro tinha suas raízes em Jerusalém como já mencionamos acima, onde as influências políticas e econômicas e religiosas eram mais intensas, além disso, os reis descendentes de Davi contribuíram para a mudança do conceito de messias, pois até então as expectativas era de um messias tribal que viesse para comandar e defender o povo, igualmente como nos tempos dos juízes. Por outro lado, havia a tradição fora de Jerusalém quanto a um messias- pastor- pacifico-justo-bondoso- sofredor leal a Javé.

O profeta Isaias criticou o messianismo desenvolvido em Jerusalém. Isaias em sua profecia a este respeito deu um perfil bem diferente daquele descrito no salmo de numero dois, ele descreveu o messias como: o Emanuel, (conosco esta Deus), Conselheiro Maravilhoso, Deus forte, Pai eterno e Príncipe da paz, também destacou a plenitude do Espírito Santo na vida do messias, não aquela unção com óleo que os reis recebiam que apenas fazia parte de um ritual sem transformação e atitudes condizentes de um rei que confia em Deus, porque a maioria dos reis que governaram o povo não demonstraram perfeita confiança em Javé. Outro profeta que seguiu a mesma linha de Isaias foi o profeta Miquéias, definindo o messias como aquele que governa com sabedoria, com o propósito de apascentar e trazer paz. Jeremias já o caracterizou como o germe justo (JEOVAH – TSIDEKENU, Javé nossa Justiça), o rei messias que exercerá a função real defendendo o pobre. Com todos estes argumentos fica claro a posição e o pensamento existente entre o povo de Israel, destas duas linhas de pensamentos sobre o messianismo nos tempos bíblico.

Entendemos que o Senhor Jesus adotou a tradição do messias rei, menino, pobre, pastor, promotor da justiça e da paz pelos seguintes fatos:

O Evangelho segundo São Mateus é um relato importante dentro do conceito do messias - rei - pastor, pois Mateus como diz alguns estudiosos escreveu seu livro direcionado aos judeus, alguns definem o tema central deste livro como, O Rei Messias, pelo fato de Mateus usar varias vezes a expressão: “para que se cumprisse...”, é claro a evidência que era preciso provar nas Escrituras que Jesus era o esperado messias, porque só assim seria aceito pelos judeus.

O nascimento humilde de Jesus o alto padrão de caráter pregado em seus sermões o nascimento virginal, a fuga para o Egito, sua entrada triunfal em Jerusalém são evidências claras do cumprimento das profecias do messias humilde pobre, sem formosura, confirmando ainda mais a tradição existente fora de Jerusalém. Além do mais os outros evangelhos como o evangelho segundo São João, onde o próprio Jesus se autodenomina o bom pastor reforça a tradição aceita por Ele, em Lucas no caminho de Emaús onde começando por Moisés discorrendo por todos os profetas expunha-lhes as Escrituras, em Mat.16.21- 23 Jesus prediz seu sofrimento e o quanto iria padecer nas mãos dos pecadores, confirmando o pensamento da tradição messias pastor, o acontecimento com a mulher pega no ato de adultério como o Senhor tratou com justiça e misericórdia, sem contar que no sermão do monte Ele dizia: “... amai a vossos inimigos..”, outro item importante era sua obediência ao Pai em tudo o que fazia, sua própria vida de oração revelando sua confiança e dependência do Pai, quando tentaram induzi-lo contra o império romano dizendo: é licito pagar tributo a Cesar, Ele não incitou rebelião ou guerra aos romanos mas com sabedoria disse: “ daí a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus,”  todos este indícios nos apontam claramente que Jesus  assumira e cumprira com todas as profecias, demonstrando uma perfeita concordância com a existente tradição do messias pastor-sofredor.

 O problema foi que a concepção que os judeus tinham do Messias naquele momento e também estando em Jerusalém, onde a tradição messias guerreiro era mais intensa eles imaginaram que, Jesus estabeleceria um grande reino temporal. Jesus não correspondeu a esses ideais porque proclamou a vinda de um reino espiritual. Quando analisamos toda a trajetória do Senhor Jesus sua vida seus discursos, nos dá a entender que Ele realmente viveu nesta sua primeira manifestação como o messias-pobre-sofredor, que veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. Em nenhum momento vemos um Jesus incitar guerra rebelião confusão em consonância com a tradição messias- rei –guerreiro que comanda a base da força ou guerra, parece até um paradoxo ele foi trocado por um homem rebelde chamado Barrabás, enfim por todos estes fatos, cremos que o Senhor Jesus adotou a tradição messias-rei-pastor.