Este blog tem como objetivo trazer reflexões bíblicas, filosóficas e educacionais que estimule a fé o pensamento critico e o respeito pela vida.

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A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode. Isso fica sendo a minha última e mais elevada descoberta. Issac Newton. No princípio criou Deus os céus e a terra. Gn. 1.1
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Vattimo e o retorno da religião




Vattimo e o retorno da religião


Reflexão
           
Com o declínio do pensamento ocidental, que durante o período da modernidade foi fundamentado no racionalismo, ou seja, de que a verdade pode ser alcançada através da análise racional (iluminismo), muitos empreenderam conceitos filosóficos apontando para a decadência da religião, da ideia da existência de Deus, bem como dos fundamentos tradicionais no pensamento cristão ocidental. Portanto, neste período todo pensamento voltado para religião, Deus e dogmas foi duramente combatido pelo racionalismo cético de cientistas e filósofos e trouxe uma serie de consequências na maneira de pensar, bem como, na maneira de ver o mundo e de direcionar a existência humana e a sua religiosidade.
            Enquanto que para muitos o pensamento ocidental cristão estava praticamente a beira de um colapso, Vattimo aponta, para o retorno da religião que ocorreu com o fim do discurso metafísico, indicando que os mesmos se dissolveram proporcionando a filosofia redescobrir a plausibilidade da religião e, por conseguinte, olhar para a necessidade religiosa da consciência ocidental fora dos esquemas da crítica racionalista difundida no iluminismo.  Vattimo faz uma releitura positiva da dinâmica do pensamento cristão ocidental, que consiste na defesa de que a história da modernidade, e sua secularização, guarda os traços da história da salvação fundamentada pela perspectiva judaico-cristã. Desta forma, Vattimo indica novamente uma reabertura do diálogo entre religião e filosofia.

Marcos Moraes de Paula

Métodos de Alfabetização




                                                                  Reflexão   

                                 Métodos de Alfabetização                   

PROFESSORA GABRIELA

O que é Método?
Segundo Tuller, 2002, p. 86, na Grécia antiga methodos significava "caminho para chegar a um fim". Com o passar do tempo essa significação generalizou-se e o termo passou a ser empregado também para expressar outras coisas, como "maneira de agir",  "tratado elementar", processo de ensino". Atualmente, muitos teóricos concordam que método é um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar um fim desejado.
É interessante que, nas discussões contemporâneas sobre educação e alfabetização a questão quanto ao tema método é muito discutida. Contudo, segundo Magda Soares em seu célebre livro: "Alfabetização", A questão dos métodos, aponta  que o trabalho de alfabetização não envolve somente e exclusivamente métodos, e sim vários fatores como: fatores sociais, culturais, econômicos e políticos, bem como outros campos da ciência. Neste mesmo livro, 2018, p. 330, ela define o conceito de método de alfabetização da seguinte forma: "um conjunto de procedimentos que, fundamentados em teorias e princípios, orientam a aprendizagem inicial da leitura e da escrita, no que se refere à faceta linguística dessa aprendizagem. Contudo, essas teorias e princípios são situados nos campos da psicologia cognitiva e ciências linguísticas. E como resultado de sua pesquisa, Magda conclui que seria melhor dar um sentido oposto, ao invés de métodos de alfabetização para Alfabetizar com métodos. Ela acrescenta, orientar a criança por meio de procedimentos que, fundamentados em teorias e princípios, estimulem e orientem as operações cognitivas e linguísticas que progressivamente a conduzam a uma aprendizagem bem-sucedida da leitura e da escrita em uma ortografia alfabética.
A importância de refletirmos sobre alfabetizar com métodos atualmente, é de extrema necessidade, uma vez que, segundo o jornal a Gazeta do Povo, hoje no Brasil temos uma taxa de 11,3 milhões de pessoas com mais de 15 anos analfabetas. Para agravar mais ainda a situação o mesmo jornal aponta para 30% dos brasileiros de 15 a 64 anos como analfabetos funcionais, ou seja pessoas que sabem ler e escrever, mas são incapazes de entender ou interpretar um texto que acabou de ler. Que você que é professor (a), possa estar atento a importância do seu trabalho, sabemos a grande dificuldade que esses profissionais enfrentam, porém lhe peço não desistam.







            




Isagoge Bíblica



                                  Isagoge Bíblica (Introdução Bíblica)



1) Introdução geral

Admite – se geralmente ter sido Adriano monge grego que viveu provavelmente no século V, o primeiro estudioso a usar o vocábulo Isagoge ou Introdução para designar os estudos que auxiliam o mais correto conhecimento da Bíblia. Com este objetivo escreveu um pequeno tratado destinado a ajudar o estudante a familiarizar-se com fraseologia bíblica, isto por volta de 1602. 

2) Designação e Objetivo

Isagoge é a designação técnica para descrever os estudos que fornecem informações gerais e preliminares sobre os assuntos cujo conhecimento seja necessário a uma melhor compreensão das escrituras. Isagoge é derivado do grego “Eis + agoge” que significa conduzir para dentro, introdução, introduzir. Para fins didáticos designa-se como Introdução Bíblica.
O objetivo da Isagoge Bíblica é preparar o estudante para compreender melhor as Escrituras. A Isagoge dá condições ao estudante da Bíblia de uma melhor compreensão da Exegese, Hermenêutica e a Teologia Bíblica, tornando-se então não o edifício, mas o conjunto dos cálculos e estimativas necessárias à construção.
A Isagoge Bíblica divide-se em dois ramos principais: Isagoge Especial e Isagoge Geral ou Ampla. A especial estuda as questões que dizem respeito aos livros que compõem as Sagradas Escrituras, tais como: sua origem divina transmissão do texto e interpretação. Divide-se em cinco partes:

A) O tratado da inspiração:

Discute os critérios pelos quais se distinguem os livros inspirados dos que não o são.

B) O tratado do Cânon:

Discute as questões relacionadas com a formação dos escritos sacros, quais são concretamente esses livros inspirados e como distinguí-los dos não inspirados (MSS).

C) Crítica Textual:

Também chamada de Baixa Crítica, estuda o texto dos manuscritos com o fim de      descobrir e corrigir possíveis erros que neles podem ocorrer e restaurá-los até onde possível, às condições originais, procurando determinar os textos originais mais exatos.

D) Crítica Histórica:

Também chamada de Alta Crítica. Interessa-se por problemas relacionados à idade, autoria, fontes, valor histórico, composição, publicação de cada livro, circunstâncias de tempo e lugar em que foi escritos, conteúdo da obra, os textos mais significativos e os dados característicos de sua mensagem divina, verificando os relacionamentos históricos e a validade das asserções feita pelos documentos.

E) O tratado da Hermenêutica:

Utiliza-se dos resultados dos assuntos tratados nas disciplinas anteriores, a fim de mostrar o melhor caminho a ser percorrido pelo exegeta na sua extração da verdade.

A Isagoge Geral ou Ampla.

Além de incluir as matérias da Especial, inclui, Arqueologia, História Natural e Geografia da Palestina.

Classificação Básica da Teologia

Teologia Exegética:

Enfatiza o emprego dos métodos hermenêuticos a fim de poder examinar corretamente a mensagem dos textos sacros. Preocupa-se com o sentido primário e literal do texto sagrado. Inclui os seguintes estudos:

Filologia Sacra:

Estuda as línguas originais em que os textos sacros foram escritos, o Hebraico, Aramaico, Grego. Toda a Escritura foi escrita nesses três idiomas ou Línguas.

Teologia Histórica:

Trata do desenvolvimento histórico da doutrina e se preocupa com as variações sectárias e afastamento heréticos da verdade bíblica que apareceram durante a era cristã. Abrange:
a)   História da Igreja
b)   História das missões
c)    História dos credos e confissões
d)   História das Doutrinas

Teologia Bíblica:

O objetivo da Teologia Bíblica é traçar o progresso da verdade nos diversos livros da Bíblia e descrever a forma de cada escritor apresentar as doutrinas fundamentais. A Teologia Bíblica preocupa-se com a doutrina em um livro quer no AT quer no NT em particular. As divisões principais da Teologia Bíblica são:

1) Teologia do Antigo Testamento:

A Teologia do AT é a ciência que trata da natureza de Deus e da sua relação com universo. Propõe-se a expor do modo mais ordenado possível, as grandes declarações da verdade divina e o propósito das atividades de Deus na história e na vida do povo de Israel.

2) Teologia do NT:

É o ramo da Teologia Bíblica que segue determinados temas através de todos os autores do NT, e que depois funde esses quadros individuais num só conjunto abrangente. Estuda, portanto, a revelação progressiva de Deus em termos da situação vivencial na ocasião da escrita. Essa disciplina enfoca o significado mais do que a aplicação, isto é a mensagem do texto para seus próprios dias mais do que para as necessidades modernas, além de discutir a problemática geral do NT.       
              

Teologia Sistemática:



A Teologia Sistemática é uma ciência Teológica que se encarrega do material das disciplinas anteriores com o fim de arranjá-las de forma lógica e metódica, para facilitar a compreensão e promover aplicação prática do mesmo. As disciplinas comuns a Teologia Sistemática são:
Bíbliologia (Escrituras)
Teontologia (Deus, seu ser, suas obras, seus decretos)
Angelologia (Anjos, Satanalogia e demonologia)
Antropologia Teológica (Homem)
Hamartiologia (Pecado)
Cristologia (Cristo)
Soteriologia (Salvação)
Expiação
Pneumatologia (Espírito Santo)
Eclesiologia (Igreja)
Escatologia (Últimas Coisas)

Divisões da Teologia Sistemática:

1) Teologia Dogmática ou Confessional

Estuda os ensinos contidos nos credos e confissões expressos nos Símbolos da Igreja. É a sistematização e defesa das doutrinas como nos apresentam os credos e confissões eclesiásticas.

2) Teologia Apologética:

É tanto bíblica quanto filosófica. É um discurso sistemático e argumentativo na defesa da origem divina e da autoridade da fé cristã.   

 Teologia Prática

A Teologia prática relaciona-se com a aplicação prática dos resultados da investigação teológica, particularmente no que concerne a obra do ministério cristão, procurando aplicar à vida prática aquilo que outros departamentos da Teologia contribuíram, abrange:

a)   Homilética
b)   Organização Eclesiástica
c)    Liturgia
d)   Educação Cristã
e)   Outros.

Outros aspectos do Estudo Teológico:

Filosofia da Religião:

A filosofia da Religião estuda, com métodos próprios da filosofia os aspectos mais gerais do fenômeno religioso. O filósofo deve instruir, raciocinar, descrever, fundamentar, guiando-se pelo que ele próprio deve comprovar, e não pelo testemunho de uma autoridade quer se trate de uma igreja, quer se trate de uma revelação divina. Esta atitude é essencial na filosofia da religião para que ela não se transforme em teologia apologética.

Psicologia da Religião:

A psicologia da religião é o estudo cientifico da consciência religiosa. Procura explicar, com critérios científicos e sem recorrer ao conteúdo da revelação, os processos que levam o homem a sentir, por exemplo, uma experiência de culpa ou de salvação. Ou ter sentimentos de comunhão com Deus que é transcendente.

Sociologia da Religião:

A religião é um fenômeno humano no sentido de que tem a ver com a resposta que o homem dá a revelação de Deus. Mas o próprio homem que é sujeito da religião é um ser social, vive sua experiência religiosa num meio comunitário, associa-se aos outros para o culto e para a divulgação da fé e cria diversas instituições para levar avante seus propósitos. A sociologia da religião estuda esses e outros aspectos.          


Fenomenologia da Religião:

É a ciência que estuda as diversas formas de aparição de uma religião, ou seja o fenômeno religioso.


Bibliografia

BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada. Rio de Janeiro. Ed. CPAD. 1995.
Marcos Moraes de Paula

Tema: A boa semente



Texto: Mat. 13. 1 – 23. Tema: A boa semente.

Introdução

1. A pregação do Evangelho é comparada a uma semeadura os resultados sempre variam de acordo com o terreno, onde a semente é semeada.
2. Observamos que não depende do semeador ou da semente para obtermos uma boa colheita. O grande foco é em que terreno esta semente é lançada.
3. Jesus estava às margens do Mar da Galiléia, de onde se podia ver um campo de trigo ondulado que descia até a praia.
4. Havia um caminho trilhado que o atravessava, sem muro nem qualquer outro fator que impedisse a semente de cair aqui ou acolá nas suas bordas.
5. Nessas bordas, o chão estava endurecido pela contínua passagem dos cavalos, mulas e homens.
6. No meio do campo estava à boa terra, a planície de Genesaré, com uma plantação viçosa e bela, produzindo grande quantidade de trigo.
7. Ali também se encontrava um solo rochoso, coberto com uma fina camada de terra, oriundo das montanhas e colinas que cercam o lago de Genesaré.
8. Este solo alcança várias partes do campo. Podia-se ver também, junto ao campo, cardos, urtigas e outras plantas espinhosas. Jesus então aproveita este cenário para levar um grande ensinamento aos seus discípulos. Como podemos compreender está parábola? Será que ela tem algum significado para nós hoje?

I. O primeiro ouvinte (Beira do caminho) v.4
A beira do caminho é um tipo de solo de difícil penetração pelo fato de receber constantemente impacto do trafego. Este tipo de terreno (coração) não germina, pois, caiu num coração fantasioso, leviano, disperso. Mat. 13. 15, 19, Jesus se referia àqueles que não entendiam o evangelho. Não compreendiam porque a mensagem não seguia a lógica religiosa de que eles julgavam conhecer. A mensagem de Jesus dizia que o Reino de Deus era de origem Espiritual, uma libertação interior, que modifica o homem em seu caráter, refletindo uma nova prática de vida. Prática esta que era baseada no amor ao próximo, ainda no amor aos "inimigos" e perseguidores.
A este tipo de discurso, muitos rejeitavam. Ouviam e não compreendiam. Não era do interesse deles. (Aplicação).

II. O segundo ouvinte (pedregais) v.5
Este tipo de solo apresenta uma boa aparência, pois, a Bíblia diz que neste local a semente nasceu com rapidez, mas como não tinha terra profunda morreu. Era apenas superficial. Este é o tipo de coração que se emociona com facilidade, no entanto, não permitem que a semente se aprofunde no íntimo, as raízes ficam na superfície. Pessoas que na hora da angustia e das aflições correm em direção a Deus, mas, não acontecendo nada abandonam a fé, Mat. VS. 20 – 21.
Muitos se enganam em um evangelho de situações cômodas e superficiais. Se está tudo indo bem, então glorificam a Deus. Não entende em profundidade a palavra de Deus.
Pensam que o evangelho é um tipo de certificado ou proteção contra as dificuldades da vida.

III. O terceiro ouvinte (espinheiro) v. 7 (entre espinhos).
Há determinadas pessoas seja rica ou pobre, cujo coração é como solo espinhoso que não dão oportunidade para a semente frutificar, ela nasce, cresce e se torna uma haste seca sem espiga e sem fruto. Mat. VS. 22. Esses são aqueles crentes que levam uma vida cristã sufocada com os prazeres deste mundo. Levam uma vida mista, querendo agradar a Deus e ao mundo.
Os espinhos são aqui, os cuidados da vida. Há aqueles que receberam a palavra, receberam o chamado, mas sempre alegam que há algo que ainda precisam resolver, antes de viver para Deus.

IV. Quarto ouvinte (Boa terra) v. 8
O último solo citado na parábola “caiu em boa terra” é aquele que recebe a Palavra com um coração desejoso de ser fiel sensível a voz do Senhor, disposto a segui-lo servi-lo e obedece- ló. A
Palavra semeada neste tipo de solo encontra fertilidade de uma alma desejosa promovendo uma revolução interior de tal maneira que os frutos não demoram a aparecer. V. 23.
A mensagem de amor a Deus e ao próximo é recebida com alegria em seus corações. São humildes de coração. Por isso eles sabem que mesmo se chorarem, são felizes, porque serão consolados. Andam em mansidão, em paz, são pacificadores, receberam a paz e são embaixadores da paz de Cristo.

Conclusão: Que tipo de solo tem sido nosso coração?

Produção de Textos



Reflexão

PRODUÇÃO DE TEXTO

            Todo texto que é produzido, independentemente do assunto tem como principal característica a diversidade de vozes, como diz Silvio Pereira, diversos são os fatores responsáveis pela constituição de um texto: harmonia, coerência, sentido[1]. Além da organização textual, existe uma relação entre textos que parte do pressuposto de que quem escreve um texto leu outros textos a fim de fundamentar suas próprias ideias, vivencia um momento histórico na sociedade em que vive, ou seja parte de algum contexto que lhe forneça ideias. Primeiramente, o texto traz a voz daquele que fala, porém, outros enunciadores podem ser identificados, que apresentem seus próprios discursos. Todo esse processo é possível por conta de mecanismos linguísticos que demarcam e sinalizam a voz do outro[2].  O fato pelo qual os textos são atravessados se evidencia pelo pressuposto de que, todo texto é heterogêneo e nunca homogêneo, bem como de um cruzamento de palavras e ideias[3]. Segundo Platão e Fiorim, 2011, p. 24 num texto, o significado de uma parte não é autônomo, mas depende das outras com que se relaciona[4]. A heterogeneidade, parte da conjectura de que no discurso existem perspectivas antagônicas. Quanto a construção de um texto Platão e Fiorin afirmam:

Todo texto tem um caráter histórico, não no sentido de que narra fatos históricos, mas no de que revela os ideais e as concepções de um grupo social numa determinada época. Cada período histórico coloca para os homens certos problemas e os textos pronunciam-se sobre eles. Platão e Fiorim, 2011, p. 29.

         Portanto, na construção de um texto é necessário levar em conta todos os processos necessários que envolvem uma construção textual, desde harmonia, coerência e sentido, aspectos culturais sociais o próprio contexto do autor, bem como regras gramaticais e o tipo literário que se pretende usar, só assim estaremos aptos a produzir bons textos seja em que área do conhecimento for.

Marcos Moraes de Paula.



[1] http://moodle.metodista.br/moodle-ead/course/view.php?id=10359#section-5. Artigo Prof. Dr. Silvio Pereira da Silva p. 1.
[2] Idem 2018, p. 3.
[3] Idem 2018, p 1.
[4] Savioli, Francisco Platão & Fiorin, José Luiz. Lições de texto: leitura e redação. 1.ed. - São Paulo: Ática, 2011.

Liderança Cristã



LIDERANÇA CRISTÃ

“Desafios para a igreja no Terceiro Milênio”


INTRODUÇÃO


“Um profundo senso do chamado de Deus para servir outros deve marcar a vida dos líderes”.
(Russell P. Shedd)



 O tema “liderança” tem recebido ampla atenção nos últimos anos, tanto nos meios seculares quanto nas instituições religiosas. Milhares de livros estão sendo lançado anualmente visando abordar este complexo tema que é, de fato, de interesse geral de todos e principalmente para aqueles que sentem a chamada de Deus para o ministério, seja ele pastoral, missionário ou em outro segmento no seio da igreja.

Quando falamos de Liderança Cristã, estamos enfocando a capacidade que Deus dá a alguns membros de seu corpo para comandar. Esses líderes não estão necessariamente nos púlpitos das igrejas, mas também nos departamentos da igreja. Uma igreja que cresce é composta de bons lideres; além disso, o crescimento tão desejado por muitos pastores depende muito da valorização que se dá à liderança da igreja através de treinamentos constantes.

Deus, para realizar seu propósito nesta terra, sempre levantou homens. Quando Ele quis trazer libertação a Seu povo da escravidão do Egito, escolheu um homem chamado Moisés, qualificou-o e o enviou para dar cabo a Seu propósito. Desde o início, Deus cercou Moisés de pessoas que acreditavam em sua liderança, e que se colocavam dispostas a apoiá-lo em suas decisões.

            Jesus, em seu ministério terreno, escolheu doze homens, o qual chamou apóstolos, passou a maior parte de sua vida ministerial os ensinando e por fim os enviou para que dessem continuidade ao ministério que Ele havia iniciado. Jesus podia dedicar toda Sua vida às multidões, mas não o fez, Ele preferiu trabalhar na formação de homens que prosseguissem liderando, assim como Ele liderou.

Da mesma forma que o oleiro molda o barro, por três anos e meio Cristo moldou o caráter de cada um de seus apóstolos. E para concluir sua tarefa em prepará-los soprou sobre eles, disse-lhes: "Recebei o Espírito Santo" (Jo. 20. 21-21).

Somente com uma vida conduzida pelo Espírito Santo (cf. Jo. 16.13), é que teremos condições de ouvir o chamado e atendê-lo, conscientes de que não estamos no ministério por nossos próprios méritos, talentos ou habilidades, mas pela misericórdia daquele que nos chamou e vocacionou para sermos líderes. "Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo" (Ef. 4. 7). ARC.

1. O conceito de liderança

A liderança está intimamente relacionada com as competências de comunicação e de transmissão de ideias. Assim, tem sido muito complicado definir o que é ser um líder e o que é Liderança, havendo inúmeras definições para este elaborado conceito. Vejamos algumas:

Liderança é influência, ou seja, é a capacidade que uma pessoa tem de influenciar a outros. Um homem pode liderar outros apenas na medida em que pode influenciá-lo a segui-lo. Este fato é apoiado por definições de liderança feitas por homens que exerceram grande influência. Lord Montgomery como líder militar, define como “a capacidade e desejo de unir homens e mulheres num propósito comum, e o caráter que inspira confiança”.

É uma influência interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida por meio do processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. Os elementos que caracterizam são, portanto, quatro: a influência, a situação, o processo de comunicação e os objetivos a alcançar.

O general Charles Gordon perguntou certa vez a Li Hung Chang, um velho líder chinês: Que é liderança? Como se divide a humanidade? Ele recebeu a seguinte resposta enigmática: “Há apenas três tipos de pessoas no mundo; aquelas que não se mexem, as que são movíveis e as que movem os outros”.

Percebemos que a liderança pode ser vista como um fenômeno de influência interpessoal, o líder pode ser percebido como aquele que decide o que deve ser feito e faz com que essas pessoas executem essa decisão de forma pacífica e voluntária. Daqui se depreende quão importante é, atender ao modo como o líder é visto pelos outros na sua função de liderar, bem como atender à percepção que o próprio líder tem acerca do modo como utiliza a sua liderança.

Entretanto, o líder cristão influencia aos outros não apenas pelo poder de sua própria personalidade, mas pela personalidade irradiada, interpenetrada, e fortalecida pelo Espírito Santo. Visto que ele permite que o Espírito tome o controle integral de sua vida, o poder desse Espírito flui livremente através dele, para os outros. Ex: Moisés, Nm. 11.17.

Liderança cristã é assunto de poder espiritual superior, o qual jamais é gerado pelo próprio homem. Não existe, de modo algum, um líder espiritual feito por si mesmo. Ele só é capaz de influenciar os outros espiritualmente, porque o Espírito Santo trabalha através dele, num grau superior ao daqueles a quem ele lidera.
2. O que é um Líder

            Segundo alguns especialistas na área de liderança o líder nasce feito; outros, no entanto, acreditam que todas as pessoas têm potencial de liderança, basta desenvolvê-lo. Há indivíduos que nascem com o dom de liderança, mas que precisam ser trabalhados.
Vejamos a definição de líder do dicionário Aurélio: Líder: 1º Indivíduo que chefia, comanda e/ ou orienta, em qualquer tipo de ação, empresa ou linha de ideias, 2º Guia. Chefe, ou condutor que representa um grupo, uma corrente de opinião etc.

Contudo, há uma diferença entre chefiar e liderar. Segundo DUSILEK (1987), chefiar é atingir objetivos através de recursos humanos e materiais; liderar é levar as pessoas a agir com esforço e dedicação para atingir os objetivos desejados. O chefe é instituído formalmente. Nasce de um ato burocrático, de alguém que nomeia que designa. Já o líder nem sempre possui autoridade formal. É interessante notar que nem todo chefe é necessariamente um líder, nem todo líder ocupa cargo de chefia. O chefe poderá fazer com que seus subordinados trabalhem e alcancem objetivos, usando de sua autoridade hierárquica. O líder levará seu pessoal a atingir os mesmos objetivos com maior eficiência e eficácia por conseguir manter a sua equipe unida, motivada e coesa.

O chefe se contenta com tarefas; o líder consegue entusiasmo, interesse pelo trabalho e cooperação. O chefe trabalha com subordinados, o líder tem seguidores. Em outras palavras, o chefe vê o cumprimento de suas ordens, a execução das possíveis tarefas através de sua imposição. O líder conquista as pessoas e as tarefas são realizadas através do compromisso do liderado. O líder exerce influência sobre os seus liderados, o que é influência? Prestígio, crédito, preponderância, confiança. Sendo assim, cabe ao líder saber que tipo de influência ele está exercendo sobre seu grupo visto que existem dois tipos de influência, a influência negativa e a influência positiva. Todo líder deve ter esta preocupação, que tipo de influência está exercendo sobre os seus liderados.

Conhecer exemplos bíblicos de liderança assim como de chefia secular, tipos de personalidades e comportamentos humanos são necessários para o líder "nato" para que ele desenvolva com mais eficiência sua influência sobre um grupo de pessoas. O líder formado, isto é, aquele que já conhece as técnicas e conhecimentos necessários para liderança, se não tiver uma personalidade firme, ou se possuir uma autoestima muito fraca, prejudicará o grupo. Pouco lhe valerá os conhecimentos intelectuais, se não tiver maturidade emocional. Um bom líder é aquele que agrega as duas tendências, por um lado uma carga genética favorável (dom natural), pelo tipo de personalidade que possui; por outro, um conhecimento gerado de tudo que implica a direção de um grupo e a arte de liderar, e como elemento principal na liderança cristã a dependência do Espírito Santo, pois, é Ele quem nos vocaciona. Portanto, não se nasce líder com todas as características para exercer qualquer tipo de liderança, mas pessoas que, desenvolvendo suas próprias habilidades, e treinamentos adequados podem chegar a ser reconhecidas pelos grupos com os quais convivem para liderar.

3. O Líder deve preparar – se

            Como já citado em parágrafo anterior, alguns dizem que o líder nasce com este dote, outros afirmam que podemos preparar um líder, na realidade todos possuem um potencial de liderança, o que precisamos é desenvolver esta habilidade, para isto, o líder precisa de preparo adequado no qual ele através de cursos poderá adquirir conhecimentos sobre: Técnicas de liderança, personalidade, comportamento humano, e de administração, pois, quem exerce liderança deve estar em constante treinamento para melhor execução de suas atividades. Talvez alguns achem estranho citar administração como um elemento importante no preparo do líder, mas, na atualidade conhecer princípios de administração é essencial para um bom desenvolvimento da obra de Deus, que no nosso caso é chamado de administração eclesiástica.

Foi preocupado com o preparo do líder que Paulo escreveu a Timóteo: “Procura apresentar – te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (I Tm. 2.15 ARC). Nesta recomendação lemos duas expressões interessantes: aprovado e maneja. Só será aprovado quem está preparado, o aluno só é aprovado quando estuda, só maneja bem quem está bem treinado. A Bíblia descreve líderes natos, escolhidos desde o ventre, mas para exercerem suas funções precisou de preparo, Jeremias é um exemplo disso, o Senhor disse a respeito dele: Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta. (Jer. 1.15 ARC).

Observamos que Jeremias foi escolhido desde o ventre, mas teve que passar por um preparo, um doloroso treinamento. Paulo era um líder preparado, foi instruído aos pés de Gamaliel (At. 22.3), recebeu preparo para ser um grande rabino conforme cita J. Oswald Sauders em seu livro: Paulo, o Líder (pg. 15), sua família falava grego e ele conhecia o aramaico, seu preparo não foi somente intelectual, mas também profissional, pois, fazia tendas.

Quer por nascimento, quer pelo preparo, Paulo possuía a tenacidade do judeu, a cultura do grego e a praticidade do romano, essas qualidades o capacitaram a adaptar-se aos poliglotas entre os quais ele deveria atuar. Essas qualidades também o adaptaram de modo singular para ser um líder missionário. Visto que ele obterá educação teológica aos pés do mais famoso rabino da coletividade judaica, ninguém poderia impugnar com justiça sua escolaridade ou seu extenso conhecimento da Lei. Também ele estava igualmente familiarizado com os sistemas filosóficos correntes, e podia disputar com seus oponentes no terreno destes. (At.9.29).

Mesmo com todo este preparo é importante lembrar que Paulo ao ser chamado por Deus precisou reformular sua teologia e durante muitos dias e anos formativos, sob a instrução do Espírito Santo, passou por um novo treinamento, ou seja, reciclando tudo o que já havia aprendido. Após um período de reclusão na Arábia, Paulo voltou a Damasco (Gal.1.17), e três anos mais tarde foi a Jerusalém em todo este percurso Paulo estava sendo treinado e preparado. Estes são apenas alguns poucos exemplos, mas, se lermos a Bíblia com os olhos de quem busca líderes poderíamos destacar, Moisés, Josué, Ezequias, Davi entre outros.

Portanto, preparar-se para o exercício da liderança não é uma questão opcional, mas, sim de uma obrigação, mesmo quando temos a convicção do chamado e vocação de Deus precisamos nos preparar, o Senhor nos dá do seu Espírito e nós precisamos fazer a nossa parte, muitos ministérios e obras missionárias estão ruindo por conta de lideres despreparados, que possamos ter essa consciência de não assumir uma liderança sabendo que nos falta o preparo adequado. O líder deve desenvolver suas habilidades naturais, deve manter – se reciclado, ou seja, atualizado dentro de suas funções, isto trará benefícios, a ele ao grupo e à igreja da qual faz parte.

4. A Filosofia Cristã da Liderança - Mat.20.20-28

No cenário descrito em Mateus 20, a mãe de Tiago e João, se aproxima de Jesus para pedir-lhe que faça sentar os seus filhos junto a Ele em Seu reino. Este episódio deu a Jesus a oportunidade de apresentar três atitudes fundamentais na liderança cristã: o sofrimento, a igualdade e o serviço.

O sofrimento: As pressões da liderança são enormes. Um líder deve estar preparado para sofrer, algumas vezes em segredo, para cumprir com seu chamado.

A igualdade: Os ministros são iguais em autoridade no corpo de Cristo. Eles se relacionam como cavalheiros ao redor de uma mesa redonda e não como soldados de um exército com um sem fim de cargos. O governo bíblico é uma associação de ministros que trabalham juntos como despenseiros de Deus, portanto, iguais e que se respeitam mutuamente. As complexas hierarquias autoritárias não têm lugar no Reino de Deus porque são carnais em sua concepção e nos levam às mesmas coisas, pelas quais Cristo repreendeu aos dois discípulos, em Mateus 20.

O serviço: Os líderes devem ter uma atitude de servo no lugar de uma atitude de chefe. Para os líderes, as pessoas são o tudo de seu trabalho e não as ferramentas que podem usar para conseguir seus próprios fins. O que estavam Tiago e João buscando e como chegaram a isto? Eles buscavam status e honra por meio da manipulação. Eles pensavam que o Reino de Deus se estabeleceria como qualquer outro governo, com Jesus como governante supremo, seguido por uma série de pessoas ordenadas em cargos. Note que os dois discípulos não mencionaram nada sobre fazer o trabalho, somente se referiram aos cargos. Podemos imaginar eles maquinando entre si: Jesus pode ser um pouco duro conosco algumas vezes. No entanto, Ele é muito gentil com as mulheres. Vejamos se conseguimos que mamãe fale com Ele, e talvez ela tenha sucesso e consiga um melhor trato para nós. Isto é manipulação e politicagem, procedimentos típicos no mundo, notem que Jesus não os repreende por sua ambição, porque a ambição é uma boa coisa se é para a glória de Deus. Jesus os admoesta contra buscarem a própria honra.

Jesus também esclarece que Ele não está encarregado das promoções no departamento da equipe. O Pai, sim (v.23). Eles estavam falando com a pessoa errada. Disto podemos ver uma indicação do primeiro princípio da liderança cristã no Novo Testamento: é um dom de Deus.


Considerações finais

Chegamos ao fim da nossa primeira jornada, observamos que liderança cristã esta intimamente ligada à influência interpessoal que um homem ou uma mulher pode exercer sobre outros principalmente pela atuação do Espírito Santo, percebemos também que o líder precisa se preparar para exercer sua vocação que é um dom de Deus. Observamos que uma boa liderança é aquela em que se conquistam as pessoas para que seja executado o trabalho, pois, uma liderança impositiva só nos leva a conflitos.

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA. João Ferreira de. Bíblia Sagrada. Ed. Revista e Corrigida – São Paulo. SBB 1994.

SHEDD, Russel P. O líder que Deus usa (Resgatando a liderança Bíblica para a igreja no Novo Milênio). São Paulo. Ed. Vida Nova 2001.

SANDERS, J. Oswald. Paulo o Líder (Uma visão para a liderança cristã hodierna). São Paulo. Ed. Vida 2002.

Apostila Liderança Cristã, (Princípios e Prática). Roger L. Smalling. 2005.

Apostila Liderança Cristã, (Crescendo no entendimento e exercício da boa liderança). Jose Elias Croce. 2008.

DUSILEK, N.G. Liderança Cristã, (A arte de crescer com as pessoas). Rio de Janeiro. Juerp, 1987.

CHIAVENATO, I. Recursos humanos. Ed. Compac. São Paulo: 1997.

SANDERS, J. Oswald. (Liderança). São Paulo. Ed. Mundo Cristão, 1985.

Apostila, (Ética de Liderança Bíblica). Pr. Isac Virgilio Lúcio. 1999.

ELABORADA POR EV. MARCOS MORAES DE PAULA

A DEUS SEJA TODA GLORIA

O que define uma religião



O que define uma religião

            Definir religião segundo Usarsk é fundamental para a ciência da religião, ele propõe três métodos para alcançar esse objetivo, primeiramente realizando um estudo etimológico da palavra, ou seja, buscar a raiz histórica da palavra. A segunda forma ele a classifica como definição funcional, baseada na premissa, quais são os efeitos da religião. Por fim, ele destaca a definição substancial, que enfatiza a diferença entre religião e filosofia. Em todos esses processos Usark apresenta exemplos concretos de procedimentos quanto a cada um desses métodos na tentativa de definir religião. É interessante que ele apresenta estas formas e suas possibilidades e dificuldades. Porém, o que me chamou a atenção foi sua última fala, quando ele conclui dizendo, que na modernidade o fenômeno religioso se apresenta como uma esfera autônoma, ou seja, independente, contudo ligada a intimidade humana em sua prática, intercambiando com outras ciências. Diante dessa dimensão diversificada e complexa  em definir religião é extremamente relevante estar aberto à multiplicidade de manifestações religiosas, se quisermos compreender melhor o fenômeno religioso.
No pensamento tilichiano religião é uma atitude do espírito em que elementos objetivos, teóricos e emocionais estão atrelados para formar um todo, visto ser a religião a dimensão de profundidade da existência. Tillich relaciona religião com fé, e fé para ele é estar possuído por uma preocupação última.
Diante de todos esses pressupostos fica claro o desafio que a filosofia da religião tende a enfrentar no diálogo inter-religioso na busca de uma definição coerente as múltiplas tradições religiosas bem como no pensamento filosófico.