Vattimo e o retorno da religião
21:55 Marcos M. de Paula
Vattimo e o retorno da religião
Reflexão
Com
o declínio do pensamento ocidental, que durante o período da modernidade foi
fundamentado no racionalismo, ou seja, de que a verdade pode ser alcançada
através da análise racional (iluminismo), muitos empreenderam conceitos
filosóficos apontando para a decadência da religião, da ideia da existência de
Deus, bem como dos fundamentos tradicionais no pensamento cristão ocidental.
Portanto, neste período todo pensamento voltado para religião, Deus e dogmas
foi duramente combatido pelo racionalismo cético de cientistas e filósofos e
trouxe uma serie de consequências na maneira de pensar, bem como, na maneira de
ver o mundo e de direcionar a existência humana e a sua religiosidade.
Enquanto
que para muitos o pensamento ocidental cristão estava praticamente a beira de
um colapso, Vattimo aponta, para o retorno da religião que ocorreu com o fim do
discurso metafísico, indicando que os mesmos se dissolveram proporcionando a
filosofia redescobrir a plausibilidade da religião e, por conseguinte, olhar
para a necessidade religiosa da consciência ocidental fora dos esquemas da
crítica racionalista difundida no iluminismo. Vattimo faz uma releitura positiva da dinâmica
do pensamento cristão ocidental, que consiste na defesa de que a história da
modernidade, e sua secularização, guarda os traços da história da salvação fundamentada
pela perspectiva judaico-cristã. Desta forma, Vattimo indica novamente uma
reabertura do diálogo entre religião e filosofia.
Marcos
Moraes de Paula
Métodos de Alfabetização
14:09 Marcos M. de Paula
Reflexão
Métodos de Alfabetização

O que é Método?
Segundo Tuller, 2002, p. 86, na Grécia antiga methodos significava "caminho para chegar a um fim". Com o passar do tempo essa significação generalizou-se e o termo passou a ser empregado também para expressar outras coisas, como "maneira de agir", "tratado elementar", processo de ensino". Atualmente, muitos teóricos concordam que método é um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar um fim desejado.
É interessante que, nas discussões contemporâneas sobre educação e alfabetização a questão quanto ao tema método é muito discutida. Contudo, segundo Magda Soares em seu célebre livro: "Alfabetização", A questão dos métodos, aponta que o trabalho de alfabetização não envolve somente e exclusivamente métodos, e sim vários fatores como: fatores sociais, culturais, econômicos e políticos, bem como outros campos da ciência. Neste mesmo livro, 2018, p. 330, ela define o conceito de método de alfabetização da seguinte forma: "um conjunto de procedimentos que, fundamentados em teorias e princípios, orientam a aprendizagem inicial da leitura e da escrita, no que se refere à faceta linguística dessa aprendizagem. Contudo, essas teorias e princípios são situados nos campos da psicologia cognitiva e ciências linguísticas. E como resultado de sua pesquisa, Magda conclui que seria melhor dar um sentido oposto, ao invés de métodos de alfabetização para Alfabetizar com métodos. Ela acrescenta, orientar a criança por meio de procedimentos que, fundamentados em teorias e princípios, estimulem e orientem as operações cognitivas e linguísticas que progressivamente a conduzam a uma aprendizagem bem-sucedida da leitura e da escrita em uma ortografia alfabética.
A importância de refletirmos sobre alfabetizar com métodos atualmente, é de extrema necessidade, uma vez que, segundo o jornal a Gazeta do Povo, hoje no Brasil temos uma taxa de 11,3 milhões de pessoas com mais de 15 anos analfabetas. Para agravar mais ainda a situação o mesmo jornal aponta para 30% dos brasileiros de 15 a 64 anos como analfabetos funcionais, ou seja pessoas que sabem ler e escrever, mas são incapazes de entender ou interpretar um texto que acabou de ler. Que você que é professor (a), possa estar atento a importância do seu trabalho, sabemos a grande dificuldade que esses profissionais enfrentam, porém lhe peço não desistam.
Isagoge Bíblica
21:16 Marcos M. de Paula
Isagoge Bíblica (Introdução
Bíblica)
1) Introdução geral
Admite – se geralmente ter sido Adriano
monge grego que viveu provavelmente no século V, o primeiro estudioso a usar o
vocábulo Isagoge ou Introdução para designar os estudos que auxiliam o mais
correto conhecimento da Bíblia. Com este objetivo escreveu um pequeno tratado
destinado a ajudar o estudante a familiarizar-se com fraseologia bíblica, isto
por volta de 1602.
2) Designação e
Objetivo
Isagoge é a designação técnica para
descrever os estudos que fornecem informações gerais e preliminares sobre os
assuntos cujo conhecimento seja necessário a uma melhor compreensão das
escrituras. Isagoge é derivado do grego “Eis + agoge” que significa
conduzir para dentro, introdução, introduzir. Para fins didáticos designa-se
como Introdução Bíblica.
O objetivo da Isagoge Bíblica é
preparar o estudante para compreender melhor as Escrituras. A Isagoge dá
condições ao estudante da Bíblia de uma melhor compreensão da Exegese,
Hermenêutica e a Teologia Bíblica, tornando-se então não o edifício, mas o
conjunto dos cálculos e estimativas necessárias à construção.
A Isagoge Bíblica divide-se em dois
ramos principais: Isagoge Especial e Isagoge Geral ou Ampla. A especial estuda
as questões que dizem respeito aos livros que compõem as Sagradas Escrituras,
tais como: sua origem divina transmissão do texto e interpretação. Divide-se em
cinco partes:
A) O tratado da inspiração:
Discute os critérios pelos quais se
distinguem os livros inspirados dos que não o são.
B) O tratado do Cânon:
Discute as questões relacionadas
com a formação dos escritos sacros, quais são concretamente esses livros
inspirados e como distinguí-los dos não inspirados (MSS).
C) Crítica Textual:
Também chamada de Baixa Crítica,
estuda o texto dos manuscritos com o fim de
descobrir e corrigir possíveis erros que neles podem ocorrer e
restaurá-los até onde possível, às condições originais, procurando determinar
os textos originais mais exatos.
D) Crítica Histórica:
Também chamada de Alta Crítica.
Interessa-se por problemas relacionados à idade, autoria, fontes, valor
histórico, composição, publicação de cada livro, circunstâncias de tempo e
lugar em que foi escritos, conteúdo da obra, os textos mais significativos e os
dados característicos de sua mensagem divina, verificando os relacionamentos
históricos e a validade das asserções feita pelos documentos.
E) O tratado da Hermenêutica:
Utiliza-se dos resultados dos
assuntos tratados nas disciplinas anteriores, a fim de mostrar o melhor caminho
a ser percorrido pelo exegeta na sua extração da verdade.
A
Isagoge Geral ou Ampla.
Além de incluir as matérias da
Especial, inclui, Arqueologia, História Natural e Geografia da Palestina.
Classificação Básica da Teologia
Teologia Exegética:
Enfatiza o emprego dos métodos
hermenêuticos a fim de poder examinar corretamente a mensagem dos textos
sacros. Preocupa-se com o sentido primário e literal do texto sagrado. Inclui
os seguintes estudos:
Filologia Sacra:
Estuda as línguas originais em
que os textos sacros foram escritos, o Hebraico, Aramaico, Grego. Toda a
Escritura foi escrita nesses três idiomas ou Línguas.
Teologia Histórica:
Trata do desenvolvimento
histórico da doutrina e se preocupa com as variações sectárias e afastamento
heréticos da verdade bíblica que apareceram durante a era cristã. Abrange:
a) História
da Igreja
b) História
das missões
c) História
dos credos e confissões
d) História
das Doutrinas
Teologia Bíblica:
O objetivo da Teologia Bíblica é
traçar o progresso da verdade nos diversos livros da Bíblia e descrever a forma
de cada escritor apresentar as doutrinas fundamentais. A Teologia Bíblica
preocupa-se com a doutrina em um livro quer no AT quer no NT em particular. As
divisões principais da Teologia Bíblica são:
1) Teologia do Antigo Testamento:
A Teologia do AT é a ciência que
trata da natureza de Deus e da sua relação com universo. Propõe-se a expor do
modo mais ordenado possível, as grandes declarações da verdade divina e o
propósito das atividades de Deus na história e na vida do povo de Israel.
2) Teologia do NT:
É o ramo da Teologia Bíblica que
segue determinados temas através de todos os autores do NT, e que depois funde
esses quadros individuais num só conjunto abrangente. Estuda, portanto, a
revelação progressiva de Deus em termos da situação vivencial na ocasião da
escrita. Essa disciplina enfoca o significado mais do que a aplicação, isto é a
mensagem do texto para seus próprios dias mais do que para as necessidades
modernas, além de discutir a problemática geral do NT.
Teologia Sistemática:
A
Teologia Sistemática é uma ciência Teológica que se encarrega do material das
disciplinas anteriores com o fim de arranjá-las de forma lógica e metódica,
para facilitar a compreensão e promover aplicação prática do mesmo. As
disciplinas comuns a Teologia Sistemática são:
Bíbliologia
(Escrituras)
Teontologia
(Deus, seu ser, suas obras, seus decretos)
Angelologia
(Anjos, Satanalogia e demonologia)
Antropologia
Teológica (Homem)
Hamartiologia
(Pecado)
Cristologia
(Cristo)
Soteriologia
(Salvação)
Expiação
Pneumatologia
(Espírito Santo)
Eclesiologia
(Igreja)
Escatologia
(Últimas Coisas)
Divisões da Teologia
Sistemática:
1) Teologia Dogmática ou Confessional
Estuda os ensinos contidos nos credos e
confissões expressos nos Símbolos da Igreja. É a sistematização e defesa das
doutrinas como nos apresentam os credos e confissões eclesiásticas.
2) Teologia Apologética:
É tanto bíblica quanto
filosófica. É um discurso sistemático e argumentativo na defesa da origem
divina e da autoridade da fé cristã.
A
Teologia prática relaciona-se com a aplicação prática dos resultados da
investigação teológica, particularmente no que concerne a obra do ministério
cristão, procurando aplicar à vida prática aquilo que outros departamentos da
Teologia contribuíram, abrange:
a)
Homilética
b)
Organização
Eclesiástica
c)
Liturgia
d)
Educação
Cristã
e)
Outros.
Outros aspectos do
Estudo Teológico:
Filosofia da Religião:
A filosofia da Religião estuda,
com métodos próprios da filosofia os aspectos mais gerais do fenômeno
religioso. O filósofo deve instruir, raciocinar, descrever, fundamentar,
guiando-se pelo que ele próprio deve comprovar, e não pelo testemunho de uma
autoridade quer se trate de uma igreja, quer se trate de uma revelação divina.
Esta atitude é essencial na filosofia da religião para que ela não se
transforme em teologia apologética.
Psicologia da Religião:
A psicologia da religião é o
estudo cientifico da consciência religiosa. Procura explicar, com critérios
científicos e sem recorrer ao conteúdo da revelação, os processos que levam o
homem a sentir, por exemplo, uma experiência de culpa ou de salvação. Ou ter
sentimentos de comunhão com Deus que é transcendente.
Sociologia da Religião:
A religião é um fenômeno humano no
sentido de que tem a ver com a resposta que o homem dá a revelação de Deus. Mas
o próprio homem que é sujeito da religião é um ser social, vive sua experiência
religiosa num meio comunitário, associa-se aos outros para o culto e para a
divulgação da fé e cria diversas instituições para levar avante seus
propósitos. A sociologia da religião estuda esses e outros aspectos.
Fenomenologia
da Religião:
É
a ciência que estuda as diversas formas de aparição de uma religião, ou seja o fenômeno religioso.
Bibliografia
BENTHO,
Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada. Rio de Janeiro. Ed. CPAD.
1995.
Marcos Moraes de Paula
Tema: A boa semente
20:43 Marcos M. de Paula
Texto: Mat. 13. 1 – 23.
Tema: A boa semente.
Introdução
1. A
pregação do Evangelho é comparada a uma semeadura os resultados sempre variam
de acordo com o terreno, onde a semente é semeada.
2.
Observamos que não depende do semeador ou da semente para obtermos uma boa
colheita. O grande foco é em que terreno esta semente é lançada.
3. Jesus
estava às margens do Mar da Galiléia, de onde se podia ver um campo de trigo
ondulado que descia até a praia.
4. Havia um
caminho trilhado que o atravessava, sem muro nem qualquer outro fator que
impedisse a semente de cair aqui ou acolá nas suas bordas.
5. Nessas
bordas, o chão estava endurecido pela contínua passagem dos cavalos, mulas e
homens.
6. No meio
do campo estava à boa terra, a planície de Genesaré, com uma plantação viçosa e
bela, produzindo grande quantidade de trigo.
7. Ali
também se encontrava um solo rochoso, coberto com uma fina camada de terra,
oriundo das montanhas e colinas que cercam o lago de Genesaré.
8. Este
solo alcança várias partes do campo. Podia-se ver também, junto ao campo,
cardos, urtigas e outras plantas espinhosas. Jesus então aproveita este cenário
para levar um grande ensinamento aos seus discípulos. Como podemos compreender está parábola? Será
que ela tem algum significado para nós hoje?
I.
O primeiro ouvinte (Beira do caminho) v.4
A
beira do caminho é um tipo de solo de difícil penetração pelo fato de receber
constantemente impacto do trafego. Este tipo de terreno (coração) não germina,
pois, caiu num coração fantasioso, leviano, disperso. Mat. 13. 15, 19, Jesus
se referia àqueles que não entendiam o evangelho. Não compreendiam porque a
mensagem não seguia a lógica religiosa de que eles julgavam conhecer. A
mensagem de Jesus dizia que o Reino de
Deus era de origem Espiritual, uma libertação interior, que modifica o
homem em seu caráter, refletindo uma nova prática de vida. Prática esta que era
baseada no amor ao próximo, ainda no amor aos "inimigos" e
perseguidores.
A
este tipo de discurso, muitos rejeitavam. Ouviam e não compreendiam. Não era do
interesse deles. (Aplicação).
II. O segundo ouvinte (pedregais) v.5
Este
tipo de solo apresenta uma boa aparência, pois, a Bíblia diz que neste local a
semente nasceu com rapidez, mas como não tinha terra profunda morreu. Era
apenas superficial. Este é o tipo de
coração que se emociona com facilidade, no entanto, não permitem que a semente
se aprofunde no íntimo, as raízes ficam na superfície. Pessoas que na hora da
angustia e das aflições correm em direção a Deus, mas, não acontecendo nada
abandonam a fé, Mat. VS. 20 – 21.
Muitos
se enganam em um evangelho de situações cômodas e superficiais. Se está tudo
indo bem, então glorificam a Deus. Não entende em profundidade a palavra de
Deus.
Pensam
que o evangelho é um tipo de certificado ou proteção contra as dificuldades da
vida.
III. O terceiro ouvinte (espinheiro) v. 7
(entre espinhos).
Há
determinadas pessoas seja rica ou pobre, cujo coração é como solo espinhoso que
não dão oportunidade para a semente frutificar, ela nasce, cresce e se torna
uma haste seca sem espiga e sem fruto. Mat.
VS. 22. Esses são aqueles
crentes que levam uma vida cristã sufocada com os prazeres deste mundo. Levam
uma vida mista, querendo agradar a Deus e ao mundo.
Os
espinhos são aqui, os cuidados da vida. Há aqueles que receberam a palavra,
receberam o chamado, mas sempre alegam que há algo que ainda precisam resolver,
antes de viver para Deus.
IV.
Quarto ouvinte (Boa terra) v. 8
O
último solo citado na parábola “caiu em
boa terra” é aquele que recebe a Palavra com um coração desejoso de ser
fiel sensível a voz do Senhor, disposto a segui-lo servi-lo e obedece- ló. A
Palavra
semeada
neste tipo de solo encontra fertilidade de uma alma desejosa promovendo uma
revolução interior de tal maneira que os frutos não demoram a aparecer. V. 23.
A
mensagem de amor a Deus e ao próximo é recebida com alegria em seus corações.
São humildes de coração. Por isso eles sabem que mesmo se chorarem, são
felizes, porque serão consolados. Andam em mansidão, em paz, são pacificadores,
receberam a paz e são embaixadores da paz de Cristo.
Conclusão:
Que tipo de solo tem sido nosso coração?
Produção de Textos
20:35 Marcos M. de Paula
Reflexão
PRODUÇÃO DE TEXTO
Todo texto que é produzido, independentemente do assunto tem como
principal característica a diversidade de vozes, como diz Silvio Pereira,
diversos são os fatores responsáveis pela constituição de um texto: harmonia,
coerência, sentido[1]. Além da organização
textual, existe uma relação entre textos que parte do pressuposto de que quem
escreve um texto leu outros textos a fim de fundamentar suas próprias ideias,
vivencia um momento histórico na sociedade em que vive, ou seja parte de algum
contexto que lhe forneça ideias. Primeiramente, o texto traz a voz daquele que
fala, porém, outros enunciadores podem ser identificados, que apresentem seus
próprios discursos. Todo esse processo é possível por conta de mecanismos
linguísticos que demarcam e sinalizam a voz do outro[2]. O fato pelo qual os textos são atravessados
se evidencia pelo pressuposto de que, todo texto é heterogêneo e nunca
homogêneo, bem como de um cruzamento de palavras e ideias[3].
Segundo Platão e Fiorim, 2011, p. 24 num texto, o significado de uma parte não
é autônomo, mas depende das outras com que se relaciona[4].
A heterogeneidade, parte da conjectura de que no discurso existem perspectivas
antagônicas. Quanto a construção de um texto Platão e Fiorin afirmam:
Todo texto tem um caráter histórico, não no sentido
de que narra fatos históricos, mas no de que revela os ideais e as concepções
de um grupo social numa determinada época. Cada período histórico coloca para
os homens certos problemas e os textos pronunciam-se sobre eles. Platão e
Fiorim, 2011, p. 29.
Portanto,
na construção de um texto é necessário levar em conta todos os processos
necessários que envolvem uma construção textual, desde harmonia, coerência e
sentido, aspectos culturais sociais o próprio contexto do autor, bem como
regras gramaticais e o tipo literário que se pretende usar, só assim estaremos
aptos a produzir bons textos seja em que área do conhecimento for.
Marcos
Moraes de Paula.
[1] http://moodle.metodista.br/moodle-ead/course/view.php?id=10359#section-5.
Artigo Prof. Dr. Silvio Pereira da Silva p. 1.
[2]
Idem 2018, p. 3.
[3] Idem
2018, p 1.
[4] Savioli,
Francisco Platão & Fiorin, José Luiz. Lições
de texto: leitura e redação. 1.ed. - São Paulo: Ática, 2011.
Liderança Cristã
19:39 Marcos M. de Paula
LIDERANÇA CRISTÃ
“Desafios para a igreja
no Terceiro Milênio”
INTRODUÇÃO
“Um profundo senso
do chamado de Deus para servir outros deve marcar a vida dos líderes”.
(Russell P. Shedd)
O tema “liderança” tem recebido ampla atenção nos últimos anos, tanto
nos meios seculares quanto nas instituições religiosas. Milhares de livros
estão sendo lançado anualmente visando abordar este complexo tema que é, de
fato, de interesse geral de todos e principalmente para aqueles que sentem a
chamada de Deus para o ministério, seja ele pastoral, missionário ou em outro
segmento no seio da igreja.
Quando falamos de Liderança Cristã, estamos enfocando a capacidade
que Deus dá a alguns membros de seu corpo para comandar. Esses líderes não
estão necessariamente nos púlpitos das igrejas, mas também nos departamentos da
igreja. Uma igreja que cresce é composta de bons lideres; além disso, o
crescimento tão desejado por muitos pastores depende muito da valorização que
se dá à liderança da igreja através de treinamentos constantes.
Deus,
para realizar seu propósito nesta terra, sempre levantou homens. Quando Ele
quis trazer libertação a Seu povo da escravidão do Egito, escolheu um homem
chamado Moisés, qualificou-o e o enviou para dar cabo a Seu propósito. Desde o
início, Deus cercou Moisés de pessoas que acreditavam em sua liderança, e que
se colocavam dispostas a apoiá-lo em suas decisões.
Jesus,
em seu ministério terreno, escolheu doze homens, o qual chamou apóstolos,
passou a maior parte de sua vida ministerial os ensinando e por fim os enviou
para que dessem continuidade ao ministério que Ele havia iniciado. Jesus podia
dedicar toda Sua vida às multidões, mas não o fez, Ele preferiu trabalhar na
formação de homens que prosseguissem liderando, assim como Ele liderou.
Da mesma forma que o oleiro molda o barro, por três anos e meio
Cristo moldou o caráter de cada um de seus apóstolos. E para concluir sua
tarefa em prepará-los soprou sobre eles, disse-lhes: "Recebei o
Espírito Santo" (Jo. 20. 21-21).
Somente com uma vida conduzida pelo
Espírito Santo (cf. Jo. 16.13), é que teremos condições de ouvir o chamado e
atendê-lo, conscientes de que não estamos no ministério por nossos próprios
méritos, talentos ou habilidades, mas pela misericórdia daquele que nos chamou
e vocacionou para sermos líderes. "Mas a graça foi dada a cada um de
nós segundo a medida do dom de Cristo" (Ef. 4. 7). ARC.
1. O conceito de liderança
A liderança está intimamente relacionada com as competências de
comunicação e de transmissão de ideias. Assim, tem sido muito complicado
definir o que é ser um líder e o que é Liderança, havendo inúmeras definições
para este elaborado conceito. Vejamos algumas:
Liderança é influência, ou seja, é a capacidade que uma pessoa tem
de influenciar a outros. Um homem pode liderar outros apenas na medida em que
pode influenciá-lo a segui-lo. Este fato é apoiado por definições de liderança
feitas por homens que exerceram grande influência. Lord Montgomery como líder
militar, define como “a capacidade e desejo de unir homens e mulheres num
propósito comum, e o caráter que inspira confiança”.
É uma influência interpessoal exercida em uma dada situação e
dirigida por meio do processo de comunicação humana para a consecução de um ou
mais objetivos específicos. Os elementos que caracterizam são, portanto,
quatro: a influência, a situação, o processo de comunicação e os objetivos a
alcançar.
O general Charles Gordon perguntou
certa vez a Li Hung Chang, um velho líder chinês: Que é liderança? Como se
divide a humanidade? Ele recebeu a seguinte resposta enigmática: “Há
apenas três tipos de pessoas no mundo; aquelas que não se mexem, as que são
movíveis e as que movem os outros”.
Percebemos que a liderança pode ser vista como um fenômeno de
influência interpessoal, o líder pode ser percebido como aquele que decide o
que deve ser feito e faz com que essas pessoas executem essa decisão de forma
pacífica e voluntária. Daqui se depreende quão importante é, atender ao modo
como o líder é visto pelos outros na sua função de liderar, bem como atender à
percepção que o próprio líder tem acerca do modo como utiliza a sua liderança.
Entretanto, o líder cristão influencia aos outros não apenas pelo
poder de sua própria personalidade, mas pela personalidade irradiada,
interpenetrada, e fortalecida pelo Espírito Santo. Visto que ele permite que o
Espírito tome o controle integral de sua vida, o poder desse Espírito flui
livremente através dele, para os outros. Ex: Moisés, Nm. 11.17.
Liderança cristã é assunto de poder
espiritual superior, o qual jamais é gerado pelo próprio homem. Não existe, de
modo algum, um líder espiritual feito por si mesmo. Ele só é capaz de
influenciar os outros espiritualmente, porque o Espírito Santo trabalha através
dele, num grau superior ao daqueles a quem ele lidera.
2. O que
é um Líder
Segundo alguns especialistas na
área de liderança o líder nasce feito; outros, no entanto, acreditam que todas
as pessoas têm potencial de liderança, basta desenvolvê-lo. Há indivíduos que
nascem com o dom de liderança, mas que precisam ser trabalhados.
Vejamos
a definição de líder do dicionário Aurélio: Líder: 1º Indivíduo que chefia,
comanda e/ ou orienta, em qualquer tipo de ação, empresa ou linha de ideias, 2º
Guia. Chefe, ou condutor que representa um grupo, uma corrente de opinião etc.
Contudo, há uma diferença entre chefiar e liderar. Segundo DUSILEK
(1987), chefiar é atingir objetivos através de recursos humanos e
materiais; liderar é levar as pessoas a agir com esforço e dedicação
para atingir os objetivos desejados. O chefe é instituído formalmente. Nasce de
um ato burocrático, de alguém que nomeia que designa. Já o líder nem sempre
possui autoridade formal. É interessante notar que nem todo chefe é
necessariamente um líder, nem todo líder ocupa cargo de chefia. O chefe poderá
fazer com que seus subordinados trabalhem e alcancem objetivos, usando de sua
autoridade hierárquica. O líder levará seu pessoal a atingir os mesmos
objetivos com maior eficiência e eficácia por conseguir manter a sua equipe
unida, motivada e coesa.
O chefe se contenta com tarefas; o líder consegue entusiasmo,
interesse pelo trabalho e cooperação. O chefe trabalha com subordinados, o
líder tem seguidores. Em outras palavras, o chefe vê o cumprimento de suas
ordens, a execução das possíveis tarefas através de sua imposição. O líder
conquista as pessoas e as tarefas são realizadas através do compromisso do
liderado. O líder exerce influência sobre os seus liderados, o que é
influência? Prestígio, crédito, preponderância, confiança. Sendo assim, cabe ao
líder saber que tipo de influência ele está exercendo sobre seu grupo visto que
existem dois tipos de influência, a influência negativa e a influência
positiva. Todo líder deve ter esta preocupação, que tipo de influência está
exercendo sobre os seus liderados.
Conhecer exemplos bíblicos de liderança assim como de chefia
secular, tipos de personalidades e comportamentos humanos são necessários para
o líder "nato" para que ele desenvolva com mais eficiência sua
influência sobre um grupo de pessoas. O líder formado, isto é, aquele que já
conhece as técnicas e conhecimentos necessários para liderança, se não tiver
uma personalidade firme, ou se possuir uma autoestima muito fraca, prejudicará
o grupo. Pouco lhe valerá os conhecimentos intelectuais, se não tiver
maturidade emocional. Um bom líder é aquele que agrega as duas tendências, por
um lado uma carga genética favorável (dom natural), pelo tipo de personalidade
que possui; por outro, um conhecimento gerado de tudo que implica a direção de
um grupo e a arte de liderar, e como elemento principal na liderança cristã a
dependência do Espírito Santo, pois, é Ele quem nos vocaciona. Portanto, não se
nasce líder com todas as características para exercer qualquer tipo de
liderança, mas pessoas que, desenvolvendo suas próprias habilidades, e
treinamentos adequados podem chegar a ser reconhecidas pelos grupos com os
quais convivem para liderar.
3.
O Líder deve preparar – se
Como já citado em parágrafo
anterior, alguns dizem que o líder nasce com este dote, outros afirmam que
podemos preparar um líder, na realidade todos possuem um potencial de
liderança, o que precisamos é desenvolver esta habilidade, para isto, o líder
precisa de preparo adequado no qual ele através de cursos poderá adquirir
conhecimentos sobre: Técnicas de liderança, personalidade, comportamento
humano, e de administração, pois, quem exerce liderança deve estar em constante
treinamento para melhor execução de suas atividades. Talvez alguns achem
estranho citar administração como um elemento importante no preparo do líder,
mas, na atualidade conhecer princípios de administração é essencial para um bom
desenvolvimento da obra de Deus, que no nosso caso é chamado de administração
eclesiástica.
Foi preocupado com o preparo do líder que Paulo escreveu a
Timóteo: “Procura apresentar – te a Deus aprovado, como obreiro que não tem
de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (I Tm. 2.15
ARC). Nesta recomendação lemos duas expressões interessantes: aprovado e
maneja. Só será aprovado quem está preparado, o aluno só é aprovado quando
estuda, só maneja bem quem está bem treinado. A Bíblia descreve líderes natos,
escolhidos desde o ventre, mas para exercerem suas funções precisou de preparo,
Jeremias é um exemplo disso, o Senhor disse a respeito dele: Antes que eu te
formasse no ventre, eu te conheci; e antes que saísses da madre, te santifiquei
e às nações te dei por profeta. (Jer. 1.15 ARC).
Observamos que Jeremias foi escolhido desde o ventre, mas teve que
passar por um preparo, um doloroso treinamento. Paulo era um líder preparado,
foi instruído aos pés de Gamaliel (At. 22.3), recebeu preparo para ser um
grande rabino conforme cita J. Oswald Sauders em seu livro: Paulo, o Líder (pg.
15), sua família falava grego e ele conhecia o aramaico, seu preparo não foi
somente intelectual, mas também profissional, pois, fazia tendas.
Quer por nascimento, quer pelo preparo, Paulo possuía a tenacidade
do judeu, a cultura do grego e a praticidade do romano, essas qualidades o
capacitaram a adaptar-se aos poliglotas entre os quais ele deveria atuar. Essas
qualidades também o adaptaram de modo singular para ser um líder missionário.
Visto que ele obterá educação teológica aos pés do mais famoso rabino da
coletividade judaica, ninguém poderia impugnar com justiça sua escolaridade ou
seu extenso conhecimento da Lei. Também ele estava igualmente familiarizado com
os sistemas filosóficos correntes, e podia disputar com seus oponentes no
terreno destes. (At.9.29).
Mesmo com todo este preparo é importante lembrar que Paulo ao ser
chamado por Deus precisou reformular sua teologia e durante muitos dias e anos
formativos, sob a instrução do Espírito Santo, passou por um novo treinamento,
ou seja, reciclando tudo o que já havia aprendido. Após um período de reclusão
na Arábia, Paulo voltou a Damasco (Gal.1.17), e três anos mais tarde foi a
Jerusalém em todo este percurso Paulo estava sendo treinado e preparado. Estes são
apenas alguns poucos exemplos, mas, se lermos a Bíblia com os olhos de quem
busca líderes poderíamos destacar, Moisés, Josué, Ezequias, Davi entre outros.
Portanto,
preparar-se para o exercício da liderança não é uma questão opcional, mas, sim
de uma obrigação, mesmo quando temos a convicção do chamado e vocação de Deus
precisamos nos preparar, o Senhor nos dá do seu Espírito e nós precisamos fazer
a nossa parte, muitos ministérios e obras missionárias estão ruindo por conta
de lideres despreparados, que possamos ter essa consciência de não assumir uma
liderança sabendo que nos falta o preparo adequado. O líder deve desenvolver
suas habilidades naturais, deve manter – se reciclado, ou seja, atualizado
dentro de suas funções, isto trará benefícios, a ele ao grupo e à igreja da
qual faz parte.
4. A Filosofia Cristã da Liderança - Mat.20.20-28
No cenário descrito em Mateus 20, a mãe de Tiago e João, se
aproxima de Jesus para pedir-lhe que faça sentar os seus filhos junto a Ele em
Seu reino. Este episódio deu a Jesus a oportunidade de apresentar três atitudes
fundamentais na liderança cristã: o sofrimento, a igualdade e o serviço.
O sofrimento: As pressões da liderança
são enormes. Um líder deve estar preparado para sofrer, algumas vezes em
segredo, para cumprir com seu chamado.
A igualdade: Os ministros são iguais
em autoridade no corpo de Cristo. Eles se relacionam como cavalheiros ao redor
de uma mesa redonda e não como soldados de um exército com um sem fim de
cargos. O governo bíblico é uma associação de ministros que trabalham juntos
como despenseiros de Deus, portanto, iguais e que se respeitam mutuamente. As
complexas hierarquias autoritárias não têm lugar no Reino de Deus porque são
carnais em sua concepção e nos levam às mesmas coisas, pelas quais Cristo
repreendeu aos dois discípulos, em Mateus 20.
O serviço: Os líderes devem ter uma atitude
de servo no lugar de uma atitude de chefe. Para os líderes, as pessoas são o
tudo de seu trabalho e não as ferramentas que podem usar para conseguir seus
próprios fins. O que estavam Tiago e João buscando e como chegaram a isto? Eles
buscavam status e honra por meio da manipulação. Eles pensavam que o
Reino de Deus se estabeleceria como qualquer outro governo, com Jesus como
governante supremo, seguido por uma série de pessoas ordenadas em cargos. Note
que os dois discípulos não mencionaram nada sobre fazer o trabalho,
somente se referiram aos cargos. Podemos imaginar eles maquinando entre si:
Jesus pode ser um pouco duro conosco algumas vezes. No entanto, Ele é muito
gentil com as mulheres. Vejamos se conseguimos que mamãe fale com Ele, e talvez
ela tenha sucesso e consiga um melhor trato para nós. Isto é manipulação e
politicagem, procedimentos típicos no mundo, notem que Jesus não os repreende
por sua ambição, porque a ambição é uma boa coisa se é para a glória de Deus.
Jesus os admoesta contra buscarem a própria honra.
Jesus também esclarece que Ele não está encarregado das promoções
no departamento da equipe. O Pai, sim (v.23). Eles estavam falando com a pessoa
errada. Disto podemos ver uma indicação do primeiro princípio da liderança
cristã no Novo Testamento: é um dom de Deus.
Considerações finais
Chegamos ao fim da nossa primeira jornada, observamos que
liderança cristã esta intimamente ligada à influência interpessoal que um homem
ou uma mulher pode exercer sobre outros principalmente pela atuação do Espírito
Santo, percebemos também que o líder precisa se preparar para exercer sua
vocação que é um dom de Deus. Observamos que uma boa liderança é aquela em que
se conquistam as pessoas para que seja executado o trabalho, pois, uma
liderança impositiva só nos leva a conflitos.
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA. João Ferreira de.
Bíblia Sagrada. Ed. Revista e Corrigida – São Paulo. SBB 1994.
SHEDD, Russel P. O líder
que Deus usa (Resgatando a liderança Bíblica para a igreja no Novo Milênio). São
Paulo. Ed. Vida Nova 2001.
SANDERS, J. Oswald. Paulo o
Líder (Uma visão para a liderança cristã hodierna). São Paulo. Ed. Vida
2002.
Apostila Liderança Cristã, (Princípios
e Prática). Roger L. Smalling. 2005.
Apostila Liderança Cristã, (Crescendo
no entendimento e exercício da boa liderança). Jose Elias Croce. 2008.
DUSILEK, N.G. Liderança
Cristã, (A arte de crescer com as pessoas). Rio de Janeiro. Juerp, 1987.
CHIAVENATO, I. Recursos
humanos. Ed. Compac. São Paulo: 1997.
SANDERS, J. Oswald.
(Liderança). São Paulo. Ed. Mundo Cristão, 1985.
Apostila, (Ética de
Liderança Bíblica). Pr. Isac Virgilio Lúcio. 1999.
ELABORADA POR EV. MARCOS MORAES DE PAULA
A DEUS SEJA TODA GLORIA
O que define uma religião
17:19 Marcos M. de Paula
O
que define uma religião
Definir religião segundo Usarsk é
fundamental para a ciência da religião, ele propõe três métodos para alcançar
esse objetivo, primeiramente realizando um estudo etimológico da palavra, ou
seja, buscar a raiz histórica da palavra. A segunda forma ele a classifica como
definição funcional, baseada na premissa, quais são os efeitos da religião. Por
fim, ele destaca a definição substancial, que enfatiza a diferença entre
religião e filosofia. Em todos esses processos Usark apresenta exemplos
concretos de procedimentos quanto a cada um desses métodos na tentativa de
definir religião. É interessante que ele apresenta estas formas e suas
possibilidades e dificuldades. Porém, o que me chamou a atenção foi sua última
fala, quando ele conclui dizendo, que na modernidade o fenômeno religioso se
apresenta como uma esfera autônoma, ou seja, independente, contudo ligada a intimidade
humana em sua prática, intercambiando com outras ciências. Diante dessa
dimensão diversificada e complexa em
definir religião é extremamente relevante estar aberto à multiplicidade de
manifestações religiosas, se quisermos compreender melhor o fenômeno religioso.
No
pensamento tilichiano religião é uma atitude do espírito em que elementos objetivos,
teóricos e emocionais estão atrelados para formar um todo, visto ser a religião
a dimensão de profundidade da existência. Tillich relaciona religião com fé, e
fé para ele é estar possuído por uma preocupação última.
Diante
de todos esses pressupostos fica claro o desafio que a filosofia da religião
tende a enfrentar no diálogo inter-religioso na busca de uma definição coerente
as múltiplas tradições religiosas bem como no pensamento filosófico.
https://www.youtube.com/watch?v=3fyiV1fcB3U.
Acesso: 23/06/2020.
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