Este blog tem como objetivo trazer reflexões bíblicas, filosóficas e educacionais que estimule a fé o pensamento critico e o respeito pela vida.

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Cuidando de si mesmo 1 Tm. 4.16



CUIDANDO DE SI MESMO




INTRODUÇÃO


“Tem cuidado de ti mesmo”. 1 Tm. 4.16.  Este foi o conselho do apóstolo Paulo a Timóteo. Tem cuidado, ou seja, tenha o hábito de dar atenção constante a si mesmo, de que maneira? Apegando-nos à Palavra de Deus, para que possamos ser moldados por ela, “conforme a imagem de seu Filho” Rm. 8.29, no amor, santidade e obediência.  De ti mesmo, ou seja, com o que és e com o que fazes. Manter o cuidado de si mesmo exige uma atenção especial, sacrifício, renuncia, levar a cruz, pois, precisamos apresentar ao mundo o que Jesus pode fazer na vida daqueles que abraçam a fé cristã. Viver como um cristão autêntico em pleno século XXI não é uma tarefa fácil, principalmente falando em termos de Brasil aonde a cada esquina encontramos uma igreja que se diz evangélica. Diante de tantas opções se faz necessário compreender o que é cuidar de si mesmo e da doutrina. Isto é o que vamos tratar neste pequeno trabalho, vamos abordar alguns cuidados que precisamos cultivar em nossa vida espiritual, ministerial, pessoal, familiar e social, bem como suas implicações, como poderemos conservar a sã doutrina sem nos corromper no exercício da tarefa que Deus nos outorgou. Não é nossa pretensão ser a última palavra ou mesmo atingir um estudo exaustivo do tema, mas trazer algumas reflexões que nos ajude a vivenciar um cristianismo bíblico e autêntico. Que Deus nos abençoe e que possamos compreender a importância deste tema tão relevantes para nossa vida pessoal e ministerial. Amém!
Ev. Marcos Moraes de Paula

I. Cuidar de se si mesmo

O cuidado de si mesmo desempenha uma função decisiva na vida do crente seja ele obreiro ou não. Não se trata, necessariamente, de um olhar narcisista sobre o próprio eu. O cuidado de si exige saber combinar as aptidões com as motivações. Exemplo: não basta termos aptidão para a música se não sentimos motivação para ser um músico. Da mesma forma, não nos ajudam as motivações para sermos músico se não tivermos a aptidão para isso. Desperdiçamos energias e colhemos frustrações. Na vida cristã e ministerial acontece o mesmo não adianta querer ser um obreiro (a) se não houver motivação e principalmente o que chamamos de vocação, que segundo José Deneval 1998, pode ser definido como a convicção da chamada de Deus para o ministério, não chegaremos a lugar nenhum. Ele segue dizendo, à natureza intrínseca da chamada para o ministério neotestamentário apresenta duas características fundamentais, primeira, divina, uma vez que a chamada ministerial é de responsabilidade do Senhor “e Ele deu, uns para...” Ef. 4,11, e pessoal, ou seja Deus tem a missão certa para a pessoa certa. 
  
Cuidar de si mesmo é amar-se, acolher-se, reconhecer sua vulnerabilidade, poder chorar saber perdoar-se e perdoar e desenvolver a capacidade de após os momentos de adversidade, conseguir se adaptar e evoluir positivamente frente à situação e ao mesmo tempo aprender com os próprios erros e contradições. O obreiro (a) precisa entender que cuidar de si mesmo envolve toda sua vida pessoal, familiar, psicológica, emocional, física e espiritual. Pessoal, porque cada um dará conta de si mesmo a Deus (Rom. 14.12), familiar porque estamos inseridos no contexto criado por Deus em que a família é a celular mater da sociedade (Gn.1. 27,28), emocional, porque cada pessoa desenvolve suas próprias formas de interagir com as emoções, de acordo com suas experiências de vida, física porque temos um corpo que precisa de determinados cuidados, pois é através dele que manifestamos nossa própria existência, e espiritual porque o cristão tem o que o homem natural não tem (1 Co. 2:14), tendo nascido de novo (Jo. 3:3-5) tem recebido uma nova natureza (2 Co. 5:17).

1.1 O Cuidado pessoal:
          
           Segundo Deneval 1998, uma das armas mais eficazes que Satanás tem usado contra a igreja do Senhor Jesus é desviar obreiros (as) de suas reais prioridades, uma delas é o cuidado pessoal. O cuidado de si mesmo, precisa ser experimentado a partir da nossa experiência ético-moral que é sempre singular e intransferível. A Palavra de Deus nos ensina que o primeiro mandamento é amar a Deus acima de todas as coisas, e amar ao próximo como a si mesmo, (Mat22. 34-40). O apostolo Paulo diz; “Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne antes a alimenta e sustenta como também o Senhor à igreja” Ef. 5. 29. Amar a si mesmo é o primeiro cuidado que devemos cultivar em nossa vida. Cuidar de si envolve várias dimensões da nossa existência, a maioria das pessoas é capaz de sacrificar qualquer coisa incluindo todo o seu dinheiro para gozar de uma boa saúde. Mas muitas vezes a ignorância espiritual impede-as de fazer um sacrifício similar quanto à saúde da alma.

Precisamos compreender que o cuidar de si mesmo envolve o homem em todo o seu ser espírito, alma e corpo (1 Ts. 5. 23). Cuidar do próprio corpo é algo natural, visto que, ninguém quer ficar enfermo. Desta forma alimentar - se procurar dormir bem não é algo difícil de realizar, mas muitas vezes não nos preocupamos, por exemplo, com a nossa aparência pessoal. Não somente obreiros, mas todos os crentes precisam cuidar de sua aparecia pessoal. Trajar-se com decência, elegância e discrição fazem parte da vida daqueles que cuidam de si mesmo. É interessante notar que (Lv. 8. 7-13) observamos que os sacerdotes se vestiam com suntuosidade e roupas especiais e era uma exigência divina.

            Um obreiro nunca pode se descuidar da sua higiene pessoal, sua aparência e vida moral, pois, tudo isto faz parte do nosso testemunho apresentar-se de forma que não cause escândalo, “Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado 2 Co.6. 3, “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus” 1 Co. 10. 32. Apresentar-se de forma condizente com a fé que professamos é dever de cada crente, e envolve desde a higiene pessoal até nossos atos morais. Coisas simples da vida são muito significantes para quem nos observa, vejamos; o obreiro, com barba feita, cabelos cortados, unhas limpas, sapatos engraxados bem apresentável terá muito mais respeito dos que lhe observam do que aqueles que não se preocupam com sua apresentação pessoal, alguns até dizem: “o importante é o espiritual”, cremos que a vida espiritual é sim prioridade, mas, uma boa aparência pessoal faz parte do cuidado de si mesmo. Quanto às irmãs e obreiras da mesma forma devem se vestir com decência e prudência para não chamar a atenção dos homens. É muito perigoso quando algumas irmãs, casadas ou jovens começam a vestir-se com trajes sensuais e excesso de acessórios que não convém aos santos.

           Precisamos compreender que a igreja não pode ter como referência os padrões do mundo e sim os padrões da Palavra de Deus. Cuidar do próprio corpo não significa que estamos cometendo um pecado, quando Paulo diz, “Tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? Gal.3.3, quer dizer, por observar cerimônias judaicas, como a circuncisão, que se faz na carne, Paulo não está condenando o cuidado com o corpo físico e sim, orientando os crentes da Galácia que estavam deixando a doutrina de Cristo e retrocedendo para os costumes judaicos. Portanto quando somos advertidos contra a carne não se está se referindo propriamente ao corpo físico em si, mas no cuidado que devemos ter com a velha natureza adâmica que é propensa aos desejos pecaminosos deste mundo. Contudo, não podemos ignorar os pecados que envolvem o corpo como o adultério e a fornicação que são pecados praticados no corpo. Portanto o cuidado pessoal inicia-se em amar a si mesmo, passa por nossa higiene pessoal, aparência pessoal e vida moral (Ef. 5. 3; Rm. 13.13). Quanto à vida moral trataremos no próximo tópico com mais detalhes.

1.2 O cuidado com a vida moral

            O homem é um ser moral porque é um ser que possui consciência e tem liberdade de escolha. No jardim do Éden, Deus disse a Adão: “Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn. 2. 17). Não vamos tratar de todas as implicações desse juízo predito pelo Senhor, mas podemos inferir pelos acontecimentos que se seguiram que o homem a partir da queda se tornou um ser de consciência moral sabendo o que é certo e o que é errado, passou da dispensação da inocência para a dispensação da consciência.  
        
Qualquer pessoa por mais ínfima que seja, produz efeitos sobre outrem, ou sobre algumas pessoas, tanto para o bem quanto para o mal com efeitos duradouros. Um pai, uma mãe, professor ou líder pode influenciar positivamente ou negativamente toda a vida de uma pessoa que lhe admira. O obreiro (a) deve ter em si mesmo exemplo digno de ser imitado, para a glória de Deus, (2 Ts. 3.9; 1 Tm. 4.12; Tt. 2. 7-8).  Como crentes somos observados atentamente, por nossa família, igreja ao qual pertencemos pela sociedade, pelo reino satânico e principalmente pelo Senhor. Nas páginas das Sagradas Escrituras, observamos que o caráter ético-moral é destacado em vários textos, a partir dos dez mandamentos e percebemos que este fato é amplamente desenvolvido nos dois testamentos. A vida ética-moral está intimamente ligada ao caráter do obreiro, a ética bíblica diz respeito à maneira de vida que a Palavra de Deus indica e aprova, o êxito na vida cristã e no ministério está essencialmente ligado ao caráter santificado do obreiro (1 Pe. 1. 15-16).

A primeira realidade observada na vida de um obreiro é seu caráter ético-moral. A palavra ética é de origem grega derivada de ethos, que diz respeito ao costume, aos hábitos dos homens. Segundo Geisler 2003, quando empregamos a palavra ética, estamos nos referindo a um conjunto fixo de leis (morais) pelo qual se pode avaliar a conduta humana. Moral é o conjunto de regras adquiridas através da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano, e que orientam o comportamento humano dentro de uma sociedade. Etimologicamente, o termo moral tem origem no latim morales, cujo significado é “relativo aos costumes”. As regras definidas pela moral regulam o modo de agir das pessoas, sendo uma palavra relacionada com a moralidade e com os bons costumes[1].

 Para nós cristãos os princípios éticos morais estão claramente desenvolvidos na Palavra de Deus. Paulo escrevendo a Timóteo e Tito descreve vários conceitos quanto à vida moral daqueles que são chamados por Deus para exercerem um ministério na igreja, (1 Tm. 3. 2-13; Tt. 1. 6-9). Embora ética e moral remetam para a mesma realidade e, sejam por alguns consideradas sinônimos os dicionários apresentam certa distinção. A ética indaga à fundamentação do agir, os princípios e valores, a dimensão da interioridade dos atos, aquilo que é mais pessoal. A moral indica ações e normas concretas, é a aplicação dos costumes, dos hábitos e das regras daquilo que foi objeto da ética. Como podemos observar a ética procura aprofundar-se no sentido das normas morais.

A Bíblia relata que o pecado deformou o homem principalmente em seu aspecto moral e distanciou-nos de Deus e como resultado nos tornamos cegos espirituais o que afetou nossa conduta moral. Nos capítulos 1, 2 e 3 de Romanos observamos a decadência espiritual e moral dos homens tanto judeus como gentios, portanto, toda a humanidade. Porém, ao executar a obra de redenção Jesus nos reconciliou com o Pai (Rm. 5. 18-21). A partir desta reconciliação o homem que aceita e recebe a obra redentora de Cristo passa a ter uma nova natureza, Paulo diz; “E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”. Col. 3.10. Neste texto o apóstolo dos gentios dá instruções para uma vida santificada a partir dessa nova realidade, de que o homem pecador ao se arrepender e confessar a Cristo como Senhor, passa a ter uma nova natureza. A vida ética-moral precisa estar fundamentada no homem interior, (Ef. 3. 16 – 19), ou seja, no homem em que o Espírito Santo habita e tem livre ação. Somente aqueles que participam da natureza de Cristo, pela sua experiência pessoal com Ele, poderão agir de conformidade com a ética-moral estabelecida nas Escrituras. Não basta títulos, não basta aparência de cristão é preciso realmente ter nascido de novo se alimentar da Palavra de Deus, ter uma vida de intimidade e comunhão com o Senhor através da oração e viver em obediência. Aprender o que é renúncia e o significado de carregar a sua própria cruz (Mat. 16. 24-26), esses com certeza poderão vivenciar uma vida ética-moral, que terá como resultado o reconhecimento por parte de todos os que lhe observam.  

Os conceitos morais da sociedade pós-moderna não podem ofuscar a revelação gloriosa da Palavra de Deus. Não adianta teorizarmos conceitos de moral e ética é preciso aprofundar-se na intima comunhão com o Senhor e sua Palavra somente assim poderemos vivenciar uma conduta ética-moral relevante. Quando o apóstolo Paulo disse a Timóteo para que ele cuidasse de si mesmo, ele tinha em mente os vários “cristãos” que começaram bem e até pareciam realmente convertidos, mas, se voltaram para as fábulas e heresias. Quando somos guiados pelo Espírito Santo com toda certeza nossa vida ética-moral será de conformidade com a Palavra de Deus, (Jo. 16.13; 1 Jo. 5. 2-4).

1.3 O cuidado com a Família

Temos observado que as prioridades daqueles que cuidam de si mesmos, parte do cuidado pessoal que envolve o corpo e a vida ética-moral. Queremos focar neste momento o lado social do obreiro com sua família, no tocante a ser presente no lar respeitando e não se esquecendo dos seus deveres para com a sua família, uma vez que, muitos obreiros dedicam-se integralmente ao serviço eclesiástico, não reservando tempo para assistir sua família. Observe a ilustração abaixo:

Certo pai, ao chegar em casa depois de um dia de trabalho ligou a TV e sintonizou no jornal. O filho se aproximou e perguntou: Pai, quanto você ganha por hora? Ele respondeu: Vá brincar menino, porque estou assistindo o jornal. Alguns minutos depois, o garoto voltou a perguntar: Pai, quanto você ganha por hora? Novamente ele respondeu: Vá brincar, não percebe que estou assistindo ao jornal. Pela terceira vez o filho insiste em perguntar, porém agora, o pai irado, gritando muito disse: Se você não se deitar agora eu vou lhe dar uma surra. Logo depois do jornal começou outro programa, e de repente o homem cai em si, lembra do menino e resolve conversar com ele. Vai até ao quarto, e o menino já está dormindo, ele o acorda e diz; Filho vamos conversar? O menino com os olhos meio fechados pergunta: Pai quanto você ganha por hora? O pai responde: Quinze reais por hora. Então me empresta dois: Sim respondeu o pai. Tirou os dois reais e deu ao filho. O menino enfiou a mão na gaveta, tirou treze reais. O pai sem entender perguntou: Por que você pediu dois reais? O menino respondeu: Para juntar com treze que eu tinha, e pagar uma hora para você ficar comigo. 

O exemplo mostra que muitas vezes temos tempo para tudo, trabalho, visitas, igreja, aconselhamento, vizinhos, amigos, TV, exceto para nossa família, deixando assim, de ser presente no lar, fato este que incorrerá em um esfriamento afetivo, prejudicando a unidade do lar. Infelizmente temos ainda que considerar que muitos jovens que estão nas penitenciarias e fundação casa, são frutos de lares evangélicos desassistidos da presença dos pais, no que tange a vida e relacionamento social. Também, não podemos esquecer da realidade dos inúmeros divórcios que tem ocorrido no meio evangélico principalmente por parte de obreiros. Compete a nós, como servos de Deus e cidadãos que possui vida social, olharmos com mais intensidade a riqueza que nos foi proporcionada chamada família, para tal, faz-se necessário ajustarmos nossa agenda no desejo de, nos socializarmos com aqueles que de nós foram gerados.

Estamos vivendo dias em que muitos obreiros estão afetados pelo stress de uma vida agitada, não tendo tempo nem para desenvolver atividades de lazer junto à sua família. Devemos ter consciência das atividades peculiares de cada faixa etária, ou seja, uma criança de 5 anos não deve ter tratamento semelhante a um adulto, no que tange, ao seu comportamento, assim, é natural para esta, pela sua concentração de energia, querer brincar, correr e pular. Com isso queremos enfocar que o obreiro não somente deve administrar como compartilhar destes momentos de lazer com sua família, pois quando percebemos nossos filhos já cresceram e não participamos de sua infância. Lembrando que ao crescer nossos filhos trarão consigo lembranças que lhes darão orgulho de seus pais ou repugnância principalmente quanto a prática religiosa, por vincular está, a censura do lazer.   

Aquele que teme a Deus e ama a sua Palavra descobrirá que frequentemente não é fácil obedecer às orientações de Deus a respeito do casamento e da família. Vejamos alguns deveres indispensáveis para um bom relacionamento familiar, maridos devem amar a suas mulheres como Cristo Amou sua igreja (Ef. 5. 25-28; Cl. 3.19) respeitá-las (1 Pe. 3.7), ser-lhe fiel (Hb. 13.4; Ml. 2. 14,15), com os filhos, amá-los (Tt. 2.4; Instruí-los na Palavra de Deus (Dt. 4.9; Pv. 22.6), não os provocar (Ef. 6.4, Cl. 3.21) e corrigi-los (Pv. 13.24; 19,18; Hb. 12.7).

Mas, para que cumpramos a Palavra de Deus é necessário perceber que a família carece de atenção, cuidado e tempo juntos. Sabemos que a primeira prioridade pessoal do obreiro é seu relacionamento com Deus (At. 6.1-7), entretanto, entendemos que a família, ou seja, a esposa e os filhos devem também ter prioridade em nossa vida. Deneval 1998, aponta para a orientação de Paulo a Timóteo quando ele diz: “que o Bispo governe bem a sua própria casa, criando seus filhos sob disciplina, com todo respeito”, 1 Tm. 3.4. Logo em seguida, ele diz que aquele que não governar bem a sua casa está desqualificado para o ministério. É imperativo que o obreiro não esqueça seus deveres para com a sua família. E estes deveres não podem ser exercidos apenas como uma obrigação formal tem de partir de um coração desejoso de ver e lutar pela felicidade de sua família. Amor, tempo, instrução e correção não podem ser supridas por coisas como muitos fazem hoje para compensar sua ausência.

1.4 O cuidado psicológico emocional

            Este tem sido um assunto no meio evangélico que é pouco tratado, tudo isto porque alguns pensam que distúrbios psicológicos e emocionais não ocorrem com um crente cheio do Espírito Santo, mas devemos pensar então: Por que um crente cheio do Espírito Santo precisa fazer uma cirurgia do coração, como que um crente cheio do Espírito Santo tem diabetes ou câncer, ou gastrite, hepatite ou qualquer outra enfermidade? Temos uma tendência de achar que problemas psicológicos e emocionais são causados apenas por pecados, ação demoníaca até mesmo juízos de Deus, como os amigos de Jó pensavam, mas isto não é verdade.

Que problemas psicológicos e emocionais podem ser devido à pecados concordamos plenamente, pode ser por ação demoníaca sim pode, mas, não é vias de regra principalmente para o crente que é fiel. Porém isto está acontecendo com muitos em nosso meio e uma grande parte não procura um tratamento adequado por medo de serem taxados como crentes infiéis ao Senhor. John Piper 2002, escreveu um livro chamado, “O sorriso escondido de Deus”, neste livro Piper conta a história de três grandes homens de Deus, John Bunyan (1628-1688) que escreveu o livro mais lido no mundo depois da Bíblia “O Peregrino”, este homem ficou doze anos na prisão e tinha crises de depressão profundas, William Cowper, (1731-1800) conhecido como o poeta de um novo avivamento religioso, ele compunha hinos maravilhosos, mas, sofria de terríveis crises de depressão e tentou se matar por várias vezes e passou sua vida sendo monitorado para não executar seu propósito e David Brainerd (1718-1747) um grande missionário entre os índios peles-vermelhas nos Estados Unidos que morreu de tuberculose aos vinte e nove anos de idade, um homem de oração e amor intenso pelas almas e teve uma morte tão prematura, Brainerd além de lutar com uma tuberculose terrível lutava com uma depressão que o acometia periodicamente. Confesso que a partir da leitura deste livro comecei a entender que problemas psicológicos e emocionais e enfermidades acontecem com muitos crentes fiéis ainda hoje. É fato que a Palavra de Deus não trata especificamente desses problemas com os conceitos e termos contemporâneos, mas, não podemos ignorá-los.

            Segundo o pastor (Paul Hoff 1992), todas as pessoas têm necessidades sociais, físicas e psicológicas que devem ser satisfeitas para que desfrutem de uma boa saúde mental. Entre as principais necessidades sociais encontra-se a necessidade de segurança, de aprovação, de ter amigos, de obter êxito ou de conseguir algo útil, e de estar livre do menosprezo social. A pessoa necessita também sentir-se segura quanto às necessidades materiais básicos, tais como o meio de ganhar a vida, um lugar onde possa morar e projetar algo para o futuro. Todo mundo necessita que alguém ou algum grupo respeite sua individualidade e o aceite pelo que ele é. Além do mais, a pessoa tem necessidades físicas, tais como alimentação, bem-estar corporal. Têm também necessidades psicológicas, necessidades de divertir-se, de ter liberdade de ação e de poder lutar pela conquista de seus objetivos pessoais, aspirações e ideais. Quando algumas dessas necessidades básicas são obstruídas com toda certeza pode causar problemas emocionais. O equilíbrio psicológico e emocional consiste em manter um estado de apreciação da vida buscando o equilíbrio de mente, corpo e alma para com Deus e sua criação.
Ter um problema psicológico não significa que faltou “força de vontade”. Ter uma depressão não significa que a pessoa “quer sofrer”. Ter síndrome do pânico não significa que todos os sintomas passarão se esta pessoa “souber que não tem problemas em seu corpo, mas tem em sua mente”. Ser portador do TOC – transtorno obsessivo - não significa que para ficar curada ela deve “apenas parar de fazer o que vem fazendo”. Ser bipolar não significa que a pessoa “precisa se controlar”. Eu gostaria de mostrar que um problema de ordem emocional – mental - comportamental – sentimental, enfim psicológico, deve ser respeitado e tratado como qualquer outra doença. Ter um problema psicológico emocional não significa que tal pessoa não seja um crente fiel.
Geralmente, obreiros passam por muitas situações difíceis, com a família, com os irmãos na igreja, no próprio ministério e às vezes verdadeiros furacões interiores e tempestades ocorrem em nosso cotidiano. A grande questão é que por ter algum cargo ministerial ou outro qualquer na igreja pensamos que vamos ser mal interpretados se alguém souber que estamos com problemas emocionais. Precisamos compreender que Deus deu entendimento ao homem nestas áreas para que fossem tratados. Cremos no poder curador do nome de Jesus, mas, se o Senhor não quer curar então temos que buscar ajuda especializada. Quando Jesus esteve no tanque de Betesda, o Senhor curou apenas um homem e a Palavra de Deus nos diz que; “Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados, esperando o movimento da água”, Jo. 5.3. O Senhor esteve ali e curou apenas um e quem pode questionar a soberania do Senhor? Imagine esta situação, uma família que tenha seus filhos todos criados na igreja, mas, de repente um desses filhos se volta para as drogas, ou a filha perde a virgindade antes do casamento e vai morar com um homem sem se casar, de que forma um pai obreiro ou uma mãe obreira irá enfrentar esta situação? Uma situação desta pode causar problemas emocionais e psicológicos nesta família? A resposta é sim. Infelizmente hoje muitas famílias crentes estão enfrentando problemas onde um dos filhos ou filhas tem problemas de sexualidade. Isto causa um grande transtorno e pode sim produzir no pai na mãe ou irmãos problemas emocionais. Ser caluniado, desprezado, desrespeitado, problemas financeiros etc., tudo isto pode causar problemas emocionais.
Segundo (Paul Hoff 1992), existem quatro etapas em que as mudanças físicas e sociais produzem, em geral, tensão psicológica extraordinária. São estas: a adolescência, a maternidade, a menopausa e a velhice. Como obreiros precisamos saber lidar com tais problemas. Porém, se obreiro não estiver numa condição emocional bem ajustada como poderá cuidar dos membros da igreja? O obreiro deve conhecer esses problemas com certa profundidade, se ele quiser compreender sua esposa, seus filhos e os demais membros da igreja, se ele quiser compreender sua própria condição emocional. Podemos dizer que a saúde emocional é um estado de bem-estar em que a pessoa é capaz de utilizar as suas habilidades em seu favor além de poder lidar com fatores estressantes da vida de forma tranquila além de ser produtiva e contribuir com a sociedade.[2]  Contudo, confiar em Deus e nas suas promessas e ser fiel a ele continua sendo a principal arma do crente contra essas situações. Desta forma, se você é um crente fiel e mesmo assim está passando por algum problema desta natureza procure ajuda especializada. Continue confiando no Senhor. No nosso próximo tópico trataremos de como podemos nos precaver desse mal.
1.5 O cuidado com a vida espiritual
            Deixamos este item para este momento, todavia o relacionamento com Deus que é a base da vida espiritual entendemos ser a primeira prioridade na vida de um crente. Vamos abordar este tópico partindo de um exemplo extraído das Escrituras, a fim de que tenhamos uma melhor compreensão do cuidado que devemos ter com a nossa vida espiritual. Vida espiritual nos fala do nosso relacionamento íntimo com o Senhor. No livro de Atos dos apóstolos encontramos uma situação interessante. Os apóstolos foram tentados a desvirtuar suas reais prioridades (At. 6. 1-7) Deneval 1998. Aparentemente o motivo era justo. Os helenistas achavam que suas viúvas estavam sendo desprezadas na distribuição diária de alimentos, então foram aos apóstolos e pediram uma solução para o problema. Os apóstolos não abriram mão de suas prioridades: “Nós nos consagraremos à oração e ao ministério da Palavra”, At. 6.4. A Bíblia diz que eles elegeram outros para executar este trabalho. Aprendemos duas grandes verdades nesta passagem, que precisamos priorizar a nossa vida pessoal e a ministerial. A primeira prioridade pessoal do obreiro que cuida de si mesmo é o seu relacionamento com Deus (At. 6.4), ao tomarem esta decisão eles estavam seguindo o exemplo de Jesus, que embora sendo Senhor e Mestre, separou parte das horas do dia para se dedicar a comunhão com o Pai, (Mc. 1. 35; Lc. 5. 16, Mat. 14. 23). Compreendemos que a vida agitada do século XXI, muitas vezes não nos deixa tempo para nos dedicar a oração e ao estudo da Palavra de Deus como convém aos santos, mas sem estas ferramentas espirituais não vamos conseguir executar a obra de Deus como convém. O resultado desta negligencia é que podemos ficar vulneráveis as tentações, seduções e aos ataques psicológicos e emocionais do inimigo da nossa alma.  
Para muitos a questão fundamental na vida ministerial do obreiro é realizar a obra de Deus, precisamos sim realizar a obra de Deus, porém, não devemos esquecer que o Deus da obra deve ser nossa primeira prioridade. Temos muitas responsabilidades na igreja e na vida da congregação por isso devemos cultivar uma vida espiritual sadia e frutífera, caso contrário, estaremos fadados ao insucesso. O obreiro (a) é alguém que tem responsabilidades espirituais para com sua própria pessoa, sua família, sua igreja e sociedade. A razão principal do fracasso de tantos obreiros é a sua falta de espiritualidade, isto porque priorizam a obra, porém não priorizam sua intimidade com o Deus da obra.
Portanto, para se alcançar uma vida espiritual plena, é necessário que o obreiro tenha disciplina e se entregue diariamente a oração e ao estudo da Palavra de Deus, reservando um tempo do seu dia para estar com o Senhor a sós. Quando se descuida da oração e do estudo da Palavra de Deus, abre-se um caminho para a derrota, para o fracasso, para o pecado e para a ruína de seu ministério. As grandes personalidades cristãs, as quais tiveram um grande êxito, sempre estiveram em contato vivo com a Palavra de Deus e a oração, exemplos; Daniel Berg, Gunnar Vingren, Lutero, Moody, Whitefield, Wesley, Billy Graham entre outros. E o exemplo maior é nosso Senhor Jesus que por muitas vezes estava só orando e buscando comunhão com o Pai, (Mc. 1.35).
II. O cuidado com a Doutrina
            Até agora tratamos sinteticamente dos cuidados que devemos ter com nossa vida pessoal, mas, o conselho de Paulo é que Timóteo deveria cuidar também da doutrina. Vamos abordar a doutrina de forma diferenciada da forma tradicional. A forma tradicional é estudar a doutrina de Deus (Teontologia), Cristologia (doutrina de Cristo) Pneumatologia (doutrina do Espírito Santo), Escatologia (doutrina das últimas coisas), etc., no contexto da Teologia Sistemática. Vamos fazer diferente iremos tratar das doutrinas relacionando-as com os temas contemporâneos, ou seja, utilizando os temas que estão sendo discutidos em nossa geração. Muitas vezes conhecemos bem todas as doutrinas cristãs sistematicamente, mas, não conseguimos relacioná-las com os temas importantes do século XXI.
Na verdade, se os fundamentos forem destruídos, o que pode fazer o justo” Sl. 11.3
            Este versículo reflete bem a importância das doutrinas bíblicas para contemporaneidade, visto que sem fundamentos não existe alicerce. E os grandes questionamentos humanos atualmente estão firmados em pensamentos do tipo existe realmente um Deus pessoal bom e justo, uma vez que muitas catástrofes, muito sofrimento humano está acontecendo, pessoas consideradas boas sofrendo enquanto, que outras perversas parecem sempre estarem muito bem e felizes. Será realmente que a Bíblia é a Palavra de Deus. Mas, fato é que as doutrinas bíblicas foram se desenvolvendo durante séculos de estudo e meditação justamente para responder a tais indagações. Sabemos que o Senhor Jesus Cristo é o fundamento do cristianismo juntamente com seus ensinos, ou seja, a Bíblia Sagrada que é composta de Antigo e Novo Testamento. Mas, para aplicarmos a Palavra de Deus em nosso cotidiano é importante que estejamos conscientes do modo de pensar da nossa geração, “século XXI”. Por isso é necessário que além dos conhecimentos teológicos e principalmente da história da igreja é necessário que tenhamos um prévio entendimento da história geral, assim teremos condições de compreender o pensamento pós-moderno e estruturar nossa experiência de fé tendo como base a Palavra de Deus. Vamos fazer uma rápida síntese do período da renascença até aos dias de hoje, porquanto é a partir desse período que ocorre as grandes transformações no pensamento humano até aos dias de hoje. Queremos ressaltar que veremos todo esse período sempre pelo viés interpretativo da visão religiosa, para depois examinarmos os conselhos os fundamentos e princípios bíblicos, que nos auxiliará no exercício do ministério.
A Renascença, Renascimento ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da história da Europa aproximadamente entre meados do século XIV e o fim do século XV, que foi um movimento cultural surgido no norte da Itália. A Renascença tem uma importância fundamental para a compreensão do desenvolvimento humano até aos nossos dias, por quê?   Porque até à renascença a igreja católica dominava o mundo, todo o saber, todo pensar, todo o refletir estava nas mãos da igreja. Tudo tinha que passar pelo víeis, ou seja, pela lente interpretativa da igreja. Com a renascença, toda a estrutura medieval, em que a igreja dominou o mundo foi mudada, transformada pelo menos em cinco áreas importantíssimas.

Área foi a da economia, porque surge uma nova classe social chamada burguesia, (Burguesia é uma classe social do regime capitalista, onde seus membros são os proprietários do capital, ou seja comerciantes, industriais, proprietários de terras, de imóveis, os possuidores de riquezas e dos meios de produção), sobretudo  com a descoberta de novas frentes de economia, a descoberta da América, Brasil a rota das Índias, tudo isso contribuiu para que a economia saísse do domínio e do controle da igreja. A partir daí a igreja perdeu o controle econômico e isto foi importantíssimo, porque se tornou em um divisor de águas na história humana.

Área foi a das artes, até a renascença, na idade média nenhum pintor artístico podia expressar a sua arte se não pelo víeis da igreja. Poderia se pintar em um quadro o seu próprio rosto, porém o corpo deveria ser de um santo venerado pela igreja. Tudo tinha que ser filtrado pela hermenêutica, pela visão da igreja, até que Michelangelo (Um dos maiores representantes das artes plásticas do Renascimento italiano), e Leonardo da Vinci um dos mais importantes artistas italianos do Renascimento, iriam romper com este padrão. Com obras totalmente distintas da visão da igreja. Com isto, ou seja, com esta atitude a arte deixa de ser um monopólio da igreja, e isto foi uma grande revolução para o período.

Outra área muito importante neste processo de transformações foi a área política. Até a Renascença a igreja tinha um relacionamento espúrio com o estado, o papa depunha reis e colocava reis no trono, até que Maquiavel escreve o livro, o príncipe e mostra a necessidade de existir uma divisão entre estado e igreja, ou seja a igreja não pode ingerir no estado e o estado não pode ingerir na igreja, pois são dois poderes que devem ter independência. A partir daí rompe – se essa questão fundamental que foi a questão política.  

Área foi a ciência. A ciência também estava nas mãos da igreja. Até que Nicolau Copérnico faz uma afirmação ousada para sua época de que o mundo não era geocêntrico, mas heliocêntrico. (Na Grécia Antiga, por volta de 350 a.C., Aristóteles passou a idealizar a teoria de que a Terra estaria no centro do universo, e de que todas as outras esferas girariam ao redor dela. Muito tempo se passou e então no século II d.C., o astrônomo e matemático Claudio Ptolomeu, não apenas reforçou a teoria de Aristóteles, como elaborou a teoria Geocêntrica – teoria que defendia plenamente a ideia de que a Terra se encontrava no centro do universo). Na verdade Copérnico não teve coragem de defender essa tese, a não ser no final da sua vida, pois ele sabia das implicações disso, mas seu discípulo Galileu Galilei, vai defender essa tese e ele é preso e precisa se retratar para não morrer. Porém, o simples fato de já mostrar que a terra não era o centro do universo e sim o sol tirou a hegemonia da igreja a ciência. Hoje sabemos que a terra não é heliocêntrica, pois o universo é muito mais vasto e amplo do que podia se conceber nos séculos 14 e 15.

Área foi a religiosa, pois até então a igreja era detentora da verdade. Mais importante do que os textos bíblicos era as interpretações que a igreja passava dos textos sagrados, desta forma, as pessoas só podiam ler a Bíblia pelas lentes interpretativas da igreja. Era a igreja que dizia o que era verdade e o que não era, porque a interpretação da igreja era a interpretação oficial, disto surgiram os vários dogmas não pautados pela Palavra de Deus, tais como adoração aos santos, dogma de Maria a extrema unção etc., até que um monge agostiniano tem acesso ao texto de Rm. 1.17 e isso muda sua vida, sua visão com respeito a religião e teologia, e muda de certa forma a história da igreja, porque tira das mãos da igreja oficial o domínio da interpretação, ou seja, o livre exame das Escrituras. 
  
Outros acontecimentos foram de vital importância neste processo, um deles foi a descoberta da imprensa por Gutemberg, em 1450, em seguida vem os pré-reformadores até que finalmente em 31 de outubro de 1517 vem a proclamação da reforma e o mundo começa um novo período de liberdade.
Depois no século 17 vem o racionalismo e no século 18 o iluminismo. O iluminismo põe o homem no centro e deixa Deus de lado, o homem passa a ser a medida de todas as coisas, o homem agora é o centro de tudo e surge o pensamento; não precisamos de Deus o homem é um Deus. O iluminismo vem com esta bandeira da centralidade do homem da grandeza e força do homem do poder da capacidade do homem, o que ficou conhecido como humanismo.

A partir daí começamos a viver uma geração homocêntrica, antropocêntrica e nesta geração o otimismo era imenso o homem haveria de construir um paraíso pelas suas próprias mãos, está era a perspectiva no mundo secular, ou seja, através da ciência da filosofia se construiria um mundo melhor. No mundo religioso este otimismo estava presente só que num outro eixo, por exemplo: foi o período básico de duas coisas:

foi o período fundamental, conhecido como período escatológico que chamamos de pós-milenismo. O pós-milenismo estava no auge, e o que o pós-milenismo ensinava?  Ensinava que nós a igreja vamos cristianizar o mundo, nós vamos ganhar o mundo para Jesus, foi o período das missões modernas o lema era vamos ganhar o mundo, nós vamos conquistar o mundo para Jesus. Neste período levantam –se alguns grupos religiosos ufanistas, por exemplo os adventistas do sétimo dia, o movimento dos santos dos últimos dias e 1906 na rua Azuza Los Angeles o movimento Pentecostal uma explosão mundial como nunca se tinha visto na história da igreja, trazendo um avivamento espantoso. Enquanto o mundo dizia vamos construir um paraíso, um mundo melhor, pelo humanismo, pelas artes, ciência e pela filosofia, pelo saber humano, na igreja o otimismo era vamos construir um paraíso para quando Jesus voltar e estabelecer o seu reino estejamos todos prontos, preparados. Este fervor otimista estava tomando a humanidade inteira. Foi dessa maneira que entramos no século XX.

Só que este ufanismo teve um golpe tremendo, pois em 1914 acontece a 1º guerra mundial, sendo a primeira vez que se usava a ciência para matar pessoas, metralhadoras, fuzis, gás de mostarda, trinta milhões de seres humanos são mortos, de certa forma a 1º guerra mundial refutou as teses de Augusto Comte pai do positivismo, Comte dizia que, o que precisávamos para a humanidade ser perfeita e estabelecer um paraíso na terra era a educação. Foi sob este lema que o Brasil nasce debaixo dessa bandeira, do positivismo ordem e progresso. Porém a 1º guerra mundial mostrou que o conhecimento sem a transformação não muda ao homem em um ser civilizado e nem espiritual, mas o transforma num monstro. Não basta informação é necessária transformação (Jo. 3.3).

Depois desta guerra, a Alemanha, saiu destruída, porém em 1932 a Alemanha ressurgi das cinzas e um chanceler alemão prometia novamente ressuscitar os sonhos de um paraíso na terra Hitler. Em 1939, a Alemanha invade a Polônia então tem início a 2º guerra mundial. E agora essa guerra tem proporções muito mais amplas e vastas e 60 milhões de pessoas perdem a vida, 6 milhões de judeus são trucidados. E o que acontece, os três países do eixo Alemanha, Itália, e Japão se unem para lutar contra o mundo inteiro e nesta guerra brutal e desumana os Estados Unidos saem fortalecidos, porque 1945 lança a bomba atômica em Hiroshima e Nagazake e está guerra termina. Porém, termina com Alemanha, Itália e Japão destruídos arrasados. A partir daí os EUA vão investir nestes países para mostrá-los como vitrine do mundo, para dizer o seguinte: que o capitalismo é o reino do bem e o socialismo o reino do mal, porque já em 1917 o império Russo dominava a questão do comunismo, pois dominou 1/3 do planeta.

E o comunismo foi o principal braço da opressão do martírio dos cristãos, assim como ocorreu nos três primeiros séculos da história da igreja, neste período morreu muitos cristãos sobre o braço do comunismo. É importante salientar, que agora começa um novo período na história, a chamada guerra fria, de um lado o capitalismo liderado pelos EUA e do outro o socialismo liderado pela União Soviética, está guerra ficou conhecida como guerra nas estrelas. Até que chegamos à década de 50, chamada de anos de ouro (golden years), pela primeira vez jovens, adolescentes vão ter uma moto, é a época em que as pessoas estão tendo geladeira, radio em suas casas, é a época em que famílias estão encantadas com os bens de consumo em que as mulheres estão saindo de casa para trabalhar os bens começam a encher os olhos das pessoas.

É aqui que começa um período interessante, o pai e a mãe saem de casa para trabalhar encantados com os bens de consumo e esquecem os filhos, pensam que podiam substituir presença por presentes. E o que acontece com está geração? Levanta-se na década de 60 os 4 cabeludos de liverpool os Beatles com três bandeiras: sexo, drogas e misticismo. E está geração virou a cabeça, com a contracultura, começou a era dos hippies. Essa geração mudou todo paradigma, se o paradigma era viver em família, vamos viver fora da família, se o paradigma era casar-se, agora vamos viver praticando sexo grupal, se o paradigma era ter a religião ocidental, vamos buscar a religião oriental, se o paradigma era usar roupa tradicional, vamos usar roupa não convencional. O que acontece?

Chegamos ao ano de 1968, esse ano é um ano extremamente importante, foi a época da revolução dos estudantes (O movimento de maio de 1968, na França, tornou-se ícone de uma época onde a renovação dos valores veio acompanhada pela proeminente força de uma cultura jovem. A liberação sexual, a Guerra no Vietnã, os movimentos pela ampliação dos direitos civis compunham toda a pólvora de um barril construído pela fala dos jovens estudantes da época. Mais do que iniciar algum tipo de tendência, o maio de 68 pode ser visto como desdobramento de toda uma série de questões já propostas pela revisão dos costumes feita por lutas políticas, obras filosóficas e a euforia juvenil). Outro evento importante deste período foi o da primavera de Praga, (A Primavera de Praga foi um movimento político ocorrido na Tchecoslováquia em 1968. Liderado pelo chefe de estado Alexander Dubček, o movimento buscou implantar reformas liberalizantes, que eram contrárias ao socialismo centralizador e conservador soviético). 

No Brasil os estudantes usando sandálias havaianas entram no palácio do Planalto e balançam os dedos na cara do presidente Costa e Silva, neste período Costa e Silva baixa a famosa lei chamada AI5, mergulhando a nação brasileira numa amarga ditadura militar. Na mesma época os estudantes americanos colocavam florezinhas nos canos dos fuzis dos soldados, os EUA perderam a guerra do Vietnã. Vem a década de 70 e o que aconteceu com o movimento hippies? Esses jovens estavam morrendo de sífilis, gonorreia e Blenorragia na miséria com a vida absolutamente infeliz, eles perceberam que está vida sem rumo, sem freios estava os levando para a destruição, devido as drogas e sexo irresponsável.

Aí veio a década de 80, a era Reagan e nesta era, também chamada de guerra nas estrelas um fato curioso acontece, é que a união Soviética perde essa guerra do neoliberalismo e chega o ano de 1985 em que Mikaiu Borbashovisk escreve o livro a Perestroika e admite publicamente a União Soviética está quebrada, falida. Chegamos a um ano importante que é 1989, foi o ano em que o muro de Berlim foi derrubado, isto significava que de certa forma não foi uma parede de concreto que foi destruída, foi uma questão de ideologia e nesse momento entramos na década de 90 sem mais uma bandeira ideológica. O que aconteceu os Shopping Center explodem no mundo e as pessoas não tem mais idealismo, não tem mais utopia, não tem mais a cara pintada para sair na rua para reivindicar direitos os jovens agora querem curtir o aqui e agora tão somente, foi a partir de 1989 que entramos na chamada pós-modernidade. Observem que a modernidade e a pós-modernidade teve sua origem em muitos movimentos que marcaram os séculos anteriores, formulando as novas ideologias de ação política, novas reflexões filosóficas acompanhados do processo de industrialização que mudou a face do mundo nas áreas do trabalho, ciência, religião, política, o que ocasionou diversas formas de pensamento. Vejamos:

A. Pluralização. Pluralização é a ideia de que existem muitas ideias, muitos valores e nenhum deles é absoluto. Neste mundo plural pregar uma mensagem absoluta, uma verdade não é possível, uma vez que existem muitas verdades.
B. O Humanismo. Em termos filosóficos, o humanismo significa a valorização exacerbada do homem, tornando-o “a medida de todas as coisas. No Humanismo não há lugar para Deus.
C. Secularismo. É a filosofia que valoriza as coisas seculares (deste século), e não valoriza as coisas espirituais. É a vida profana. É a sistemática oposição aos reclamos de uma vida santa e piedosa proclamados pelos profetas, apóstolos e mesmo pelo Senhor Jesus. É um tempo dominado pelo “deus deste século” 2 Co. 4.4.
D. Naturalismo. É a filosofia, segundo a qual todos os fenômenos observáveis têm causas naturais, físicas, químicas, ou orgânicas, sem a intervenção de Deus, ou de qualquer outra causa transcendente. A chamada Teoria da Evolução é a expressão máxima dessa visão filosófica. É por excelência uma visão ateísta do mundo e de todas as coisas. “Disse o néscio no seu coração não há Deus”. Sl. 53.1. Neste pensamento, o criacionismo cristão é totalmente ignorado.
F. Relativismo. Nessa filosofia não há lugar para os conceitos absolutos de verdade, dignidade, ética e muito menos de fé em Deus. Tudo depende de conceitos subjetivos. O certo e o errado dependem das circunstâncias.
Percebemos que a pós-modernidade visa derrubar fundamentos importantes, como conceitos e valores absolutos. Com o abandono das verdades absolutas, não há parâmetros objetivos a serem seguidos. Desde a música ao turismo, à TV e mesmo à educação, o consumidor não quer mais aquilo que é bom, mas ele quer experiências. O parâmetro passa ser o sentimento, a experiência. Daí começou a surgir à filosofia do “sentir bem”.
Deste modo, começamos a entender o porquê de tantas mudanças no comportamento humano na atualidade, todos esses pensamentos filosóficos tendem a renegar a existência de Deus e fazer com que o próprio homem seja à base de tudo. Se analisarmos bem, esses conceitos são transmitidos sorrateiramente na mente das pessoas pela mídia eletrônica, principalmente na TV e internet, revistas, livros, cinema, artes etc. Este sistema de pensar não quer aceitar as verdades absolutas de Deus em Cristo. Porém, nós como obreiros da casa de Deus não pode aceitar que esses conceitos venham a ofuscar os ensinos da Palavra de Deus. Nós cremos “No princípio criou Deus os céus e a terra”, Gn. 1.1.  Nós ainda cremos nas verdades absolutas da Palavra de Deus, “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça. Para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra”, 2 Tm.3 16-17. Não podemos deixar de anunciar que, “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna”. Jo. 3.16. O apóstolo Paulo inspirado pelo Espírito Santo já dizia: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos”, Rm. 1. 22.
O fundamento do cristão ainda é revelado na Palavra de Deus, na carta de Paulo aos Efésios ele declara: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”, Ef. 2. 20. Portanto, para o mundo e a ciência pode não existir verdades absolutas, mas para os crentes é diferente, ainda cremos no que o Senhor Jesus disse: “Eu sou o caminho a verdade e a vida e ninguém vem ao Pai senão por mim”, Jo. 14.6. Aleluia!
2.1 Cosmovisões
Outro fato importante que devemos analisar visto termos que ter o cuidado com a doutrina e preservá-la, se trata dos tipos de cosmovisões existentes em nossa era. Cosmovisão, numa definição bem simples é a forma como alguém procura explicar os fatos da realidade e como se relacionam e se ajustam um ao outro (como alguém vê o mundo). Hoje existem sete tipos de cosmovisões, teísmo, ateísmo, panteísmo, panenteísmo, deísmo, politeísmo, e o deísmo limitado. Não vamos tratar de todos esses conceitos apenas as três cosmovisões mais influentes em nossa cultura ocidental: ateísmo, panteísmo e teísmo.
Vamos considerar a cosmovisão em que se insere o cristianismo, o teísmo cristão. Primeiramente enfocamos que o teísmo cristão assevera a validade da missão salvífica de Cristo, como realização especial de Deus, este é um dos pilares da fé cristã, Geisler, 2001.
 O teísmo cristão ensina que há somente um Ser infinito e pessoal, que está além deste universo físico finito. Nós teístas cristãos cremos que os atributos do Deus da Bíblia podem ser parcialmente conhecidos por meio da natureza, do mesmo modo que os atributos de um artista podem ser reconhecidos em sua pintura. A Bíblia informa-nos que Deus plantou raízes profundas no coração e na mente de todo ser humano um conhecimento permanente de alguns de seus atributos, conhecimento este claramente perceptível na observação da natureza. “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou, porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”, Rm. 1. 19,20. O salmista Davi também reconhece que o mundo físico manifesta a gloria e o poder criador de Deus, “Os céus manifestam a gloria de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”, Sl. 19. 1. Deus pelo seu imenso poder também colocou no coração humano a eternidade, “Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração deles, sem que o homem possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim”, Ecl. 3. 11 mundos nesta passagem é a tradução do hebraico “olam”, que significa “eternidade”. ARC.
Portanto a crença num Deus pessoal criador dos céus e da terra é um fundamento inabalável para nós cristãos, Geisler 2001.
Antes de examinar-nos o ateísmo e panteísmo é importante lembrar que, a discordância fundamental entre as cosmovisões baseia-se na existência e na natureza de Deus. O motivo de compararmos algumas cosmovisões é demonstrar a natureza lógica das declarações essenciais de verdade entre o ateísmo, panteísmo e teísmo observando o que cada uma delas diz a respeito de Deus, da realidade, da humanidade, do mal e da ética.
O Ateísmo prega que não existe Deus nenhum, seja no próprio universo, seja além dele. O universo ou cosmos é tudo o que existe ou existirá, ele é autossustentável. As ideias básicas do ateísmo é a convicção básica de que Deus não existe, eles dizem:
Deus – Não existe. Existe somente o universo.
Universo - É eterno, ou casualmente veio a ser.
Humanidade - (origem) – Evoluiu, somos compostos de moléculas e não somos imortais.
Mal (origem) – É real, causado pela ignorância humana.
Ética (base) – É criada pela humanidade e fundamentada na própria humanidade.
            Outra visão de mundo importante para nossa compreensão é a crença de que Deus é o universo. Esta visão se chama panteísmo, manifesta-se na forma popular como Movimento Nova era. Para o panteísta não há criador além do universo, criador e criação são dois modos diferentes de enxergar a mesma realidade (relativismo), e em última análise existe apenas uma realidade, não muitas realidades diferentes. Deus permeia todas as coisas e se encontra em todas elas. Deus é o mundo e o mundo é Deus, Deus é o universo e o universo é Deus. Os panteístas acreditam que Deus e o mundo são um.
            Em resposta a essas cosmovisões o teísmo cristão sustenta a crença de que o mundo é mais do que apenas o universo físico. Ao mesmo tempo, os teístas cristãos não aceitam a ideia de que Deus é o mundo, Cremos na existência de Deus e vemos sua existência como o componente essencial da cosmovisão cristã. Esse Deus é o Deus pessoal, separado do mundo, que criou o universo e o sustém. Os fundamentos do teísmo (cristão) são: 
Deus – É um só, pessoal, moral, infinito em todos os seus atributos. (Sl. 102. 12; 1 Tm.1. 17;6. 16). É uno e trino ao mesmo tempo: Pai, Filho e Espírito Santo, sendo que cada um se manifesta de forma diferenciada, porém sendo todos da mesma essência.
Universo – É finito, criado pelo Deus infinito. (Gn. 1.1; Is. 42. 5).
Humanidade (origem) – Somos imortais, criados e sustentados por Deus em Cristo. (Gn. 1. 26; 19. 19-23; Hb. 1.3).
Humanidade (destino) – Por escolha seremos eternamente separados de Deus ou viveremos eternamente com Ele. (Jo. 3. 18-19; Mc. 16.16;).
Mal (moral origem) – É a privação ou imperfeição causada pela escolha. (Gn. 3)
Mal (destino) – Será finalmente derrotado por Deus. (1 Co. 15. 24; Ap. 11.15).
Ética (base) Os princípios éticos se baseiam na natureza de Deus.
Ética (natureza) – Os princípios éticos são absolutos, objetivos e prescritivos.
            Portanto, Deus é o único Ser verdadeiramente soberano e independente (livre). Além disso, Deus é um ser pessoal, têm inteligência, vontade, emoções e é um ser moral. Podemos dividir os atributos de Deus em duas categorias fundamentais: Atributos transferíveis e intransferíveis. Os atributos intransferíveis de Deus são aqueles que não podem ser concedidos a nenhum outro ser, são sua aseidade (auto existência), soberania, infinidade, imutabilidade e eternidade. Somente Deus possui essas qualidades porque elas são essenciais à sua natureza (o que ele é - Divino). Os anjos e os seres humanos não têm e não podem ter essas qualidades porque não são da essência de sua natureza.
É relevante nos aprofundar no entendimento das cosmovisões existentes, uma vez que nossas ideias influenciam nossas emoções, reações e conduta. É importante para nós cristãos conhecer bem aquilo em que cremos e assim cumpriremos a Palavra de Deus, “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós”, 1 Pe. 3. 15. No próximo tópico vamos abordar outro tema de fundamental relevância para fé cristã, a humanidade e divindade de Jesus uma vez que ela é importante na defesa da fé ortodoxa.     
2.5  A divindade de Jesus
O cristianismo ortodoxo afirma que Jesus de Nazaré era Deus em carne humana, doutrina absolutamente essencial para fé cristã cf. Jo. 1.1; Cl. 1.17; Mq. 5.2; Jo. 17. 5; Jo. 8.58. Deus na sua onisciência viu, desde a eternidade, que o homem a ser criado cairia em pecado, ficando sujeito à perdição eterna. Ele então preparou um caminho de salvação, por meio do sacrifício de seu próprio Filho. Jesus participou e concordou e, desde então, já estava disposto a dar a sua vida por nós, ele foi chamado de “o cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” Ap. 13. 8. A vida eterna é assim prometida “antes dos tempos dos séculos” Tt. 1.2.
Jesus, “o Deus bendito eternamente” Rm. 9.5, fez-se homem. Esse mistério chama-se “encarnação”. A Palavra de Deus nos diz: “Grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne” 1 Tm. 3.16. A doutrina da encarnação de Jesus excede tudo que a compreensão humana possa entender, porém, desse milagre depende a substância do Evangelho da salvação e a doutrina da redenção. A encarnação deu a Jesus condições de ser Mediador entre Deus e os homens cf. 1 Tm. 2.5, e ser misericordioso e fiel sumo sacerdote cf. Hb. 4. 14 - 16, para expiar o pecado do povo cf. Hb. 2.17. Sendo homem, podia fazer reconciliação pelos homens, sendo Deus, a sua reconciliação fica com um valor eterno.
Não é somente desde a eternidade que Jesus é Deus cf. Jo 1. 1-3. Ainda depois que Ele “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo”, Fp. 2. 7, continua sendo Deus verdadeiro, revelando “a gloria do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”, Jo.1 14. As Escrituras, que incontestavelmente provam a sua deidade, foram escritas para que todos creiam que Jesus é o Cristo o Filho do Deus vivo, 1 Jo. 5. 10; Jo. 20. 30-31. Assim sendo, cremos que Jesus é o Filho de Deus que viveu, morreu, ressuscitou e foi elevado aos céus um dia voltará para buscar os seus servos que creram e viveram mantendo sua fé, fidelidade e obediência a Ele.  
2.6 O Espírito Santo
É absolutamente necessário também conhecer o que a Bíblia nos ensina sobre o Espírito Santo. A falta de conhecimento desta doutrina tem causado grande prejuízo espiritual na vida de muitos. Jesus disse “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”, Mat. 22.29.  Deus é uno e, ao mesmo tempo, triúno (cf. Gn. 1. 26; 3.22, 11.7; Dt. 6.4; 1 Jo.5. 7). O Pai, o Filho e o Espírito são três divinas e distintas Pessoas. São verdades que transcendem a razão humana e as aceitamos alegremente pela fé. A fé em Deus deve preceder a doutrina (cf. 1 Tm. 4.6). Se a unidade composta do homem, espírito, alma e corpo, continuam como um fato inexplicável para a ciência e para os homens mais sábios e santos, quanto mais a triunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

            Vamos tentar explicar de um modo bem simples está essência existente entre a Trindade, veja: é uma simples comparação, nós temos um elemento muito conhecido que é a água, a água é uma substância composta H2O, ou seja, cada molécula é composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. A água pode ser encontrada em três estados físicos, sólido, ou seja, gelo liquido e gasoso, ou seja, vapor. Em qualquer um desses estados constatamos que a essências será H2O, assim também é a Santíssima Trindade são três pessoas distintas, mas, a mesma natureza divina, ou seja, a mesma essência.

            As três divinas Pessoas da Trindade são co-eternas e iguais entre si. Mas em suas operações concernentes à criação e à redenção, Deus, o Pai, planejou a criação (cf. Ef. 3.9); Deus Filho, executou o plano, criando (cf. Jo. 1. 3; Cl. 1. 16; Hb. 1.2, 11. 3), e Deus, o Espírito Santo, vivificou, ordenou, pôs tudo, todo o universo, em ação, desde a partícula infinitesimal e invisível até ao super-macroscópico objeto existente (Jó. 33. 4; Jo. 6. 63; Gl. 6. 8; Sl. 33.6; Tt. 3. 5). Ou seja, o Pai domina, o Filho realiza, e o Espírito Santo vivifica, preserva e sustenta.
      Na redenção da humanidade, o Pai planejou a salvação, no céu, o Filho consumou-a na terra, e o Espírito Santo realiza e aplica essa tão grande salvação à pessoa humana. Entretanto, num exame cuidadoso da Bíblia vemos que, em qualquer desses atos divinos, as três Pessoas da Trindade estão presentes.
Quando pensamos numa pessoa provavelmente pensamos em um ser humano muito semelhante a nós mesmos, que tem a capacidade de pensar, sentir e tomar decisões. Mas a capacidade de saber sentir e escolher nos foi dada por Deus, e nós somos feitos à Sua imagem. Ele é o ideal daquilo que uma pessoa completa e perfeita é, e nós somos simplesmente as cópias maculadas, não é, portanto, nosso propósito dizer que o Espírito Santo é uma pessoa porque é como nós. Pelo contrário, a nossa personalidade segue o padrão do modelo divino, logo temos a capacidade de pensar, de sentir e de decidir.
            Todas as qualidades que descrevem a personalidade são achadas no Espírito Santo. Ele é um ser vivo. Na realidade, Ele é a fonte e o Doador da vida, e um dos seus nomes é o “Espírito de vida” cf. Rm. 8.2. Frequentemente pensamos que uma pessoa é quem tem corpo físico visível, não percebemos o significado verdadeiro da palavra pessoa, que se refere às qualidades da personalidade, a capacidade de saber, de sentir e de escolher. Sendo o Espírito Santo uma pessoa e não simplesmente uma força impessoal, isso leva-nos a uma mais íntima comunhão com Ele em nossa vida diária. Porque é uma Pessoa completa que pode pensar, sentir e escolher, Ele é o cabal perfeito para comunicar a Deus os seus desejos, e a você, a vontade de Deus. Vejamos três exemplos:

A. Inteligência (mente) 1 Co. 2. 10,11; Rm. 8. 27,
B. Emoções (sentimentos) Ef. 4. 30,
C. Vontade (distribuição de dons) 1 Co. 12. 11.

            O Espírito Santo, como ser que é não é apenas um vento ou uma força ativa. Paracleto é uma palavra de origem grega que quer dizer Intercessor, Consolador (Jo. 14. 16, 26). Logia é uma palavra que significa estudo, tratado. Outro termo para identificarmos a doutrina do Espírito Santo é Pneumatos, palavra grega que significa elemento de composição que contém a ideia de espírito, sopro, vapor e ar (Jo. 3. 8; At. 2. 2). Desta forma, uma das primeiras ênfases na doutrina do Espírito Santo é sua personalidade como pessoa, Ele age como tal, nas mais diversas circunstâncias. A Bíblia nos diz que Ele sofre resistência, At. 7. 51; revela 2 Pe. 1. 21; ensina Jo. 14. 26; testemunha a nossa filiação Gl. 4. 6; Rm. 8. 16; intercede Rm. 8.26; Fala Ap. 2.7; testifica de Jesus Jo. 15. 26; comanda At. 16. 6,7. Todas essas atribuições nos revela a personalidade do Espírito Santo. O Espírito Santo é Deus! Cf. At. 5. 3,4.
2.7 Teologia da Prosperidade
            Temos observado que nas últimas três décadas um movimento teológico conhecido como Teologia da prosperidade tem avançado e conseguido grande aceitação no meio evangélico brasileiro, não vamos tratar aqui das raízes desse movimento que inicialmente era conhecido como confissão positiva. Para um aprofundamento indicamos o livro de Paulo Romeiro “Super Crentes, Evangélicos em crise e Decepcionados com a graça. Segundo (Paulo Romeiro 1993), uma das afirmações mais contundentes desta corrente é que o cristão deve ser próspero financeiramente e sempre livre de qualquer enfermidade. Quando isto não acontece, é porque este crente deve estar vivendo em pecado ou porque não tem fé. Este é basicamente o pensamento principal desta teologia. Diferentemente das heresias conhecidas como os mórmos e testemunhas de Jeová a teologia da prosperidade não nega diretamente nenhuma das verdades fundamentais do Cristianismo. O problema não é o que a teologia da prosperidade diz, e sim o que ela não diz.
Ela está certa quando diz que Deus tem prazer em abençoar seus filhos com bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que qualquer bênção vinda de Deus é graça e não um direito que nós temos e que podemos reivindicar ou exigir dele. Ela acerta quando diz que podemos pedir a Deus bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que Deus tem o direito de negá-las quando achar por bem, sem que isto seja por falta de fé ou fidelidade de nossa parte. Ela acerta quando diz que devemos sempre declarar e confessar de maneira positiva que Deus é bom, justo e poderoso para nos dar tudo o que precisamos, mas erra quando deixa de dizer que estas declarações positivas não têm poder algum em si mesmas para fazer com que Deus nos abençoe materialmente. Ela acerta quando diz que devemos dar o dízimo e ofertas, mas erra quando deixa de dizer que isto não obriga Deus a pagá-los de volta. Ela acerta quando diz que Deus faz milagres e multiplica o azeite da viúva, mas erra quando deixa de dizer que nem sempre Deus está disposto, em sua sabedoria insondável, a fazer milagres para atender nossas necessidades, e que na maioria das vezes ele quer nos abençoar materialmente através do nosso trabalho duro, honesto e constante.

Ela acerta quando diz que Deus costuma recompensar a fidelidade, mas erra quando deixa de dizer que por vezes Deus permite que os fiéis sofram muito aqui neste mundo. Ela está certa quando diz que podemos pedir e orar e buscar prosperidade, mas erra quando deixa de dizer que um não de Deus a estas orações não significa que Ele está irado conosco. Ela acerta quando nos encoraja a buscar a Deus, mas erra quando induz os crentes a buscá-lo em primeiro lugar por aquelas coisas que a Bíblia constantemente considera como secundárias passageiras e provisórias, como bens materiais e saúde perfeita[3]
           
Vamos observar as afirmações da teologia da prosperidade.

1º. que a fé é importante ninguém discute cf. Hb. 11. 1,6, mas dizer que não alcançamos uma vida prospera e que é por falta de fé que temos problemas na vida é forçar uma interpretação bíblica equivocada. Eles utilizam provérbios 18.21 para dizer que a vida está no poder da língua, ou seja, o que bem a utiliza coma do seu fruto. Dizem que, se algo negativo for declarado, isto se concretizará. Na verdade, temos na Palavra de Deus exemplos de pessoas que, num momento de dificuldade, acabaram exteriorizando suas angústias e tristezas, sem com isto tornar em realidade.   É o caso de Jacó Gn. 42.36, Davi, perseguido por Saul, em meio ao desespero, tornou-se extremamente negativo 1 Sm. 27. 1, contudo nem por isso Davi pereceu. Os três jovens na fornalha também servem como exemplo de que nem sempre uma declaração negativa se transforma em maldição, Dn. 3. 16-18. Outro exemplo nesta questão é quando o pai do Jovem possesso disse a Jesus; “se podes! Mc. 9. 17- 27, nestes exemplos vemos uma declaração positiva e uma negativa, nem por isso suas palavras trouxeram maldição para suas vidas. Outro ponto fundamental da teologia da prosperidade é, dizer que a enfermidade é consequência do pecado ou falta de fé na vida do crente. A Bíblia está repleta de exemplos de verdadeiros servos de Deus que passaram por privações, Eliseu, Jó, o próprio apóstolo Paulo e muitos outros. E quando entramos na história da igreja quantos milhares de servos e servas de Deus que passaram por dificuldades na vida, mesmo sendo fieis.  Não fazemos apologia ao sofrimento, mas, as Escrituras são claras e o próprio Jesus disse, “no mundo tereis aflições”. Jo. 16.33.  Desta forma devemos tomar cuidado com essas doutrinas estranhas que não se coadunam com as Escrituras.

2.8 Aborto
Convém definir o que se entende por “aborto”. Aborto é a morte espontânea ou provocada do produto da concepção dentro do ventre materno e antes do início do parto. Geneticamente a ciência tem demonstrado que a vida começa na concepção. Toda a característica genética de um ser humano individual plenamente desenvolvida está realmente, não potencialmente, presente desde o momento da concepção. O que diz a Bíblia?   Deus criou o homem e a mulher, abençoou-os e disse-lhes: “Frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a.” “E viu Deus tudo quanto tinha criado, e eis que era muito bom” cf. Gn 1.28, 31. Verificamos desde o princípio que a reprodução era um dos propósitos da criação do homem por Deus. Por outro lado, não lemos em passagem alguma que o homem tenha o direito de matar o seu semelhante - aliás, um mandamento é “não matarás” cf. Êxodo 20.13, Rom.13:9.

            Ora, a criança que está no ventre da mãe é um ser com identidade própria. Sabia que o primeiro órgão a ser formado no feto é o coração? E que o coração começa a bater 21 dias após a concepção? Neste sentido, quem aborta está a assassinar um ser humano criado por Deus. A palavra de Deus no Salmo 139.13 diz que é o Senhor Quem opera a formação de um ser vivo, e que o faz mover no ventre de sua mãe: “Pois Tu formaste o meu interior; Tu entreteceste-me no ventre da minha mãe”. Entendemos que o tema abordo é complexo, mas não podemos aceitar que isso seja algo comum, legalizado, pois provavelmente se tornará mais uma aberração causada pelo pecado. Precisamos pregar a Cristo para que essas almas alcancem o conhecimento da verdade, pois, Jesus disse; “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, Jo. 8.32.

2.9  Sexualidade

A sexualidade tem sido outro assunto importante na atualidade, a escolha da opção sexual tem marcado nosso tempo de forma que não podemos deixar de refletir quanto a esta questão tão importante. Não vamos tratar deste assunto exaustivamente assim como, não tratamos os temas que antecederam, mas vamos procurar analisar de forma que possamos descrever o que pensamos baseados na nossa regra de Fé que é a Palavra de Deus.

Em toda a Bíblia observamos que o desvio sexual sempre foi um ato desprezível aos olhos de Deus. Partindo do princípio da criação a Palavra de Deus é bem enfática quando diz: “E criou Deus o homem à Sua imagem: à imagem de Deus o criou homem e mulher os criou” Gn. 1.27.  O Antigo Testamento mostra-se extremamente severo quanto ao assunto, requerendo a pena de morte para os homossexuais, indicando que o homossexualismo está alicerçado sobre uma profunda perversão moral, cf. Lev. 18. 22, 29; 20.13. Alguns questionam se a Lei de Deus condena o homossexualismo, dizem que a Bíblia é só uma escrita humana com antigos costumes judaicos preconceituosos. Essas pessoas condenam a autoria da lei mosaica e são relativistas éticos, ou seja, dizem que depende de como você vê a situação. Esses argumentos devem ser ignorados porque o próprio Senhor Jesus e os apóstolos aceitaram a autoria divina e a autoridade do Antigo Testamento, cf. Mat. 22. 39-40; Jp. 10. 35; 2 Tm. 3. 16-17.

Em Romanos 1. 26 ss, Paulo mostra sua amargura diante do homossexualismo. Ele atribui essa condição à apostasia geral em que os homens caíram, afastando-se de Deus. Especificamente por terem reduzido a verdade de Deus em mentira, isto é, em idolatria cf. Rm. 1. 25. Deus os entregou “as paixões infames”. Portanto, quando alguém se afasta de Deus pode sofrer muitas consequências terríveis, uma delas é a perturbação da natureza moral, passando a pessoa a amar os atos mais perversos e errados possíveis. Parte dessa desgraça, de acordo com Paulo, é o homossexualismo. Precisamos considerar com seriedade as condições e valores morais, reconhecendo que a alma humana pode envolver-se em toda espécie de perversão prejudicial. Não somos contra os homossexuais, mas sim, contra a prática homossexual. Todos nós seres humanos, temos defeitos que necessitam atenção e mudança. Devemos adicionar a isso o elemento do amor e da misericórdia cristãs. Os homossexuais precisam ser tratados de modo misericordioso. Precisamos ajudá-los como faríamos no caso de qualquer outro tipo de pecador, aos quais o evangelho de Cristo foi enviado.

Considerações finais

            Nosso propósito neste trabalho foi abordar temas importantes para a construção e preservação dos princípios éticos, morais e espirituais da vida cristã. Observamos o quanto é importante para a vida cristã cuidar de si mesmo. Analisamos que o cuidar de si mesmo envolve toda a nossa vida pessoal, familiar, ministerial e intelectual. Estamos vivenciando não somente o século da evolução tecnológica, mas, também o século da confusão, muita gente falando aquilo pensa sem passar por uma avaliação bíblica. Sendo assim, é importante para toda a igreja que estejamos em alerta, firmados na Palavra de Deus, na oração e obediência aos ditames dela, precisamos estar conscientes e convictos da nossa fé.  “Crescendo na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”, cf. 2 Pe. 3.18. Reconhecemos que tudo que foi tratado neste trabalho está longe de esgotar a profundidade dos temas abordados, e que existem muitos outros a serem tratados, mas, que a partir deste trabalho cada um de nós possa buscar uma compreensão mais aprofundada de cada tema proposto. Que Deus nos conceda a cada dia o Espírito de discernimento. Amém!

Esta apostila foi elaborada por Ev. Marcos Moraes de Paula

BIBLIOGRAFIA

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PIPER, John. O sorriso escondido de Deus. O fruto da aflição na vida de John Bunyan, William Cowper e David Brainerd. São Paulo. Ed, Shedd publicações 2002.

A Deus toda a gloria

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