Alfabetização e Letramento
Leitura e Escrita para construção
de aprendizagem significativas
Alfabetização e
Letramento
Resumo
O
estudo da história dos processos de alfabetização no Brasil nos revela que, em
todas as suas fases houve um determinado tipo de desenvolvimento pedagógico e
didático que envolveram diversos contextos vivenciais na formação da educação
brasileira. Este relatório tem como objetivo analisar de forma concisa a partir
dos artigos pesquisados a ideia de alfabetização suas práticas até a obtenção
do estágio de letramento, ou seja, a capacidade de não somente ler e escrever,
mas compreender suas funções no contexto social do aluno. Ao mesmo tempo visa,
uma abordagem das metodologias utilizadas nas escolas para que o mesmo acorra.
Introdução
Segundo
Cotrim e Parisi, no ano de 1534 com a chegada dos padres jesuítas em nossa
terra, também assinalou o inicio da História da educação brasileira[1]. A partir desse período, a
história da educação no Brasil passou por inúmeras transformações tanto no
âmbito sociocultural, bem como das metodologias e objetivos da educação. Nossa
proposta não é discorrer sobre toda essa trajetória, porém, ao destacar o
inicio da história da educação brasileira temos como propósito apenas apontar
para a dimensão, extensão e complexidade do tema educação que tem como objeto
de estudo temas como alfabetização e letramento como parte das práticas
pedagógicas.
As concepções aqui
retratadas, foram analisadas a partir dos artigos supracitados que serão o foco
central, a atividade foi desenvolvida em três etapas, leitura e analise dos
textos e conclusão por inferência. O texto de Bordignon e Wolff, apresentaram a
partir da história da educação as concepções pedagógicas que ocorreram no
ensino escolar referentes a alfabetização e letramento no processo de
ensino-aprendizagem. Bordignon e Wolff delimitam sua pesquisa a partir do
século XX[2]. Quanto ao Texto de
Daniela Martins, parte de pesquisa escolar com crianças e profissionais do 2º
ano de alfabetização, utilizando metodologia de pesquisa qualitativa[3]. Melo e Marques, apresenta o
percurso histórico do processo de alfabetização no
Brasil, desde meados dos anos de 1880 até a década de
2012, com a assinatura do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
(PNAIC)[4].
Síntese histórica e conceituação de
alfabetização
Como
observamos acima, a história da educação brasileira tem suas raízes no século
XVI, porém nossa viagem terá início no período 1880 a 1920, período em que
alfabetização foi considerada como sinônimo de civilizar, disciplinar e que
segundo Melo e Marques já apresentavam uma discussão teórica entre os
defensores dos métodos Sintético e Analítico. Já em meados de 1920 até 1980 com
o inicio do movimento escola nova surge a partir dos estudos de Lourenço Filho
o chamado teste ABC que tinha como propósito medir o estágio de maturidade dos
alunos, a avaliação consistia em oito testes, coordenação visivo-motora,
memória imediata, auditiva, lógica, prolação, coordenação motora, atenção e
fatigabilidade. Um dos objetivos nesta nova etapa era homogeneizar as salas.
Este foi um período relevante para os estudos dos processos de alfabetização,
visto que os estudos de Lourenço Filho foram considerados como a primeira
pesquisa científica brasileira a discutir o assunto. Porém, a
fundamentação teórica dos Testes ABC não deu conta de solucionar a questão da
alfabetização, uma vez que, não havia aplicação entre professores, já que na
prática o que chegava nas mãos dos professores era apenas os manuais de
aplicação dos mesmos. Desta forma, cabia aos professores apenas aplicação e
classificação dos educandos, segundo manuais pré-moldados por terceiros.
Bordignon e Paim, analisam
as modificações no processo de alfabetização, a partir das mudanças ocorridas igualmente
no final do século XIX. Dividindo-as em quatro etapas, sendo elas 1º 1876 –
1890, metodização da leitura que possuía como principal eixo, marcha sintética,
da parte para o todo, da soletração alfabético partindo dos nomes das letras,
fônico sons correspondentes as letras e da silabação emissão de sons, 2º a
institucionalização do método analítico frente a proposta de modernização e
progresso do novo estado, bem como a universalização da escola, neste período
as cartilhas assumem papel relevante como ensino inicial da leitura e da escrita.
3º etapa que eles denominam alfabetização sob medida este descreve o período já
mencionado anteriormente, com as pesquisas de Lourenço Filho, que desenvolve
estudos na área escolar utilizando a psicologia no que culminou no teste ABC. É
importante salientar que no período de 1970, a alfabetização era compreendida
como o aprendizado da leitura e escrita e o método de ensino estava subordinado
ao nível de maturidade das crianças. O 4º momento desse desenvolvimento, Bordignon
e Paim apontam como Desmetodização do ensino, visto que houve neste momento a
incorporação do pensamento construtivista, que a partir dos Ciclo básico bem como
dos Parâmetros Curriculares Nacionais, fundamentam aos processos de
alfabetização a partir da teoria construtivista de Piaget, porém difundida por Emília
Ferreiro, nesta teoria os principais pontos eram, a valorização do conhecimento
da criança no desenvolvimento educacional, onde o professor atua como mediador
e o aprendizado se da pela prática, bem como a valorização das experiências
anteriores dos educandos e a necessidade de educadores se atualizar frente aos
desafios principalmente sociais e tecnológicos.
Na mesma ótica
construtivista, Daniela Martins destaca que, a construção da alfabetização deve
acontecer de uma maneira geral e ampla, reconhecendo e dando ênfase a todas as
qualidades que o aluno traz consigo, trabalhando essas qualidades em favor de
sua aprendizagem. Porém, a mesma autora destaca que os métodos e práticas de
alfabetização são da escolha de cada professor, uma vez que, o currículo muitas
vezes não atende as demandas dos alunos, porquanto, o processo de alfabetização
exige dos professores, práticas, métodos e concepções que atendam essas
multiplicidades. Ela conclui que, alfabetizar está muito além de ensinar grafia
e reconhecimento oral das palavras, que precisa haver um comprometimento na
formação dos sujeitos como pessoas autônomas.
É interessante, que a
teoria construtivista foi um avanço para o pensamento pedagógico, visto ser
completamente oposto ao que se chama de educação bancária, que perdurou por
muito tempo como metodologia de ensino, onde o professor era o centro do
processo de aprendizagem, ou seja, todo o saber estava reservado ao professor e
os educandos apenas depositários. Podemos observar, que todo esse
desenvolvimento contribuiu para as discussões e desenvolvimento da educação no
Brasil, quanto a alfabetização, mas todo esse processo não conteve, ou melhor
não deram conta de estabelecer uma sociedade verdadeiramente letrada, isto
devido a inúmeros fatores socioeconômico e culturais e metodológicos, porém os
avanços teóricos na área da educação trouxe um novo conceito. Bordignon e Paim
ressaltam que devido as demandas sociais contemporâneas, chega ao Brasil nos
anos 80 o conceito de letramento.
Letramento, entendido
como condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as
práticas sociais que usam a escrita, ou seja, letrado seria aquele sujeito que
possui condições de saber utilizar de forma adequada e prática a leitura e a
escrita no cotidiano frente às demandas sociais em que vive, sendo avaliado
pelas competências de leitura e de escrita. E interessante observar, que
letramento é compreendido como atributo pessoal, o processo de como cada um se
apropria da habilidade do ler e escrever, sabe como utilizar socialmente a
leitura e escrita, compreende sua funcionalidade no exercício de uma cidadania
autônoma. Portanto, alfabetização e letramento são fatores inseparáveis na ação
pedagógica e que necessitam ser trabalhos desde os primeiros anos escolares,
proporcionando as crianças uma verdadeira inserção em contextos sociais e
culturais na contemporaneidade.
Considerações finais
A ideia de alfabetização
no Brasil tem uma longa história e definições que foram sendo trabalhadas de
várias formas por vários estudiosos em múltiplos contextos, porém a ideia
predominante e sempre relacionada a ela é que alfabetizar é levar ao aluno a
desenvolver o domínio da leitura e escrita, porém, pôde-se observar que o
desenvolvimento da alfabetização no Brasil envolveu uma série de abordagens,
teorias e métodos, condicionamentos sociais, culturais e econômicos. Inicialmente, entendia-se alfabetização como
aprender o alfabeto e sua utilização na escrita em conformidade com a
fala.
Contudo, as metodologias
também foram sendo ampliadas de acordo com os contextos sociais de cada época,
porém percebemos que todos eles até chegarmos ao conceito de letramento, em que
não basta ler e escrever é preciso saber utilizá-lo nos contextos sociais da
vida, visavam proporcionar o desenvolvimento da instrução nas escolas públicas.
A tarefa de ampliar métodos contemporâneos que atendam às desafiadoras demandas
da pós-modernidade ainda precisam de muitas reflexões.
O importante é que
estamos no caminho certo, porquanto, com as novas tecnologias a nosso dispor
ainda teremos muitas discussões que vão nos proporcionar uma diversidade de
métodos para melhorar o ensino nos anos iniciais da criança na escola.
Lembrando que, não existe um único método, teoria ou abordagem que seja completa
e que seja peculiar a todos os contextos sociais que encontramos na imensidão
desta terra chamada Brasil. Pois, mesmo existindo, PCNs, teorias e métodos e
outras orientações, criatividade, conhecimento técnico, teórico, histórico e
prático, perfazem o currículo daqueles que se propõe a tarefa de educar.
Referências
bibliográficas
COTRIN, Gilberto Vieira;
PARISI, Mário. Fundamentos da Educação, história e filosofia da educação. 4.
Ed. São Paulo: Saraiva 1981. 260 p.
Referências eletrônicas
ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL:
UM POUCO DE HISTÓRIA, Lorita Helena Campanholo Bordignon & Marilane Maria
Wolff Paim.
http://www.periodicosfaced.ufc.br/index.php/educacaoemdebate/article/view/372.
Acesso em 26/08/2019.
ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO: métodos e práticas escolares, Daniela Martins.
http://sinop.unemat.br/projetos/revista/index.php/eventos/article/view/2018/1602.
Acesso em 26/08/2019.
HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
NO BRASIL: NOVOS TERMOS E VELHAS PRÁTICAS, Eliane Pimentel Camillo Barra Nova
de Melo e Silvio César Moral Marques.
http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Poiesis/article/view/5137.
Acesso em 30/08/2019.
Elaborado
por Marcos Moraes de Paula
[1] COTRIN,
Gilberto Vieira; PARISI, Mário. Fundamentos da Educação, história e
filosofia da educação. 4. ed. São Paulo: Saraiva 1981. 260 p.
[2] http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Poiesis/article/view/5137.
Acesso em 26/08/2019
[3] http://sinop.unemat.br/projetos/revista/index.php/eventos/article/view/2018/1602.
Acesso em 26/08/2019
[4]http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Poiesis/article/view/5137.
Acesso em 30/08/2019.
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