Missões nos Evangelhos
INTRODUÇÃO
Nos evangelhos temos as boas novas
acerca de Jesus Cristo e trazidas por Ele. Trata-se das boas novas da salvação
dos homens, e sobre como Jesus, em sua missão, deu um novo enfoque à
espiritualidade, ensinando como isso se aplica a nós.
O ministério de Jesus Cristo havia terminado. A ressurreição fora
comprovada como uma realidade, pelos discípulos de Jesus, mediante suas
diversas aparições a eles, de tal modo que todas as possíveis dúvidas haviam
sido dirimidas. Agora a partida do Senhor para as dimensões celestes era
iminente. Um novo movimento religioso havia sido inaugurado, que só esperava
ser mundialmente propagado. Era preciso contar com a colaboração de obreiros
para esse mister. A obra missionária de Jesus precisava ter prosseguimento, pelo
esforço dos primeiros apóstolos e de seus discípulos de todos os tempos.
1. Missões no Novo Testamento
Novo Testamento, sem dúvida, o
Senhor Jesus foi o primeiro missionário enviado pelo Pai (Jo. 20.21). E porque ele foi enviado pelo Pai, enviou também a
seus discípulos (Lc. 9. 1 – 6). Como
Salvador, ele veio para resgatar o homem do pecado e garantir-lhe vida eterna (Jo. 5. 24). Como enviado de Deus, ele
trouxe um plano de resgate da humanidade que envolve todos aqueles que lhe seguem.
Foi o que ele disse aos primeiros apóstolos “Vinde
a mim e eu vos farei pescadores de homens” (Mat. 4.19). Jesus não reuniu em torno se Si pessoas que viessem a
viver uma vida ociosa, pois, o próprio Jesus viveu uma vida intensa, de muita
atividade. Seus discípulos de igual modo, e depois sua igreja nos primeiros
séculos também. Na igreja de Cristo não há lugar para ociosos, preguiçosos,
irresponsáveis e medrosos que cruzam os braços e deixam o tempo passar. Na
igreja de Cristo todos têm que trabalhar. A filosofia de vida de Jesus era
esta: “Convém que eu faça as obras
daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode
trabalhar” (Jo. 9.4). No capítulo
5.17 de João ele disse: “Meu Pai trabalha
até agora, e eu trabalho também.” A igreja que trabalha é aquela que
evangeliza, prepara missionários (a) para a grande seara do Senhor.
2. Os
quatros Evangelhos
Os quatros Evangelhos apresentam um
registro autêntico da vida, das palavras e do ministério de Cristo. Mas eles
não são uma biografia no sentido moderno da palavra. Eles são breves e
incompletos para este propósito. Ao invés disso, eles são quatro retratos de
Cristo ou quatro introduções à mesma Pessoa de quatro pontos de vista. Cada um
dos evangelistas retrata Cristo com precisão, mas de acordo com seu próprio
propósito e intenção, dentro de seu próprio padrão de referência e plano.
A primeira pergunta que se nos apresenta,
antes de começar o estudo de missões nos Evangelhos é está: por que há quatro
Evangelhos? Por que não são dois, três ou apenas um?
Alguns estudiosos respondem que isso pode ser explicado facilmente, pelo
fato de ter havido, nos tempos apostólicos, quatro classes representativas do
povo – judeus, romanos, gregos e um tomado dessas três classes, a igreja, sendo
assim cada um dos Evangelhos foram escritos adaptando-se ao caráter e as
necessidades e ideias de cada um destes.
2.1 EVANGELHO DE MARCOS
Assumindo a posição tradicional de que
Marcos foi o primeiro a escrever seu relato, sua maneira histórica de
apresentação é essencial. Ele apresenta Cristo como o profeta de Deus e o servo
de Jeová. Todo o seu retrato consiste no Profeta de Deus divulgando a mensagem
de Deus e o servo de Jeová sempre ativo, cumprindo a vontade e o propósito de
Deus. O evangelho segundo Marcos retrata o tempo do ministério público de
Jesus. Começa com a apresentação de João e o batismo de Jesus por João. Termina
com o sofrimento de Jesus e com os relatos dos encontros com o Cristo
ressurreto. A ênfase dessa narrativa está nos atos de Jesus. Marcos resume toda
ação no ministério de Jesus com uma citação do Mestre: “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate de muitos” 10.45.
A urgência de tal ministério é enfatizada nas
palavras recorrentes logo, imediatamente e em seguida. A finalidade está expressa no mandado para anunciar o
Evangelho para toda a criatura (16.
15,16). Ele é o profeta cuja mensagem deve ser divulgada em todo o mundo (13.10).
2.2 EVANGELHO DE MATEUS
Mateus
apresenta a Galiléia como o ponto de partida do ministério de Jesus em
cumprimento da profecia. Jesus adota a mensagem de João Batista, a saber, a
vinda do reino dos céus. Pela expressão reino dos céus, queremos dizer o
governo de Deus em Cristo e por meio dele. Observamos logo de início Jesus já
escolhendo alguns discípulos (4. 18-20).
Sem dúvida muitos congregaram ao seu redor, entretanto, destes, escolheu
apenas 12 para ajudá-lo a pregar o evangelho e a quem prepararia para futuros líderes
da igreja.
Mateus, principalmente, aceita o retrato de
Marcos. Porém procede no sentido de ampliá-lo e acrescentar a ele a nobreza de
Cristo. A realeza dominante de Cristo torna-se mais proeminente em Mateus. Ao
combinar, de forma maravilhosa os vários aspectos da vida de Cristo, o escritor
procura encaixar o retrato da nobreza e realeza de Cristo na moldura da
revelação do Antigo Testamento e lhe concede a autoridade total sobre a criação
e a história. Ele aponta como Cristo é a realização das visões e profecias dos
profetas do Antigo Testamento, a personificação de expectativas e aspirações da
humanidade, e a realidade por trás de toda tipologia do Antigo Testamento.
A realidade espiritual em Cristo surgiu e as sombras devem desaparecer.
Mateus de uma forma linda observa o Rei, a quem a autoridade universal foi
conferida, proferindo um mandado para que todas as nações sejam discipuladas e
unidas em um único corpo sob o domínio do Deus trino e uno (28. 18-20).
2.3 EVANGELHO DE LUCAS
O Evangelho segundo Lucas apresenta-nos uma
narrativa histórica que expõe Jesus Cristo como perfeito Homem Divino. Lucas
escreveu especialmente segundo alguns estudiosos dizem para o povo grego, cuja
missão era melhorar o homem, moral, intelectual e fisicamente, e cujo ideal era
o homem perfeito. Assim como os judeus fracassaram em obter a salvação por meio
da Lei e cerimônias, da mesma maneira os gregos fracassaram em obtê-lo mediante
a cultura e a filosofia. A educação era para os gregos o que a lei era para os
judeus.
Para o retrato que já foi
ampliando, Lucas acrescenta o sacerdócio e a salvação de Cristo, os quais,
embora implícitos nas prévias apresentações, não haviam sido ampliados tão
plenamente. Lucas, indubitavelmente, aprendeu isso primeiro com Paulo, então
experimentou em sua vida. Finalmente uma pesquisa aplicada o levou a aceitar o
fato e a teologia disso. Essa amplificação ele então aplica na moldura da
história universal que começa com Adão e que ele vê como um teatro das
atividades de Deus sem macular a divisão entre a história sagrada, como vista
em Israel e a história geral das nações. A validade universal do Sacerdócio e
da salvação de Cristo fica evidente a partir da genealogia que começa com Adão
e culmina na importância universal da morte e ressurreição de Cristo e na
oferta de arrependimento e remissão dos pecados feita em Nome d’Ele, entre
todas as nações, como está expressa na Grande comissão (Lc. 24. 47).
2.4 EVANGELHO DE JOÃO
O
evangelho de João é um acervo de testemunhos que provam que Jesus é o Cristo, o
filho do Deus vivo. Foi escrito por João em resposta a um apelo da Igreja, que
já possuía os outros evangelhos, para ter as verdades mais profundas do
evangelho, e foi escrito com a finalidade de promover a vida espiritual da
Igreja. Contém a substância da pregação de João à Igreja, as verdades
espirituais que ele recebera do Senhor. O propósito de João neste Evangelho é
apresentar Cristo a todos os cristãos como o Verbo encarnado de Deus.
O maior retrato é feito por João. De maneira alguma ele contradiz os
autores anteriores, nem apaga ou modifica seus registros. Embora não esteja
declarado explicitamente, o leitor capta que João aprecia tudo o que foi dito
pelos evangelistas anteriores, os quais refletem os pontos de vista dos
escritores, das várias testemunhas oculares e dos testemunhos de Pedro (Marcos)
e Paulo (Lucas). João, porém, segue para além deles e ergue a cortina para que
possamos ver a posição de Cristo como o eterno Filho de Deus, igual e eterno
com o Pai em suas relações metafísicas e cósmicas. No Evangelho de João Jesus é
conhecido como o Logos, a luz que
iluminava todos os homens, a vida, o Filho. Em Cristo, Deus está relacionado
diretamente a este mundo conhecido como cosmos.
João usa esse conceito 79 vezes e demonstra as
várias relações de Deus com o cosmos. Nos termos mais fortes possíveis, João
introduz a atividade universalista de Deus. Deus não é um particularista em
seus interesses, amor e relações, Ele conduz o mundo segundo seu coração e
propósito.
Somos informados de que Deus amou
o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito... (3.16). Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que
condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele (3.17). Somos informados de que Cristo
é o Cordeiro de Deus que tira (carrega) o pecado do mundo (1.29), o salvador do mundo (4.42),
o pão de Deus é aquele que... dá vida ao mundo (6.33), a luz do mundo (8.12;9.5;
12.46). Fala-se do Espírito Santo como o Consolador que irá condenar ou
convencer o mundo (16.8).
Conclusão
Dessa forma, encontramos um círculo
eternamente ampliando e aprofundado nos Evangelhos. Ele é pessoas e cósmico.
Ele é altamente individual – quem quer que seja – e é racial e inclui todos.
Nós nos movemos primeiro em
direção ao existencial histórico (Marcos), a seguir para o revelador bíblico
(Mateus), depois para a história universal (Lucas), e finalmente para o cósmico
e metafísico (João). Tempo e eternidade, céu e terra são fiados em Cristo, e
Deus e o homem se reconciliam.
Temos os retratos de Cristo como
o profeta de Deus e o servo de Jeová em Marcos, como o Messias de Deus, Rei dos
Reis e Senhor dos Senhores em Mateus, Como Sacerdote de Deus e Salvador da
humanidade em Lucas, e o Filho de Deus em verdade e realidade que surge para
trazer vida e imortalidade ao homem em João. Dessa forma em Cristo a plenitude
de Deus existe completamente, uma plenitude adequada e disponível para todos os
que acreditam.
O movimento missionário e as
implicações de tais introduções são evidentes e impressionantes.
Progressivamente, mas com segurança, Cristo irá triunfar em todas as esferas de
sua relação, pois, Ele é realmente um Cristo missionário, o Cristo de toda a
humanidade e o Senhor de todo o cosmos.
BIBLIOGRAFIA
Ferreira, João
Almeida de. Bíblia Sagrada Ed. Revista e Corrigida 1995.
Peters, George
W. Teologia Bíblica de Missões. Ed. CPAD 2005.
Apostila
SETESC. Missões.
Champlin, R. N.
J. M Bentes. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Candeia 1997.
Elaborado por Ev.
Marcos Moraes de Paula
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