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A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode. Isso fica sendo a minha última e mais elevada descoberta. Issac Newton. No princípio criou Deus os céus e a terra. Gn. 1.1
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Mitos & Logos



Mitos & Logos

O prólogo joanino é uma das passagens neotestamentária mais debatidas entre os estudiosos, uma vez que diferentemente dos evangelhos sinóticos, João apresenta Jesus a partir não de uma linhagem humana como o apresentam, por exemplo, Mateus e Lucas e sim como o logos, ou seja, a encarnação do verbo divino, porquanto não possui início e nem fim de dias sendo Ele o próprio Eterno. 
O conceito de Lógos já era bem discutido no período em que João o aplicou, o apóstolo o concebe de modo inteiramente novo, atribuindo-o a uma preexistência divina que se encarna e vive como um homem neste mundo.

O Logos como já citado era um conceito e personagem principal e seus diversos sentidos debatidos nas mais diversas teorias: o logos como princípio cósmico como em Heráclito, como princípio divino, criador e ativo dos estoicos; um conceito em referência a sabedoria veterotestamentária; uma inspiração de João; a palavra criadora descrita no livro Gêneses etc.

A aplicação do título de Logos para Jesus, por João, contrapõe-se a linguagem específica do mythos quanto à teogonia, mesmo que esses termos sejam muito próximos, porém distintos, mythos não necessitava de demonstrações racionais, suas percepções eram mais intuitivas expressa numa linguagem fantasiosa objetiva. CHAUÍ, 2011, p. 175 diz: Logos é a palavra racional do conhecimento do real. É discurso (argumento e prova), pensamento (raciocínio e demonstração) e realidade (ou seja, os nexos e ligações universais e necessários entre os seres). Portanto, o logos Joanino é a palavra do Criador na palavra humana não somente objetiva, mas também subjetiva é a manifestação do ser incondicional agora em corpo humano visível. Totalmente diferente da linguagem mitológica abstrata, objetiva, imaginária. Não estamos aqui, querendo descartar a importância da linguagem mitológica para o seu tempo e sua influência no desenvolvimento da filosofia, visto que mythos e lógos são duas formas distintas de pensamento.
O Mythos segundo CHAUÍ, 2011 p. 32 era uma narrativa sobre a origem de alguma coisa, sendo um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. O mythos por vezes, falava de coisas sem base na própria realidade, não se importando com a veracidade dos fatos narrados.

 É justamente neste ponto que percebemos a diferença racional entre esses dois conceitos, o mythos e o Logos. O logos do prólogo joanino é apresentado como aquele que veio como poder divino manifesto no mundo físico dos homens, a Palavra criadora revelando que o Criador está interessado em sua criação. O mythos tinha como função narrar histórias de deuses com o fim de apresentar a origem do universo e do relacionamento dos homens com tais deuses, porém nunca conseguiu suprir os anseios humanos por utilizar uma linguagem fantasiosa por vezes irracional, é bem verdade que está linguagem também produzia um senso do sagrado. Como resultado, os mitos se tornaram a base para o politeísmo.

Portanto, o que podemos aplicar da linguagem mitológica no logos joanino é a fórmula narrativa, da palavra abstrata para a palavra racional (logos), visto que o mito era a tentativa de explicação da realidade através de histórias fantasiosas sobre forças antagônicas, João trabalha o logos de forma narrativa, porém desenvolve algo completamente novo atribuindo uma preexistência divina que se encarna para conviver como homem no mundo dos homens, verbo encarnado, palavra ativa real que produz verdadeiro sentido. O mythos apresentava as diversas relações humanas e divinas através de símbolos, João apresenta a Palavra (logos), como palavra criadora, a realidade existencial do ser criado, palavra viva é eficaz.  

REFERÊNCIAS
CHAUÍ. Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.

Marcos Moraes de Paula


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