Este blog tem como objetivo trazer reflexões bíblicas, filosóficas e educacionais que estimule a fé o pensamento critico e o respeito pela vida.

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A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode. Isso fica sendo a minha última e mais elevada descoberta. Issac Newton. No princípio criou Deus os céus e a terra. Gn. 1.1
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A Doutrina do Espírito Santo

INTRODUÇÃO

            Não é difícil formar um conceito de Deus Pai ou do Senhor Jesus Cristo, mas alguns têm certa dificuldade em formar um conceito claro do Espírito Santo. A razão é dupla; primeiro, nas Escrituras as operações do Espírito Santo são invisíveis, secretas e internas, segundo, o Espírito Santo nunca fala de si mesmo nem a si mesmo se apresenta.
            Ele vem em nome de Jesus “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” Jo. 14. 26. ARC. Ele se oculta atrás do Senhor Jesus Cristo e nas profundezas do nosso homem interior. Ele nunca chama a atenção para si mesmo, mas sempre para a vontade de Deus e para a obra salvadora de Cristo, “não falará de si mesmoJo. 16. 13.
            O Espírito Santo é uma personalidade distinta, procede de Deus, é enviado de Deus, é dom de Deus aos homens. No entanto o Espírito Santo não é independente de Deus. Ele sempre representa o único Deus operando nas esferas do pensamento, da vontade, da atividade na vida do salvo. O fato de o Espírito Santo poder ser um com Deus e ao mesmo tempo ser distinto de Deus é parte do grande mistério da Trindade.
            No Antigo Testamento a ênfase esta sempre voltada ao Deus único, o povo tratava com Deus, e Deus tratava com o povo. Nos evangelhos, Mateus, Marcos, Lucas e João, focaliza-se a atenção em Jesus Cristo. No livro de Atos e nas epístolas a atenção se fixa no Espírito Santo. E pela Bíblia inteira, como um todo, pensamos em Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, a quem chamamos “o Deus trino”.
            O dia de Pentecoste marcou o raiar de um novo dia nas relações entre o Espírito Santo e a humanidade. Ele veio para habitar na igreja. Todo o trabalho eficaz que a Igreja tem feito tem sido realizado no poder do Espírito Santo. A incredulidade, a dúvida e a crítica podem atacá-la, mas não podem derrotá-la. A igreja, o verdadeiro corpo de Cristo, habitado pelo Santo Espírito de Deus, é tão indestrutível como o Trono de Deus.
            Neste pequeno estudo, estudaremos de forma sintetizada a doutrina do Espírito Santo, vamos refletir sobre o maravilhoso ministério do Espírito Santo no Antigo Testamento, Novo Testamento e principalmente na vida do crente. Oramos para que através dessas lições cada crente seja motivado a envolver-se pessoalmente com nosso amigo divino, o Espírito Santo, de modo que você possa crescer na maturidade espiritual do dia a dia, e que assim, possa experimentar os galardões ilimitados da vida cheia do Espírito Santo. Que Deus vos abençoe, bons estudos!

“E o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”

1. Terceira Pessoa da Trindade

            Deus é uno e, ao mesmo tempo, triúno (cf. Gn. 1. 26; 3.22, 11.7; Dt. 6.4; 1 Jo.5. 7). O Pai, o Filho e o Espírito são três divinas e distintas Pessoas. São verdades que transcendem a razão humana e as aceitamos alegremente pela fé. A fé em Deus deve preceder a doutrina (cf. 1 Tm. 4.6). Se a unidade composta do homem, espírito, alma e corpo, continuam como um fato inexplicável para a ciência e para os homens mais sábios e santos, quanto mais a triunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
            Vamos tentar explicar de um modo bem simples esta essência existente entre a Trindade, nós temos um elemento muito conhecido que é a água, a água é uma substância composta H2O, ou seja, cada molécula é composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. A água pode ser encontrada em três estados físicos, sólido, ou seja, gelo, liquido e gasoso, ou seja, vapor. Em qualquer um desses estados constatamos que a essências será H2O, assim também é a Santíssima Trindade são três pessoas distintas, mas, a mesma natureza divina.
            As três divinas Pessoas da Trindade são co-eternas e iguais entre si. Mas em suas operações concernentes à criação e à redenção, Deus, o Pai, planejou a criação (cf. Ef. 3.9); Deus Filho, executou o plano, criando (cf. Jo. 1. 3; Cl. 1. 16; Hb. 1.2, 11. 3), e Deus, o Espírito Santo, vivificou, ordenou, pôs tudo, todo o universo, em ação, desde a partícula infinitesimal e invisível até ao super-macroscópico objeto existente (Jó. 33. 4; Jo. 6. 63; Gl. 6. 8; Sl. 33.6; Tt. 3. 5). Ou seja, o Pai domina, o Filho realiza, e o Espírito Santo vivifica, preserva e sustenta.
            Na redenção da humanidade, o Pai planejou a salvação, no céu, o Filho consumou-a na terra, e o Espírito Santo realiza e aplica essa tão grande salvação à pessoa humana. Entretanto, num exame cuidadoso da Bíblia vemos que, em qualquer desses atos divinos, as três Pessoas da Trindade estão presentes.

2. A Natureza do Espírito Santo

2.1 A personalidade do Espírito Santo

         Quando pensamos numa pessoa provavelmente pensamos num ser humano muito semelhante a nós mesmos, que tem a capacidade de pensar, sentir e tomar decisões. Mas a capacidade de saber sentir e escolher nos foi dada por Deus, e nós somos feitos à Sua imagem. Ele é o ideal daquilo que uma pessoa completa e perfeita é, e nós somos simplesmente as cópias maculadas, não é, portanto, nosso propósito dizer que o Espírito Santo é uma pessoa porque é como nós. Pelo contrário, a nossa personalidade segue o padrão do modelo divino, logo temos a capacidade de pensar, de sentir e de decidir.
            Todas as qualidades que descrevem a personalidade são achadas no Espírito Santo. Ele é um ser vivo. Na realidade, Ele é a fonte e o Doador da vida, e um dos seus nomes é o “Espírito de vida” (cf. Rm. 8.2). Frequentemente pensamos que uma pessoa é quem tem corpo físico visível, não percebemos o significado verdadeiro da palavra pessoa, que se refere às qualidades da personalidade, a capacidade de saber, de sentir e de escolher. Sendo o Espírito Santo uma pessoa e não simplesmente uma força impessoal, isso leva-nos a uma mais íntima comunhão com Ele em nossa vida diária. Porque é uma Pessoa completa que pode pensar, sentir e escolher, Ele é o cabal perfeito para comunicar a Deus os seus desejos, e a você, a vontade de Deus. Vejamos três exemplos:

A. Inteligência (mente) 1 Co. 2. 10,11; Rm. 8. 27,
B. Emoções (sentimentos) Ef. 4. 30,
C. Vontade (distribuição de dons) 1 Co. 12. 11.

            O Espírito Santo, como ser que é não é apenas um vento ou uma força ativa. Paracleto é uma palavra de origem grega que quer dizer Intercessor, Consolador (Jo. 14. 16, 26). Logia é uma palavra que significa estudo, tratado. Outro termo para identificarmos a doutrina do Espírito Santo é Pneumatos, palavra grega que significa elemento de composição que contém a ideia de espírito, sopro, vapor e ar (Jo. 3. 8; At. 2. 2). Desta forma, uma das primeiras ênfases na doutrina do Espírito Santo é sua personalidade como pessoa, Ele age como tal, nas mais diversas circunstâncias. A Bíblia nos diz que Ele sofre resistência, At. 7. 51; revela 2 Pe. 1. 21; ensina Jo. 14. 26; testemunha a nossa filiação Gl. 4. 6; Rm. 8. 16; intercede Rm. 8.26; Fala Ap. 2.7; testifica de Jesus Jo. 15. 26; comanda At. 16. 6,7. Todas essas atribuições nos revela a personalidade do Espírito Santo.

3. O Espírito Santo no Antigo Testamento

         Muito antes de o homem aparecer na terra e mesmo antes da terra existir, o Espírito Santo já existia. A primeira parte de Gn. 1.2 apresenta uma cena tenebrosa, a terra, uma massa informe, vazia e escura. Foi então que um raio de esperança brilhou, iluminando-a, antes mesmo que Deus ordenasse o aparecimento da luz. Diz a Escritura que “o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”. Foi o primeiro prenúncio da perfeição das obras do Criador. Com singular inspiração, disse o patriarca Jó que Deus, pelo seu Espírito ornou os céus, (cf. Jó. 26. 13a). Deus não apenas formou o universo, mas também o embelezou estabelecendo a ordem de ação de cada astro, do menor ao maior. O salmista diz: “Pela Palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca” Sl. 33.6. Deduzimos, pois, que o Espírito Santo foi o agente divino pelo qual estas maravilhas vieram a existir. Podemos concluir, com certeza, que a ação do Espírito Santo está presente em todas elas.
            A dispensação em que vivemos atualmente é um tempo oportuno para as atividades do Espírito Santo entre os homens, como aquele quem pesa a responsabilidade de alcançar todo este universo, encaminhando os homens para Deus. Entretanto, sabemos que o mesmo Espírito também exerceu suas atividades nos tempos passados. A Bíblia ressalta a Sua atividade entre os homens nos tempos do Antigo Testamento.

3.1 O Espírito Santo na liderança no Antigo Testamento

            No AT, o Espírito Santo agia por intermédio de alguns homens depois se retirava.
José:
            Evidenciou-se com a capacidade de revelar mistérios e com sabedoria para administrar, (cf. Gn. 41. 1 – 57.). Faraó teve um sonho profundo, o qual lhe deixou perturbado, ninguém havia que pudesse interpretar. Os anseios do rei foram confirmados quando José, pelo Espírito de Deus interpretou seus sonhos, revelando que a poderosa nação egípcia estava à margem de uma crise sem paralelo. Então disse o rei: “Acharíamos homem como este em quem há o Espírito de Deus?” Gn. 41.38.
Moisés:
            Mostrou autoridade divina para liderar e sabedoria para legislar sobre o povo de Deus. Por várias vezes, no Pentateuco, lemos sobre Moisés envolvido pela gloria de Deus e, no livro de (Is. 63. 11), registra ele sendo cheio do Espírito Santo. Seguramente, pela historia, se sabe que Moisés nunca foi esquecido pelo povo israelita. Este foi o resultado da sabedoria com que foi dotado pelo Espírito Santo para comunicar as revelações do Altíssimo, falando e escrevendo, inclusive sobre os mistérios da eternidade.
Bezalel:
            Recebeu capacidade para construir o Tabernáculo e para ensinar os outros o mesmo serviço, (cf. Êx. 31. 1 – 4). O Espírito de Deus habitou em Bezalel juntamente com Aoliabe, dando-lhes inteligência e competência para fazerem todo tipo de trabalho artístico em madeira, ouro, prata e bronze. Fazendo e ensinando aos artífices na construção do tabernáculo conforme o desenho fornecido por Deus.
Gideão:
            Encontrou coragem para lutar (cf. Jz. 6. 34). O Espírito do Senhor revestiu a Gideão e, consequentemente houve um grande livramento dos opressores midianitas que numericamente eram superiores a Gideão com seus trezentos homens.
Sansão:
            Encontrou força para libertar o seu povo que gemia sob o jugo da escravidão dos Filisteus, (cf. Jz. 14. 6, 19; 15. 14). O grande segredo da força misteriosa de Sansão é que ele era possuído pelo Espírito do Senhor. Ele matou um leão rasgando-o com as mãos e, de posse de uma queixada de jumento, matou mil inimigos do povo de Deus.
Davi:
            Encontrou forças para ser rei, profeta, cantor e poeta, (1 Sm. 16.13). No dia em que foi ungido, o Espírito Santo se apossou de Davi e daquele dia em diante, as ultimas palavras foram as seguintes: “O Espírito do Senhor falou por mim e a sua Palavra esteve na minha boca”2 Sm.23. 2.
            Poderíamos citar muitos outros exemplos de homens que foram inspirados pelo Espírito Santo no Antigo Testamento, lideres profetas, agiram e trabalharam no poder do Santo Espírito de Deus, ministrando, não para si mesmos, mas para nós da atual geração, (Ez. 2. 2; Hb. 11. 40).

4. O Espírito Santo no Novo Testamento

            Assim como no Antigo Testamento, o Espírito Santo entra em cena logo nas primeiras páginas do Novo Testamento. O anjo Gabriel informa a Zacarias que seu futuro filho João Batista, seria cheio do Espírito Santo, (cf. Lc. 1.15). O mesmo Espírito anunciou a Maria que o Espírito Santo desceria sobre ela, (cf. Lc. 1. 35). Mais adiante vemos Simeão e o Espírito Santo sobre ele, (cf. Lc. 2.25). Durante a vida terrena de Jesus, a atuação do Espírito Santo sempre foi presente, em toda sua caminhada, palavras e obras, portanto o Senhor Jesus era cheio do Espírito Santo, (cf. Lc. 4.1).

4.1 Em João Batista

            Homem que foi chamado para uma missão de grande relevância e que só poderia ser realizada na unção do Espírito Santo, e assim o foi desde o ventre de sua mãe, pois, já saltava de alegria por aquele que haveria de apresentar ao mundo, o Messias, (cf. Lc. 1. 41).      A presença do Espírito de Deus em João se tornou evidente:
          I.          Pela autoridade com que exortava o povo a preparar o caminho do Senhor, Lc. 3. 2 – 4.
       II.         Pela firmeza com que anunciava a salvação de Deus, a manifestar – se em Cristo. Jo. 1. 29.
    III.          Pela energia com que anunciava o pecado do seu povo, conclamando-o ao arrependimento, para escapar do juízo vindouro, Lc. 3. 7 – 9.
    IV.         Pela segurança com que ensinava o caminho de retorno a Deus, Lc. 3. 10 – 14.
       V.         Pela convicção com que predizia o caráter sobrenatural do ministério de Jesus, de quem era precursor, Lc. 3. 15 – 18.
    VI.         Pela imparcialidade com que protestava contra o pecado do rei Herodes, Lc. 3. 19.
Todas essas virtudes nos revela a capacitação do Espírito Santo na vida de João Batista.

4.2 Em Jesus Cristo

            O Senhor Jesus Cristo, aqui na terra, se identificou de forma plena com o Espírito Santo. Prevendo que havia de ausentar-se, dos seus discípulos, prometeu não deixa-los órfãos, enviando – lhes “outro Consolador”, (cf. Jo. 14.16), com o propósito de ensinar-lhes todas as coisas e fazê-los lembrar de tudo, (cf. Jo. 14.26). Em suas ultimas instruções Jesus, disse: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós...”At. 1. 8. Convém notar aqui que os discípulos já possuíam o Espírito Santo, (cf. Jo. 20. 22), assim como todos os verdadeiros cristãos o possuem, pois a conversão é obra do Espírito Santo, (cf. Ef. 2. 17,18), Jesus se referia ao batismo no Espírito Santo. Essa relação entre o Espírito Santo e a pessoa de Jesus nos apresenta Ele como:

        I.            Concebido pelo Espírito Santo, Lc. 1. 35.
     II.            Ungido com o Espírito Santo, At. 10.38.
  III.            Guiado pelo Espírito Santo, Mt. 4.1.
  IV.            Cheio do Espírito Santo, Lc. 4. 1.
    V.            Que realizou o seu ministério pelo poder do Espírito Santo, Lc. 4. 18,19.
  VI.            Que se ofereceu em sacrifício pelo Espírito Santo, Hb. 9. 14.
VII.            Que ressuscitou pelo poder do Espírito Santo, Rm. 8.11.
VIII.          É doador do Espírito Santo, At. 1. 1, 2; Jo. 16.7.
            Podemos perceber, que em todo o tempo que o Senhor Jesus viveu aqui na terra, desde o seu nascimento até a sua ressurreição Ele viveu na inteira dependência do Espírito Santo.

4.3 Na vida do crente

            O Espírito Santo é dado em abundância para o crente que procura estar aos pés de Jesus. A Bíblia nos diz em At. 4. 31 que: “...todos foram cheios do Espírito Santo...”. O batismo no Espírito Santo foi predito por (cf. Is. 44.3; Joel. 2. 28; João Batista, Mat. 3. 11) etc. No dia de Pentecostes, At. 2. 4, os povos, que estavam na cidade de Jerusalém, ficaram em êxtase ao ver e ouvir o que o Espírito Santo fez no meio dos crentes. Além do Batismo com o Espírito Santo, o mesmo Espírito opera poderosamente no cristão da seguinte forma:

        I.            Regenerando – o, Jo. 3. 3 – 6.
     II.            Batizando – no corpo de Cristo, Jo. 1. 32 – 34; Mat. 3. 11 -12.
  III.            Habitando nele, I Co. 6. 15 – 19
  IV.            Selando – o, Ef. 1. 13,14.
    V.            Proporcionando-lhe segurança, Rm. 8. 14 -16.  
  VI.            Fortalecendo-o, Ef. 3. 16.
VII.            Enchendo-o de virtudes, Ef. 5. 18 – 20.
VIII.            Libertando-o da lei do pecado e da morte, Rm. 8.2.
  IX.            Guiando-o, Rm. 8.14.
    X.            Chamando-o para serviço especial, At. 13. 2-4.
  XI.            Iluminando-o, I Co. 2. 12 -14.
XII.            Instruindo-o, Jo. 16. 13 – 14.
XIII.            Capacitando-o, I Ts. 1.5.
XIV.            Concedendo dons espirituais ao crente, I Co. 12. 6 – 11.

            Todo cristão que é batizado no Espírito Santo, segue-se a evidência inicial que é a de falar em línguas estranhas. Esta evidência satisfaz, não só um requisito da doutrina apostólica, como também cumpre a Palavra de Jesus que disse: “Estes sinais seguirão aos que creem... falarão novas línguas” Mc. 16.17.

5. Os Dons do Espírito Santo

            Dentre as insondáveis riquezas espirituais que Deus coloca à disposição da igreja na terra, destacam-se os dons sobrenaturais do Espírito Santo, apresentados pelo apóstolo Paulo como agentes de poder e de vitória desta mesma igreja.
Princípios doutrinários. Pelo menos dois princípios devem ficar bem patentes aqui, concernentes aos dons espirituais:

1) Uma pessoa que recebeu do Senhor dons do Espírito não significa que ela alcançou um estado de perfeição e que e merecedora das bênçãos de Deus. As manifestações e operações do Espírito Santo por meio de um crente jamais devem ser motivo de orgulho, seja ele quem for.

2) Assim como o crente não e salvo pelas obras, mas tão somente pela graça divina (Ef 2.8; Tt 3.5), assim também os dons do Espírito Santo nos são concedidos pela graça de Deus para que ninguém se engrandeça — “segundo a graça" (Rm 12.6).
Na igreja de Corinto, certos crentes imaturos receberam dons espirituais e se descuidaram de crescer na Fé e na doutrina. Problemas surgiram dai, afetando toda aquela igreja. Cuidado!
            De acordo com o ensino geral da Bíblia, os dons podem ser classificados em três grupos distintos:

5.1 Dons ministeriais (Ef. 4. 11)

Apóstolos
Profetas
Evangelistas
Pastores
Mestres

5.2 Dons auxiliares (Rm. 12. 6 – 8)

Governos
Exortação
Repartir
Presidir
Exercitar misericórdia
Socorros

5.3 Dons espirituais (I Co. 12. 1 – 11)

Dom de sabedoria
Dom da ciência
Dom da fé
Dons de curar
Dom de profecia
Dom de discernir os espíritos
Dom de línguas
Dom de interpretação de línguas.

            Antes de estudarmos sinteticamente os dons concedidos pelo Espírito Santo se faz necessário compreendermos os propósitos dos dons:

1º A edificação do corpo de Cristo. Ef. 4. 12
2º A unidade da fé e do conhecimento de Jesus. Ef. 4. 3 – 7
3º A maturidade cristã. Ef. 4. 13 – 16.

5.4 Dons ministeriais

Apóstolos
O título “apóstolo” se aplica a certos líderes cristãos no NT. O verbo apostello significa enviar alguém em missão especial como mensageiro e representante pessoal de quem o envia. O título é usado para Cristo (Hb 3.1), os doze discípulos escolhidos por Jesus (Mt. 10.2), o apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2Co 1.1; Gl. 1.1) e outros (At. 14.4,14; Rm 16.7; Gl 1.19; 2.8,9; 1Ts 2.6,7). O termo “apóstolo” era usado no NT em sentido geral, para um representante designado por uma igreja, como, por exemplo, os primeiros missionários cristãos. Logo, no NT o termo se refere a um mensageiro nomeado e enviado como missionário ou para alguma outra responsabilidade especial. O termo “apóstolo” também é usado no NT em sentido especial, em referência àqueles que viram Jesus após a sua ressurreição e que foram pessoalmente comissionados por Ele a pregar o evangelho e estabelecer a igreja (e.g., os doze discípulos e Paulo). Tinham autoridade ímpar na igreja, no tocante à revelação divina e à mensagem original do evangelho, como ninguém mais até hoje. O ministério de apóstolo nesse sentido restrito é exclusivo, e dele não há repetição. Os apóstolos originais do NT não têm sucessores.

Profetas

            Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza da igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito Santo e revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo (At 2.17; 4.8; 21.4). O ministério profético do AT ajuda-nos a compreender o do NT. A missão principal dos profetas do AT era transmitir a mensagem divina através do Espírito, para encorajar o povo de Deus a permanecer fiel, conforme os preceitos da antiga aliança. Às vezes eles também prediziam o futuro conforme o Espírito lhes revelava. A função do profeta na igreja incluía o seguinte: (a) Proclamava e interpretava cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina. Sua mensagem visava admoestar, exortar, animar, consolar e edificar (At. 2.14-36; 3.12-26; 1 Co. 12.10; 14.3).

Evangelistas
No NT, evangelistas eram homens de Deus, capacitados e comissionados por Deus para anunciar o evangelho, i.e., as boas novas da salvação aos perdidos e ajudar a estabelecer uma nova obra numa localidade. A proclamação do evangelho reúne em si a oferta e o poder da salvação (Rm 1.16). Filipe, o “evangelista” (At. 21.8), claramente retrata a obra deste ministério, segundo o padrão do NT. (a) Filipe pregou o evangelho de Cristo (At. 8.4,5, 35). (b) Muitos foram salvos e batizados em água (At. 8.6,12). (c) Sinais, milagres, curas e libertação de espíritos malignos acompanhavam as suas pregações (At. 8.6,7, 13). (d) Os novos convertidos recebiam a plenitude do Espírito Santo (At. 8.14-17). O evangelista é essencial no propósito de Deus para a igreja. A igreja que deixar de apoiar e promover o ministério de evangelista cessará de ganhar convertidos segundo o desejo de Deus. Tornar-se-á uma igreja estática, sem crescimento e indiferente à obra missionária. A igreja que reconhece o dom espiritual de evangelista e tem amor intenso pelos perdidos, proclamará a mensagem da salvação com poder convincente e redentor (At. 2.14-41).

Pastores
Os pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades espirituais. Também são chamados “presbíteros” (At. 20.17; Tt. 1.5) e “bispos” ou supervisores (1 Tm. 3.1, 2; Tt 1.7).  A tarefa do pastor é cuidar da sã doutrina, refutar a heresia (Tt. 1.9-11), ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1Ts 5.12; 1Tm 3.1-5), ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt. 2.7,8), e esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb. 12.15; 13.17; 1Pe 5.2). Sua tarefa é assim descrita em (At. 20.28-31), salvaguardar a verdade apostólica e o rebanho de Deus contra as falsas doutrinas e os falsos mestres que surgem dentro da igreja. Pastores são ministros que cuidam do rebanho, tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo 10.11-16; 1 Pe. 2.25; 5.2-4). Segundo o NT, uma igreja local era dirigida por um grupo de pastores (At. 20.28; Fp 1.1). Os pastores eram escolhidos, não por política, mas segundo a sabedoria do Espírito concedida à igreja enquanto eram examinadas as qualificações espirituais do candidato. O pastor é essencial ao propósito de Deus para sua igreja. A igreja que deixar de selecionar pastores piedosos e fiéis não será pastoreado segundo a mente do Espírito (1 Tm. 3.1-7). Será uma igreja vulnerável às forças destrutivas de Satanás e do mundo (At. 20.28-31). Haverá distorção da Palavra de Deus, e os padrões do evangelho serão abandonados (2 Tm. 1.13,14). Membros da igreja e seus familiares não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (1 Tm. 4.6,14-16; 6.20,21). Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às fábulas (2 Tm. 4.4). Se, por outro lado, os pastores forem piedosos, os crentes serão nutridos com as palavras da fé e da sã doutrina, e também disciplinados segundo o propósito da piedade (1 Tm. 4.6,7). 

Doutores e mestres
Os mestres são aqueles que têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, a fim de edificar o corpo de Cristo. A missão dos mestres bíblicos é defender e preservar, mediante a ajuda do Espírito Santo, o evangelho que lhes foi confiado (2 Tm 1.11-14). Têm o dever de fielmente conduzir a igreja à revelação bíblica e à mensagem original de Cristo e dos apóstolos, e nisto perseverar. O propósito principal do ensino bíblico é preservar a verdade e produzir santidade, levando o corpo de Cristo a um compromisso inarredável com o modo piedoso de vida segundo a Palavra de Deus. As Escrituras declaram em (1 Tm 1.5), que o alvo da instrução cristã (literalmente “mandamento”) é a “caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida” (1Tm 1.5). Logo, a evidência da aprendizagem cristã não é simplesmente aquilo que a pessoa sabe, mas como ela vive i.e., a manifestação, na sua vida, do amor, da pureza, da fé e da piedade sincera.

5.5 Dons auxiliares

Governos
            Este dom é chamado “ministério” em (Rm. 12.7), e governos em (1 Co. 12.28). Está relacionado diretamente com os dons eclesiásticos, especialmente com os apóstolos e pastores e, por extensão, aos anciãos da igreja. Nos dias da igreja primitiva, Havia, pois, necessidade de pessoas dotadas de habilidades especiais para a administração e a ordem social.

Exortação

Encontramos este dom em Romanos 12.8 e 1 Coríntios 14.3, sendo nesta última passagem ligado ao dom de profecia, mas deve também estar relacionado a "mestres". Não é de duvidar que profetas e mestres, o primeiro através da profecia e o segundo pelo ministério da palavra, exercessem esse dom. O propósito da exortação é levar os crentes a uma vida cristã mais elevada, a uma íntima transformação segundo a imagem de Cristo. Trata-se de uma conclamação do Espírito de Deus ao arrependimento e à santidade. As palavras de exortação são ensinadas pelo Espírito Santo (Rm l2.8; 1 Co 2.13; 14.1-3).

Repartir

            O dom de repartir é citado em Romanos 12.8. Do ponto de vista divino, este dom do Espírito está ligado diretamente aos dons de profecia e interpretação; e, no sentido social, à misericórdia e socorros. Jesus ensinou seus discípulos a "repartir o pão" (Jo. 6.11). E, de igual modo, "o pão da ceia do Senhor", que representa seu corpo, e o "cálice", que simboliza o seu sangue (Lc. 22.17-20). O primeiro ato do Senhor - o repartir o pão - fala da multiplicação que sucedeu a este gesto. O segundo ato fala da comunhão, que é representada pela ceia do Senhor. O verdadeiro cristão tanto reparte com os demais os bens temporários quanto os espirituais. A Igreja Primitiva era sem dúvida possuidora deste dom maravilhoso, pois "não havia, pois entre eles necessitado algum" (At. 4.34). O segredo deste sucesso era que "repartia-se por cada um, segundo a necessidade que cada um tinha". Do ponto de vista divino, a Igreja cumpriu sua missão, enchendo Jerusalém e depois o mundo inteiro com a palavra de Deus.

Presidir

            Este dom também é citado em Romanos 12.8. Associa-se com o ministério pastoral. No original, o termo "presidir" fala de funções administrativas na igreja, envolvendo os responsáveis pelo bom funcionamento de alguns de seus segmentos e do ministério. No entanto, trata-se primeiramente de um dom, e somente depois envolve o ofício. Está presente nas "sete colunas de sabedoria", que são: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres, presbíteros e diáconos.

Misericórdia

Também citado em Romanos 12.8, este dom envolve tanto ajuda material quanto espiritual. Paulo lembra aos anciãos da igreja de Éfeso que não se esqueçam da misericórdia: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At. 20.35)”. Em 1 Coríntios, falando expressamente dos dons espirituais, o apóstolo menciona um dom "maior" que os demais - o amor (13.13). É o amor o pai da misericórdia! Deus é amor, e também se chama "Pai das misericórdias" (2 Co 1.3). O dom da misericórdia é uma "compaixão demonstrada" àqueles que sofrem! É a tristeza de não fazer e a alegria de realizar! O Filho de Deus, em seus dias na Terra, ensinou a todos o valor deste dom: "Misericórdia quero, e não sacrifício" (Mt. 9.13). “E, a respeito dos que possuem este dom tão maravilhoso, disse: Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia (Mt. 5.7)”. Há quem exercite a misericórdia do dever, a primeira milha. Entretanto, só poderá caminhar a segunda milha quem possuir a misericórdia como dom.

Socorros

 Este dom é citado em 1 Coríntios 12.28. O exemplo do exercício de misericórdia tem abrangência material e espiritual. São citados no plural em função das inúmeras necessidades no seio da igreja, que são de ordem espiritual, moral e social. Nas horas difíceis, pessoas capacitadas pelo Espírito Santo com o dom de socorros estão prontas para ajudar. São impelidas pelo Espírito Santo a um interesse especial e intuitivo pelos necessitados, e descobrem meios para resolver essas necessidades. Mesmo quando todas as vozes se calam em defesa da igreja ou do cristão individualmente, "socorro e livramento doutra parte virá" (Et 4.14); porque "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia" (Sl 46.1). Em qualquer tempo ou lugar, contamos sempre com o "socorro do Espírito de Jesus Cristo" (Fp 1.19).

5.6 Dons espirituais

            Dos nove dons descritos em I Co. 12. 1 – 11 são classificados em três grupos, a saber:

        I.            Palavra da sabedoria
     II.            Palavra do conhecimento
  III.            Discernimento de Espírito

Palavra da sabedoria

            Este dom é uma, proclamação, uma declaração, de sabedoria dada por Deus através da revelação do Espírito Santo, para satisfazer a necessidade de solução urgente dum problema particular. Não se deve confundi-lo, portanto, com a sabedoria num sentido amplo e geral. Não depende da habilidade cultural humana de solucionar problemas, pois é uma revelação do conselho divino. Nos domínios do ministério cristão, este dom se aplica tanto no ensino da doutrina bíblica quanto às soluções de problemas em geral.

Palavra do conhecimento

            Este dom tem sido definido como sendo a revelação de algum fato que existe na mente de Deus, mas que o homem, devido as suas naturais limitações, não pode conhecer, a não ser que o Espírito Santo o revele, (Dt. 29.29). Exemplos da manifestação deste dom são encontrados nos ministérios de Samuel, (I Sm. 9. 15, 20; de Eliseu, II Rs. 5. 20, 26 e 6. 9, 12); do Senhor Jesus,(Jo. 1. 48; 4.14; Lc. 19.5; de Paulo, At. 27. 23 -25).

Discernimento de Espírito

            Através deste dom, Deus revela ao crente a fonte do propósito de toda e qualquer forma de poder espiritual. Através dele o Espírito Santo revelou a Paulo que tipo de espírito operava na jovem de Filipos, (At. 16. 18) e fez, da mesma maneira, com Elimas, o encantador, condenando-o à cegueira, (At. 13. 11).

5.7 Dons de poder
        I.           
     II.            Dons de curar
  III.            Operação de milagres


            O dom da fé envolve uma fé especial, diferente da fé salvífica, ou fé que é revelada por Paulo como um dos aspectos do fruto do Espírito Santo, (Gl. 5. 22). O dom da fé traduz uma fé especial e sobrenatural, verdadeiro apelo a Deus no sentido de que Ele intervenha, quando todos os recursos humanos se têm esgotado. Foi este tipo de fé com a qual foram dotados os heróis da galeria de Hebreus, 11.

Dons de curar

            No grego, o dom (curar) como o seu efeito, está no plural, o que dá a entender que existe uma variedade de métodos na operação deste dom. Assim, um servo de Deus pode não ter todos os dons de curar e, por isso, às vezes muitos não são curados por sua intercessão. Temos como exemplo, Paulo que orou pelo pai de Públio, que se achava com febre e disenteria, na ilha de Malta, e Jesus o curou, (At. 28.8), porém, foi forçado a deixar seu amigo Trófimo doente em Mileto, (II Tm. 4.20). 

Operação de milagres

            Milagres e maravilhas são plurais da palavra poder, conforme (At. 1.8), que significa atos de poder grandiosos, sobrenaturais, que vão além do que o homem poder ver. Da mesma maneira, como dom de curar, esta palavra aparece no plural, no original grego, o que sugere que há uma variedade de modos de milagres e de atos de poder. Por milagres ou maravilhas, entende-se todo e qualquer fenômeno que altera uma lei pré-estabelecida. Nesses atos de poder de Deus que infligem derrota a Satanás, podemos incluir o juízo de cegueira sobre Elimas, a expulsão de demônios. Também pode ser classificado como milagres o resultado da operação divina na cura de enfermidades que ainda não existam remédios como; câncer, AIDS, surdez, mudez, paralisia etc.

5.8 Dons de elocução

        I.            Profecia
     II.            Variedade de línguas
  III.            Interpretação de línguas

Profecia

            A profecia é uma manifestação do Espírito de Deus e não da mente do homem. É concedida a cada um visando um fim proveitoso, (I Co. 12. 7). Embora o dom da profecia nada tenha a ver com os poderes normais do raciocínio humano, pois, é algo superior, isso não impede que qualquer crente possa exercitá-lo, como está escrito, “todos podereis profetizar, um após o outro, para todos aprenderem e serem consolados” I Co. 14. 31. Edificação, Exortação, Consolação, são os três elementos básicos da profecia e a razão de ser e existir desse dom. Portanto, a profecia não deve ser exercida com o propósito governativo da igreja local. Ainda que, em alguns casos, o dom da profecia possa ser exercido simultaneamente com a pregação da Palavra, é evidente que esse dom é dotado de um elemento sobrenatural, não devendo, portanto, ser confundido com a simples habilidade de pregar o Evangelho.

Variedades de línguas

            As línguas estranhas, como evidência inicial do batismo com o Espírito Santo, deixam de ser um assunto controvertido se as estudarmos a luz da Bíblia, da história da Igreja e da experiência pentecostal. Nas Escrituras, encontramos a resposta exata, a questões das línguas. Ela nos informa com precisão o que acontecia quando os crentes do primeiro século eram cheios do Espírito Santo, “falavam em outras línguas conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”, (At. 2. 1 – 4). Embora que o falar em línguas não isente a ninguém do dever de evidenciar sua fé pelos frutos, pelas ações dignas, constitui com tudo a prova de sermos crentes.

Interpretação de línguas

            O dom de interpretação de línguas é semelhante à interpretação de uma língua estrangeira, que o interprete explica em uma língua que conhecemos. Contudo, a interpretação das línguas estranhas é feita sobrenaturalmente, daí a importância deste dom que se equipara ao dom de profecia, havendo assim uma consonância edificativa, como Paulo disse: “de sorte que as línguas são um sinal, não para os fieis, mas, para os infiéis” (I Co. 14. 22).


6. Pecados contra o Espírito Santo

         Este capítulo se ocupa de um assunto muito sério, uma advertência sobre o perigo de pecar contra o Espírito Santo e, consequentemente, privar-se da sua divina e imprescindível operação.
            A luz do que temos aprendido acerca do Espírito Santo, temos observado que Ele é Divino, é a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, aprendemos da importância do seu ministério no mundo e nos santos e sabemos que Ele é o Paracleto enviado de Deus para guiar-nos como nosso Consolador e ajudador.

6.1 Resistência ao Espírito Santo

            Estevão falava a uma multidão de judeus rebeldes, acusando-os de resistirem ao Espírito Santo. “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais”.  (At. 7. 51).
            Esta enérgica repreensão não somente denuncia a natureza deste pecado contra o Espírito Santo, mas também as maneiras como pode ser praticado. Vejamos alguns aspectos do pecado de resistência ao Espírito Santo:

        I.            Obstinação: É este o sentido de cerviz dura – pescoço que não se curva;
     II.            Indisposição para ouvir – “incircuncisos de ouvidos”, desatenção por desprezo ao Espírito Santo;
  III.            Indisposição para atender – “incircuncisos de coração”, rebeldia contra a voz do Espírito Santo. Ex: Estevão no Sinédrio (At. 6.10).

6.2 A gravidade do pecado de resistir ao Espírito Santo

            Por que tais atitudes são pecados contra o Espírito Santo? Por que tais atos merecem, em tão alto grau o receio do julgamento de Deus? É que o Espírito Santo é o agente divino para conduzir a Deus o homem perdido. Resistir-lhe é como um náufrago a recusar a corda que lhe é atirada. (Jo. 16.8).
            Seria o mesmo que um homem da janela de um edifício alto, dominado pelas chamas, recusar descer numa escada, como único meio de salvação. Resistindo e recusando o único Agente de ajuda e esperança, não resta alternativa, senão a morte e no caso de resistência ao Espírito Santo à morte eterna.
6.3 Meios pelos quais os homens resistem ao Espírito Santo
            Alguns resistem ao Espírito Santo simplesmente não lhe dando ouvidos, estão sempre ocupados, não prestam atenção. Isto é um pecado grave, pois, é um ato consciente, por quanto à voz do Espírito não deixará de causar algum impacto na consciência do indivíduo.
            A resistência procede na realidade de um espírito rebelde e de uma consciência calejada e, convém observar que um calo é sempre resultado de frequentes e diversos impactos, de quaisquer proporções. A tais pessoas, convém mais esta advertência: “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, será quebrantado de repente sem que haja cura”. (Prov. 29.1).

6.4 O pecado de blasfêmia

            Mateus 12, 31,32, temos a declaração de Jesus de que a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. Deve ser de fato, um pecado terrível, mas o que significa a blasfêmia contra o Espírito Santo? Preste atenção que Jesus diz que nem todo o pecado contra o Espírito, mas toda blasfêmia contra o Espírito Santo é pecado.
            Blasfemar é proferir palavras abusivas contra a Divindade de modo consciente e malicioso. Jesus tinha acabado de expulsar um demônio de um cego e mudo. O povo ficou maravilhado e estava pronto a aceitar a Cristo como o Messias prometido. Os fariseus, entretanto, disseram que Cristo expelia os demônios pelo poder satânico (Mat. 12. 24; Mc. 3.22). As palavras dos fariseus foram discernidas por Jesus como ofensa consciente à Divindade do Espírito Santo, pois, Jesus foi ungido pelo Espírito Santo, para libertar a todos os oprimidos do diabo. (At. 10. 38).
            O pecado da blasfêmia se torna particularmente horrendo quando praticado contra o Espírito Santo, pois, resulta na separação do único que pode conduzir o pecador a Deus. Em Hebreus 10. 26 -29, encontramos um exemplo deste pecado imperdoável, o autor nos adverte sobre os que vivem pecando voluntariamente, a passagem subentende que a impossibilidade do perdão. O ódio manifesto por pessoas esclarecidas que propositalmente desafiam a luz e ao conhecimento rejeita e persevera em rejeitar os esforços e as obras realizadas pelo Espírito Santo, e graça oferecida pelo Evangelho. Tal estado para quem nele persevera sem arrependimento, exclui o perdão porque é o pecado para morte referido em (I Jo. 5. 16). A blasfêmia é pecado imperdoável não porque Deus não seja misericordioso, mas porque o que assim procede se afasta do plano redentor de Deus e revela por si mesmo ter um coração insensível, que não se aflige por causa do pecado.

6.5 Uma advertência oportuna

            Convém, no entanto estar apercebido de que embora a prática de tal pecado seja ainda possível em nossos dias, relativamente poucas pessoas o cometem. Satanás frequentemente tem atormentado alguns crentes com medo de haverem cometido esse pecado imperdoável. Entretanto, precisamos entender que quando uma pessoa se sente aflita pensando ter cometido tal pecado isto é uma evidência, ou seja, uma prova de que ela não o cometeu, uma vez que, os que praticam tal pecado são insensíveis e sua mente já esta cauterizada e não sentem nenhum temor ou arrependimento. As pessoas, crentes, que estão em angustia de alma temendo terem cometido o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo na maioria dos casos deveriam ser informadas que essa angustia é prova que elas não cometeram tal pecado. Os que possivelmente cometem esse pecado só se afligirão quando comparecerem perante o juiz de toda a terra.
            Vamos finalizar este assunto falado de um tipo de pecado, que este sim é mais comum na vida dos crentes, citado por Paulo em sua carta aos Efésios, “entristecer o Espírito Santo”. (Ef. 4.30). Os crentes muitas vezes pecam contra o Espírito Santo, embora os seus pecados sejam de natureza diferentes. Um destes pecados é o entristecer o Espírito, e esta lastimável verdade é a causa da advertência que lemos em Efésios 4.30. Entristecer, aqui tem sentido de atormentar, agravar, afligir causar dor.
            Como é possível entristecer o Espírito Santo? Podemos entristecer o Espírito Santo com diferentes e variadas maneiras de proceder. (Efésios 4. 29), lemos: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa, para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem” em seguida lemos: “Longe de vós toda amargura e cólera, e ira, gritaria e blasfêmias e toda a malicia seja tirada de entre vós” (Ef. 4.3). Nunca devemos esquecer de que Ele é o Espírito Santo e não pode habitar em um coração de onde procedem, pensamentos e desejos ímpios, bem como palavras torpe. A ordem de Deus para o crente é a palavra de orientação que Paulo inspirado pelo Espírito Santo, comunicou a igreja de Filipos, “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo tudo o que é puro tudo o que é amável tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”. (Fil. 4. 8).
            Nos dias de Eli, o sacerdote, por causa do pecado, a arca da aliança foi tomada pelo inimigos. A nora de Eli, assustada pela noticia da morte de Eli e de seus dois filhos e principalmente porque a arca do Senhor fora tomada, agonizante deu a luz a um filho e deu-lhe o nome de Icabô, que significa, foi-se a gloria de Israel. A arca era símbolo da presença de Deus. Esforcemo-nos por conservar entre nós e conosco a Gloria do Senhor, O Espírito Santo, desejando – o com santidade e agradando-o constantemente, reverenciando-o mediante a obediência e submissão.

7. O fruto do Espírito Santo

“Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” Gl. 5. 22.ARC.

            Antes de finalizar nosso estudo, não poderíamos deixar de falar de um assunto extremamente relevante que são os frutos do Espírito, pois, estes tratam das operações mais sublimes que o Espírito Santo realiza na vida do verdadeiro crente. 

         Uma simples leitura destas graças cristãs deve ser suficiente para fazer o coração bater mais forte, porque este é um retrato do Senhor Jesus Cristo. Nenhum homem ou mulher até hoje apresentou estas qualidades com tal equilíbrio ou perfeição como o homem Jesus Cristo. Assim, este é o tipo de pessoa que todo cristão gostaria de ser. Já foram feitas diversas tentativas de classificar as nove qualidades que Paulo lista. Nenhuma classificação é completamente satisfatória, no entanto, existe o perigo de impor uma que seja artificial. Talvez a mais simples seja aquela que as vê como uma tríade, que retratam nosso relacionamento primeiro com Deus, depois com outras pessoas e, por último, conosco mesmos.

Vem nosso relacionamento com Deus, “Amor, alegria, Paz”. O Espírito Santo coloca o amor de Deus em nosso coração, a alegria dele em nossa alma e a paz divina em nossa mente. Amor, alegria, paz permeiam um cristão cheio do Espírito. Na verdade, podemos dizer que estas são suas características principais e permanentes. Tudo o que ele faz é concebido com amor, iniciado com alegria e executado com paz.

Vem nosso relacionamento com as outras pessoas, “Paciência, ternura, bondade” (BLH). Temos aqui a paciência que suporta grosseria e insensibilidade dos outros e se recusa a se vingar, a gentileza que vai além da tolerância negativa de não desejar o mal para ninguém, passando a benevolência de desejar o bem a todos, e a bondade que transforma o desejo em atos, e toma a iniciativa de servir as pessoas de maneira concreta e construtiva. Não é difícil ver, paciência, ternura e bondade como três degraus ascendentes em nossa atitude para com os outros.

Nosso relacionamento conosco mesmo; “Fidelidade, mansidão, domínio próprio”. A palavra fidelidade é a mesma que é geralmente traduzida por fé (pistis). Aqui parece não significar a fé que confia em Cristo ou em outras pessoas, mas a confiabilidade, que convida outras pessoas a confiarem em nós. É a fidelidade provada, a dignidade sólida de alguém que sempre cumpre suas promessas e termina o que começa. Mansidão não e uma qualidade de pessoas meigas e fracas, mas de pessoas fortes e dinâmicas, que mantêm sua força e energia sob controle. Domínio próprio é o senhorio sobre a língua, os pensamentos, os apetites e as paixões.
Este, então, é o retrato de Cristo, e da mesma forma, pelo menos em termos ideais do cristão equilibrado, parecido com Cristo, cheio do Espírito. Não temos liberdade para escolher algumas destas qualidades, porque é conjunto, como um cacho de uvas ou um feixe de trigo, que elas nos fazem semelhantes a Cristo. Cultivar algumas, e não outras colocam-nos em desequilíbrio. O Espírito dá  diferentes dons a diferentes cristãos, mas ele atua no sentido de produzir o mesmo fruto em todos. Ele não se satisfaz se demonstramos amor aos outros, mas não controlamos a nós mesmos, ou temos alegria e paz em nós, mas não somos gentis para com os outros, ou se temos paciência negativa, sem bondade positiva, ou se apresentamos humildade e flexibilidade, sem a firmeza da confiabilidade cristã. O cristão desequilibrado é carnal, todavia, existe uma perfeição, uma compleição, uma plenitude de caráter cristão que somente cristãos cheios do Espírito têm. Porém, como é possível desenvolver estas qualidades? Esta é a pergunta que queremos fazer ao apóstolo. Sua resposta surge do fato de que as nove qualidades são reunidas na expressão única “o fruto do Espírito”.

O fruto do Espírito é de origem sobrenatural. Isto é evidente, porque as qualidades alistadas são o fruto do Espírito. O próprio Espírito Santo é responsabilizado por sua produção. Eles são a colheita do que ele planta na vida das pessoas que ele preenche. Também no contexto isto fica evidente, pois, o fruto do Espírito é contrastado intencionalmente com as obras da carne. A carne, na linguagem de Paulo, geralmente não se refere à substância que cobre o nosso esqueleto, mas representa nós mesmos, todo nosso ser, aquilo que somos por natureza, decaídos, pecaminosos e egoístas. O Espírito, por sua vez, não é uma parte de nós, o nosso espírito, mas o Espírito Santo de Deus, do próprio Deus que mora nos crentes e está empenhado em transformá-las na imagem de Cristo. À luz desta distinção entre carne e Espírito podemos dizer que as obras da carne são atos que praticamos naturalmente, quando limitamos aos nossos recursos, e o fruto do Espírito consiste de qualidades que o Espírito faz surgir em nós de maneira sobrenatural, porque elas estão além da nossa capacidade natural, quando colaboramos com ele. Desta forma endentemos que os frutos do Espírito produzirá na vida do crente, um crescimento natural, maturidade gradual, como Jesus o diz em uma de suas parábolas sobre o trigo: Primeiro a erva, depois a espiga, e por fim, o grão cheio na espiga (Mc. 4. 28).

Para concluir, vamos observar algumas lições importantes: Primeiro, já que a semelhança a Cristo é de origem sobrenatural, precisamos ter humildade e fé, para reconhecer que nós não podemos produzir esta colheita por nós mesmos, e fé para crer que Deus pode fazê-la amadurecer em nós como fruto do Espírito.
Segundo, já que a semelhança a Cristo tem crescimento natural, desde que disponha das condições adequadas, precisamos ter disciplina para garantir que as condições estarão disponíveis. Só se pode colher o que foi semeado. Precisamos semear com dedicação, o que significa cultivar hábitos disciplinados tanto na área do pensamento (concentrando nossa mente no que é bom), quanto na área da vivência, ou seja, na meditação diária na Palavra de Deus e na oração. 
Terceiro, Já que ser semelhante a Cristo vem de um amadurecimento gradual, precisamos ter paciência para esperar. Podemos até chamá-la de paciência impaciente, porque por paciência não como resignação. Todo jardineiro, todo agricultor, cada pessoa que vive em contato com o solo sabe que é preciso ter paciência. Não há sentido em querer mudar a ordem das estações ou as leis de crescimento que Deus estabeleceu. Como Tiago escreveu em um contexto diferente, “Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas” Tg. 5.7.

Considerações finais

         A importância deste tema não se esgota nestas poucas paginas é preciso explorar muitas outras reflexões ligadas a doutrina do Espírito Santo. Nesta apostila, porém, observamos que o Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, que Ele é Deus, ressaltamos sua personalidade como pessoa, que tem inteligência, emoções e vontade, estudamos sua atividade sobre a vida de muitos servos de Deus no Antigo Testamento, enfatizamos sua ação no Novo Testamento tanto na vida de João Batista como na vida e ministério do Senhor Jesus, notamos como Ele é dado em abundância para o crente a partir do pentecostes. Destacamos sua ação em conceder aos crentes dons espirituais, ministeriais e auxiliares, aprendemos o que é o pecado contra o Espírito Santo e o que é entristecer ao Espírito Santo, realçamos sua obra na produção de frutos que nos fazem a semelhança de Cristo, operando em nosso caráter. Portanto, devemos nos lembrar de sempre que o Espírito Santo se preocupa tanto com a igreja quanto com os cristãos individuais. Por isso devemos nos alegrar com sua graça dada a todos, que nos torna um, e com seus dons distribuídos a todos, que nos tornam diferentes. Tanto a unidade quanto a diversidade da igreja são da sua vontade. Que Deus nos abençoe e que possamos compreender que nesta batalha não estamos sozinhos, pois, foi o próprio Jesus quem disse: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” Jo. 14. 16. ARC. Amém.

ESTA APOSTILA FOI ELABORADA POR EV. MARCOS MORAES DE PAULA

BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA. João Ferreira de. Bíblia Sagrada. Ed. Revista e Corrigida – São Paulo. SBB 1994.

Consolador, Mestre e Guia. ICI – Campinas – 1985.

OLIVEIRA. Raimundo de. As grandes doutrinas da Bíblia. São Paulo Ed. CPAD 1999.

SOUZA. Estevam Ângelo de. Nos domínios do Espírito Santo. São Paulo. Ed. CPAD 1998.

SILVA. Severino Pedro. A Existência e a Pessoa do Espírito Santo. São Paulo. Ed. CPAD – 1996.

STOTT. John. Batismo e Plenitude do Espírito Santo. O mover sobrenatural de Deus. São Paulo. Ed. Vida Nova 2004.

Teologia Pentecostal. São Paulo - Ed. CPAD 2008.


A DEUS SEJA TODA GLORIA


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