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Qual a tradição messiânica adotada por Jesus?


 

UMESP-Universidade Metodista de São Paulo. Curso Teologia.

Marcos Moraes de Paula

                                                            

Exegese e Teologia do Antigo Testamento

 

 

Qual a tradição messiânica adotada por Jesus?

 

Para compreendermos a tradição messiânica adotada por Jesus é importante observar que toda tradição sobre o messianismo teve seu desenvolvimento ao longo da história da própria nação de Israel. Acredito que o contexto histórico no qual surgiu a tradição tinha um aspecto político no que se refere à situação da nação, principalmente após o exílio babilônico. É interessante notar que havia duas linhas de pensamento entre o povo, havia aqueles que esperavam por um messias guerreiro que alargaria o território israelense e dominaria por meio da força e os povos lhe seriam submissos, esta linha havia sido desenvolvida em Jerusalém. O salmo de numero dois expressa bem este pensamento. Esta tradição chegou até os dias de Jesus, uma prova disso foi a pergunta feita ao Senhor Jesus, que os próprios discípulos fizeram quando estavam no monte das oliveiras, Atos 1.6 “... Senhor restaurarás tu neste tempo o reino a Israel” ARC.

Analisando bem esta pergunta nos dá a entender que até aquele momento os discípulos não haviam compreendido completamente a missão do Senhor Jesus, o qual só foi possível após o batismo com o Espírito Santo. Tudo indica que até aquele momento a ideia que tinham sobre o messias era de um libertador político. Segundo o prof. Tércio Machado Siqueira ele nos informa que esta tradição do messias guerreiro tinha suas raízes em Jerusalém como já mencionamos acima, onde as influências políticas e econômicas e religiosas eram mais intensas, além disso, os reis descendentes de Davi contribuíram para a mudança do conceito de messias, pois até então as expectativas era de um messias tribal que viesse para comandar e defender o povo, igualmente como nos tempos dos juízes. Por outro lado, havia a tradição fora de Jerusalém quanto a um messias- pastor- pacifico-justo-bondoso- sofredor leal a Javé.

O profeta Isaias criticou o messianismo desenvolvido em Jerusalém. Isaias em sua profecia a este respeito deu um perfil bem diferente daquele descrito no salmo de numero dois, ele descreveu o messias como: o Emanuel, (conosco esta Deus), Conselheiro Maravilhoso, Deus forte, Pai eterno e Príncipe da paz, também destacou a plenitude do Espírito Santo na vida do messias, não aquela unção com óleo que os reis recebiam que apenas fazia parte de um ritual sem transformação e atitudes condizentes de um rei que confia em Deus, porque a maioria dos reis que governaram o povo não demonstraram perfeita confiança em Javé. Outro profeta que seguiu a mesma linha de Isaias foi o profeta Miquéias, definindo o messias como aquele que governa com sabedoria, com o propósito de apascentar e trazer paz. Jeremias já o caracterizou como o germe justo (JEOVAH – TSIDEKENU, Javé nossa Justiça), o rei messias que exercerá a função real defendendo o pobre. Com todos estes argumentos fica claro a posição e o pensamento existente entre o povo de Israel, destas duas linhas de pensamentos sobre o messianismo nos tempos bíblico.

Entendemos que o Senhor Jesus adotou a tradição do messias rei, menino, pobre, pastor, promotor da justiça e da paz pelos seguintes fatos:

O Evangelho segundo São Mateus é um relato importante dentro do conceito do messias - rei - pastor, pois Mateus como diz alguns estudiosos escreveu seu livro direcionado aos judeus, alguns definem o tema central deste livro como, O Rei Messias, pelo fato de Mateus usar varias vezes a expressão: “para que se cumprisse...”, é claro a evidência que era preciso provar nas Escrituras que Jesus era o esperado messias, porque só assim seria aceito pelos judeus.

O nascimento humilde de Jesus o alto padrão de caráter pregado em seus sermões o nascimento virginal, a fuga para o Egito, sua entrada triunfal em Jerusalém são evidências claras do cumprimento das profecias do messias humilde pobre, sem formosura, confirmando ainda mais a tradição existente fora de Jerusalém. Além do mais os outros evangelhos como o evangelho segundo São João, onde o próprio Jesus se autodenomina o bom pastor reforça a tradição aceita por Ele, em Lucas no caminho de Emaús onde começando por Moisés discorrendo por todos os profetas expunha-lhes as Escrituras, em Mat.16.21- 23 Jesus prediz seu sofrimento e o quanto iria padecer nas mãos dos pecadores, confirmando o pensamento da tradição messias pastor, o acontecimento com a mulher pega no ato de adultério como o Senhor tratou com justiça e misericórdia, sem contar que no sermão do monte Ele dizia: “... amai a vossos inimigos..”, outro item importante era sua obediência ao Pai em tudo o que fazia, sua própria vida de oração revelando sua confiança e dependência do Pai, quando tentaram induzi-lo contra o império romano dizendo: é licito pagar tributo a Cesar, Ele não incitou rebelião ou guerra aos romanos mas com sabedoria disse: “ daí a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus,”  todos este indícios nos apontam claramente que Jesus  assumira e cumprira com todas as profecias, demonstrando uma perfeita concordância com a existente tradição do messias pastor-sofredor.

 O problema foi que a concepção que os judeus tinham do Messias naquele momento e também estando em Jerusalém, onde a tradição messias guerreiro era mais intensa eles imaginaram que, Jesus estabeleceria um grande reino temporal. Jesus não correspondeu a esses ideais porque proclamou a vinda de um reino espiritual. Quando analisamos toda a trajetória do Senhor Jesus sua vida seus discursos, nos dá a entender que Ele realmente viveu nesta sua primeira manifestação como o messias-pobre-sofredor, que veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. Em nenhum momento vemos um Jesus incitar guerra rebelião confusão em consonância com a tradição messias- rei –guerreiro que comanda a base da força ou guerra, parece até um paradoxo ele foi trocado por um homem rebelde chamado Barrabás, enfim por todos estes fatos, cremos que o Senhor Jesus adotou a tradição messias-rei-pastor.       

   

 

  

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