Definição de Ser (Metafísica)
Texto em análise: A ideia de ser, tem-se dito, é a mais alta abstração a que o homem pode chegar depois que os seres singulares foram privados de tudo aquilo que os distingue e faz deles seres determinados.
O texto apresentado traz uma reflexão ontológica que explora a ideia do “ser” como a mais elevada abstração alcançada pelo pensamento humano. Ele sugere que, ao despojar os seres singulares de suas características particulares — isto é, aquilo que os distingue e os torna determinados —, restaria apenas a noção universal de "ser". Essa abordagem se alinha à tradição filosófica que busca compreender a essência do "ser" enquanto fundamento último da realidade.
Sob a perspectiva teológica e filosófica, essa reflexão pode ser enriquecida ao considerar que a ideia de “ser” remete não apenas a uma abstração conceitual, mas também àquilo que transcende a experiência sensível. Na ontologia clássica, como em Aristóteles, o "ser" é ligado às categorias e substâncias; já em Heidegger, ele aponta para o sentido do "ser" como existência em relação ao tempo e ao mundo. Em um contexto teológico, especialmente em uma visão cristã, o “ser” pode ser associado à ideia de Deus como Aquele que é, conforme a autodeclaração divina em Êxodo 3:14: "Eu sou o que sou".
Dessa forma, a abstração do "ser" como ponto mais elevado da reflexão humana é não apenas um processo filosófico, mas também um convite para meditar sobre a relação entre o ser humano e o Ser transcendente. Isso sugere que, mesmo ao esvaziar as particularidades dos entes, permanece um eco da existência fundamental que aponta para um fundamento último e absoluto.
Texto em análise: Admitindo que os seres singulares são espécies de seres, alguns autores afirmam que o ser em geral é um gênero supremo. Outros, porém, contestando tal parecer, sustentam que o ser não é um gênero, mas uma noção que, transcendendo ou superando todas as categorias do ser, aplica-se a tudo o que existe ou existe de qualquer modo.
O texto revisita uma discussão clássica na metafísica sobre a natureza do "ser" e sua relação com as categorias ontológicas. A primeira posição mencionada no texto considera o "ser", em geral, como um gênero supremo, ou seja, uma categoria universal à qual todas as espécies e entes pertencem. Essa visão implica que o "ser" estaria no ápice de uma hierarquia lógica e conceitual, servindo como base para classificar tudo o que existe.
Por outro lado, a posição contestatória argumenta que o "ser" não pode ser reduzido a um gênero, uma vez que ele transcende todas as categorias possíveis. Nessa perspectiva, o "ser" não é algo que possa ser classificado em termos lógicos ou conceituais como os outros gêneros e espécies, mas sim uma noção mais fundamental e abrangente, que permeia tudo o que existe sem ser limitado por qualquer definição específica. Essa concepção é frequentemente associada à filosofia de Aristóteles e, posteriormente, à escolástica medieval, que reconhece o "ser" como transcendental, isto é, aplicável a tudo o que existe, mas não como uma categoria comparável às demais.
A diferença entre essas duas perspectivas reflete uma tensão entre a tentativa de sistematizar o "ser" num esquema lógico e a compreensão de que ele é, na verdade, a base de toda a realidade, superando qualquer classificação. Essa última visão, mais ampla, encontra ressonância em filósofos como Tomás de Aquino, que reconhecem o "ser" como um princípio fundamental, aplicável a todos os entes, mas de maneira diferenciada, conforme sua essência ou modo de existir.
Essa análise revela como o debate em torno do "ser" está no cerne da metafísica e influência tanto a filosofia quanto a teologia, apontando para a necessidade de reconhecer os limites da linguagem e da categorização diante da profundidade dessa noção.
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