1. 4 Empecilhos ao Avivamento
Se tem algo em que a cristandade está
claramente ciente é da guerra espiritual que todos os cristãos enfrentam (cf.
Ef. 6. 10 -20). Nosso proposito neste tópico não é tratar exatamente deste
conflito, mas apontar para alguns elementos que nesta batalha que também são
empecilhos tanto na nossa consagração ao Senhor como também na busca de um
glorioso avivamento espiritual na contemporaneidade. D. Martyn Llyod Jones,
(1992), p. 12 declara: “A Igreja é constituída de tal forma que cada membro é
importante, e sua importância é vital. Por isso também chamo sua atenção para
este assunto, em parte porque sinto que há uma curiosa tendência, hoje em dia
(1952), de membros da Igreja Cristã sentirem e pensarem que podem, por si, fazer muito pouco, e assim tendem a depender de outros para fazerem
tudo por eles. Isto, naturalmente, é característico da vida moderna...
houve uma época em que as pessoas providenciavam seu próprio entretenimento,
porém hoje dependem do rádio e da televisão para se distraírem. E receio que esta
tendência está se manifestando até mesmo na Igreja Cristã. Dia a dia é mais evidente
que a grande maioria está simplesmente cruzando os braços e esperando que uma
ou duas pessoas façam tudo que é necessário. Ora, obviamente, isso é uma negação
completa de tudo que o Novo Testamento apresenta a respeito da doutrina da
Igreja como o Corpo de Cristo, em que cada membro tem responsabilidades, tem uma
função, e é de importância vital”.
Apesar
dessa análise de D. Jones ter sido feita na década de 50 no milênio passado,
chamamos a sua atenção para alguns fatos que ainda ocorrem atualmente
pleno XXI. Muitos cristãos acham que o avivamento irá acontecer se o pastor ou
os obreiros da casa do Senhor orarem mais fazerem mais na obra de Deus, porém
avivamento como já dissemos pode ter início com um grupo de crentes ou até
mesmo com um crente desejoso que o busque de coração por um avivamento. Na era da
modernidade as pessoas se encantaram com o rádio, depois, TV, entre outras coisas
e o foco de muitos crentes também mudou. Na chamada atualmente era da
pós-modernidade, muitos crentes também tem se encantado com a internet, e as
redes sociais, etc., se esquecendo que a obra de Deus ainda é: “… ide por
todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc. 16.15). Outro tanto
de crentes, se lamentam dizendo: eu não sou nada, sou pequeno, etc., isto só
porque talvez não fazem parte do corpo de obreiros de uma igreja e acabam por
se isentar de suas obrigações no reino de Deus. Deixam de se envolver com as
coisas do céu e passam a ficar com a cabeça nas coisas da terra. Estes
necessitam abraçar o conselho de Paulo aos Colossenses: “Portanto, se já
ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está
assentado. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que estão na terra...”
(Col. 3. 1 -2) ARC.
Quando falamos em
empecilhos para o avivamento queremos destacar alguns já conhecidos no contexto
da batalha espiritual, mas que também são impedimentos para o avivamento
espiritual tanto individual quanto coletivo, são eles: incredulidade, impureza
doutrinária, ortodoxia defeituosa, ortodoxia morta e a inércia espiritual. Não
temos espaço aqui para tratar de todos esses empecilhos, mas, vamos destacar
dois desses empecilhos são eles: a incredulidade e a inércia espiritual.
Incredulidade,
segundo Douglas, (1995), p.744, é expressa por meio de dois vocábulos gregos no
Novo Testamento, apistia e apeitheia. A palavra apeitheia denota
invariavelmente a desobediência, a rebelião e a contumácia. Assim sendo, Paulo
ensina que os gentios alcançaram misericórdia devido à rebelião dos judeus
(Rm. 11.30). Essa desobediência se origina da apistia, falta de fé e
confiança. A apistia é um estado de mente, enquanto a apeitheia
é a sua expressão. É impressionante, o estado de falta de fé e confiança que
a igreja do século XXI tem vivido em relação a um avivamento espiritual, os
comentários que ouvimos hoje é: está difícil, o povo não quer saber de nada, a
igreja esfriou, os obreiros são isso e aquilo, o pastor é assim o ministério é
assim, etc., quando não a tônica é a teologia da prosperidade com o lema “pare
de sofrer”. Não se vê uma perspectiva de
renovação, uma buscar de poder, estamos frequentemente tratando somente de temas
relacionados ao sofrimento ou algum tema moral e isto tem se alastrado pelas
igrejas.
Alguns
desses temas são reais e importantes? Sim, são, porém diante da situação de um
esfriamento espiritual do qual estamos passando, precisamos começar a enfatizar
mais o poder renovador de Deus através do Espírito Santo, o poder do
reavivamento que o Senhor pode realizar na vida dos crentes e na igreja, como já
ocorreram em épocas distintas na história da igreja. A grande questão é que
muitos já não creem (incredulidade) num possível avivamento espiritual para a
igreja atualmente. Jones (1992), p. 37 argumenta: “o encobrimento e a negligência
de certas verdades, e de certos aspectos da verdade cristã, sempre tem sido a
principal característica de cada período de decadência na longa história da
igreja cristã”. Estamos vivenciando um momento desses, falamos de santidade,
obediência, milagres, prosperidade, porém negligenciamos em deixar falar de
incentivar o povo e a nós mesmos, de buscar o poder renovador, restaurador de
Deus que continua disponível ao seu povo. Falamos de céu, porém não falamos
que Deus que nos prometeu o céu é poderoso e pode derramar um poder renovador
tal que milhares de almas sejam alcançadas e se converterem ao Senhor.
Muitos
já desistiram de buscar uma renovação espiritual, ainda querem defender sua
letargia dizendo: “é a Bíblia diz que nos últimos dias o amor de muitos
esfriaria”, isto está escrito na Bíblia? Sim, está, contudo, quem nos garante
que verdadeiramente somos nós a geração dos últimos dias, quantas vezes na
história da igreja uma geração se sentiu como sendo a derradeira, mas, não foi?
Precisamos, verdadeiramente, ter à disposição para batalhar pela fé que uma vez
foi dada aos santos. E mesmos que sejamos esta geração do tempo dos fins, Deus
é poderoso para nos presentear com o que poderá ser chamado de o Pentecostes
dos últimos dias da igreja de Cristo na terra, você crê nisto?
A inércia tem sido
outro fator de impedimento a um avivamento espiritual. Infelizmente, milhares
de crentes não tem conseguido reagir, estão parados apáticos apenas assistindo à história da vida passar diante de seus olhos. A inércia espiritual se dá a
partir do momento que deixamos de crer e confiar nas promessas de Deus e
abandonar o propósito de Deus para com a igreja na terra revelada em sua
palavra, sendo a evangelização dos povos e crer que Deus está no controle. Não
obstante, o objetivo de um avivamento é despertar a igreja para sua missão na
terra, anunciar a salvação do homem por meio de Cristo. O primeiro resultado da
inércia espiritual é o abandono total ou quase total da vida de oração e de
testemunhar aos não crentes. É fácil perceber o esfriamento espiritual, pois, o
primeiro sintoma que ocorre na vida da igreja é a baixa ou quase total adesão a
oração.
Jones,
(1992), p. 95 aborda da seguinte forma a questão da inércia na vida de oração
de muitos crentes: “temos muitas pessoas nas nossas igrejas, que frequentam com
regularidade exemplar, especialmente se temos grandes concentrações (festas),
porém que simplesmente nunca compareceram às reuniões semanais de oração”. Ele
ainda destaca um motivo: “Se tivéssemos um verdadeiro fardo (amor) pelas almas,
estariam ali orando regularmente, na prosaica reunião de oração. Esse é o
teste. O homem que realmente tem um fardo pelas almas é um homem que se sente
pressionado por esse fardo, e o fardo o pressiona a cair de joelhos e buscar a
presença de Deus. Sua atividade suprema é a oração. Ele faz outras coisas, é
claro, porém, a coisa principal e vital para ele é a oração”. Por conseguinte,
se quisermos vivenciar um avivamento espiritual, para que milhares venham ao
conhecimento da verdade e sejam salvos (cf. Tm. 2. 4), precisamos nos voltar a
oração constante, incessante, pois só assim o verdadeiro avivamento ocorrerá.
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